sexta-feira, 30 de novembro de 2007

ILUSTRAÇÃO

Caricatura do escritor Paulo Gurgel (no restaurante Estoril?), feita pelo colega Ricardo Augusto, que figurou como uma das ilustrações do livro ENCONTRAM-SE.

CONTRACAPA

Escrita pelo compositor Jorge Mello, irmão de Emanuel (um dos autores do livro), para a contracapa de ENCONTRAM-SE.

ENCONTRAM-SE

Antologia de prosa e poesia publicada pelo Centro Médico Cearense em 1983. In memoriam Alarico Leite.
Autores: Beto Bezerra, Dalgimar Meneses, Emanuel Carvalho (Coordenação e Projeto Gráfico), Francisco Nóbrega, Francisco Sampaio, Heitor Catunda, Jackson Sampaio, Lucíola Rabello, Paulo Gurgel (Coordenação e Revisão), Ricardo Augusto, Rose Mary Silveira, Sérgio Macedo, Wilson Medeiros, Winston Graça.
Apresentação: Juarez Carvalho e Jorge Mello (contracapa).
Desenhos: Ricardo Augusto.
Arte Final e Capa: Rosemberg Cariry.
Gráfica IOCE.
Livro com 214 páginas.

24/11/2013 - Atualizando...
OS FEITOS DE RICARDO AUGUSTO NA NET
Convidado pela direção do Hospital Geral Dr. César Cals (HGCC) para homenagear o  Dr. Ricardo Augusto da Rocha Pinto, como fundador do Serviço de Endoscopia Digestiva do HGCC, o Prof. Dr. Dalgimar Beserra de Menezes fez uma palestra no HGCC, em 29 de julho de 2011, da qual constou esta passagem:
"Ricardo Augusto, por suas múltiplas atividades e produções frequenta numerosas páginas da net. Começando onde todos nós - médicos - estamos, o site do Conselho Federal de Medicina  (http://portal.cfm.org.br/index.php?) CREMEC 2635. Na rede social, numerosas vezes (facebook etc) frequenta o blog do Paulo Gurgel, de onde saquei a foto que inicia esta sequência de diapositivos."
(extraído da pág. 55 do livro "Qvintvs", de Dalgimar Beserra de Menezes. Fortaleza: Expressão Gráfica, 2013. Il)

domingo, 25 de novembro de 2007

PROFÉTICA

A São João

O Representante Plenipotenciário da Terra
-----erra na bola 7.
Então, Deus, com aquela expressão de milênios
-----mal dormidos, puxa um pigarro casual,
-----movimenta o taco certeiramente e manda
-----a Terra para a caçapa.
Segue-se um minuto de silêncio
-----tão comovente que reverbera
-----uma Eternidade.

DESCUBRAM SEUS ROSTOS

Que anjos são esses
Que me protegem - com dedais - das agulhadas
Mas que não trazem seus escudos
Quando me ameaçam as lanças?

Que anjos são esses
Que unguentam as minhas feridas cicatrizadas
Mas que não arrancam
As rugas daninhas do meu rosto?

Que anjos são esses
Que espantam de mim os mosquitos do verão
Mas que não se importam
Quando me rondam os abutres?

Que anjos são esses
Que me agasalham ao primeiro sereno
Mas que me largam
Ao relento durante a borrasca?

Que anjos são esses
Que me nutrem da celestial ambrósia
Mas que não diligenciam
Quando mastigo cogumelos venenosos?

ATÉ O ÚLTIMO PEDAÇO

Quando me sentir
Com as lágrimas congeladas na origem,
-----o frio por dentro,
De plástico, enfim
(Cor e forma não importam).
Qual um novo brinquedo da Estrela
Quero a sorte, quero as mãos
De uma criança que brinque comigo
-----até o último pedaço.

ORIENTAL

Somos seres
Fustigando camelos
Na senda dos prazeres.

Somos seres
Afiando cimitarras
Na fenda dos prazeres.

Somos seres
Emparedando haxixe
Na tenda dos prazeres.

Somos seres
Desempoeirando lâmpadas
Na lenda dos prazeres.

VESPERAL

Quando a tarde finda as janelas ficam
-----muito mais estratégicas.
Permitem que eu tenha olhos de ver
-----aflitos enxames nas calçadas.
(Folga o colarinho, João!)
Acompanho a cena do suarento sorveteiro. Ele,
-----o responsável pelo frio que corre
-----na espinha dorsal da tarde.
Disfarce que não me engana o do crepúsculo:
Estou preparado dos miolos aos testículos
-----para ser um guerrilheiro noturnal!
E a lua de marfim - minha bandeira
-----já está sendo hasteada.
(Meu Deus!... Quem agora combate o dragão
-----é John Wayne!)

sábado, 24 de novembro de 2007

A VAGA

O espírito clarividente me anunciou o porvir:
Continuando por esta rua, só pare quando ouvir
-----uma sonata de Ludwig van Beeethoven.
(O invisível pianista é hábil, mas há uma tecla
-----de lá bemol desafinada.)
Será a referência para dobrar na primeira
-----esquina à direita.
Prossiga, indiferente a uma velhinha
-----que tenta atravessar a rua.
Longe, verá um edifício inacabado,
-----aparentemente abandonado.
Perto, verá que tem uma placa:
Há vaga de anti-herói. Aceite o emprego.

AUTO DO COMPADECIDO

Houve um dia
No ano de mil e novecentos e setenta e nove
Que eu pensei na sorte(?) do mundo,
Dos seus andejos habitantes.
Numa praça das mais cosmopolitas
Fui apregoar:
Para cada angústia uma paz espiritual,
Para cada dor um lenitivo eficaz,
Para cada desalento uma palavra amiga.
Nem bem nem mal, apenas ia
Quando uma voz, a minha voz interior
Cresceu alguns decibéis. Lembrou-me:
- A Madre Teresa de Calcutá, sabe? É quem ganha
O Prêmio Nobel da Paz.
Desci do púlpito. Esfreguei as mãos.
As minhas mãos: uma sabia da outra.

DESFAZENDA

José,
O sol causticou todo o capinzal
Mas tu não esmoreceste.
Com aquele olho, olho de dono
Meio criador, meio rezador
Fitaste os teus bois:
Um a um definhando ao sopro quente da caatinga!
E enrijaste os punhos para a peleja,
Para a luta desigual contra as forças da Natureza.
Até que houve
O aniquilamento, o soçobro,
O fechar final da porteira de um curral vazio.
José,
Ainda tens aquele grito de revolta
-----para o último ato da seca?

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

QUINTAL DE INFÂNCIA

Na sala
O coração de Jesus, a visita chata, o Thesouro
-----da Juventude.

Na cozinha
O café fumegante, o pão com manteiga,
-----o grude.

No quarto
A rede enxadrezada, o grilo seresteiro,
-----a assombração.

No quintal
A roupa no varal, a goiabeira e toda
-----a imaginação.

INTERIORES

O verde-tristeza eu quero na sala.
O azul-solidão eu prefiro no quarto.
O branco-saudade combina melhor
Com a entrada da casa e comigo de fato.
Eu vou escolhendo, sabendo que as cores
Não ficam somente nos interiores.
E quando a certeza algum dia eu tiver
Que o sonho acabou madrugada qualquer:
Não quero que venham velar minha dor,
Outra vez apenas avisem o pintor.

Musicado pelo autor.

MINIBIOGRAFIA

PAULO GURGEL CARLOS DA SILVA - O autor em tela, pinta-se, aproveitou o dia 6 de junho (data considerada boa para D-day desde que os aliados desambarcaram na Normandia) para invadir o nosso mundo. Menos aguerrido, como convinha a um intelectual do após-guerra, aguardou o ano de 48 para sujar berço em Fortaleza, a ensolarada - numa espécie de desforra aos 9 meses em que residiu num quitinete escuro, úmido e apertado.
Mal nascera, ainda estava etiquetado ao pescoço, quando aconteceu de ser visitado por três importantes senhores, vindos de muito longe para admirá-lo: um vendedor de fraldas alérgicas, outro, de cueiros semi-novos, e um terceiro que tirou proveito da situação para cobrar contas atrasadas de seu pai.
Foi então levado a uma cerimônia com muito latinório, na qual estreando o nome Paulo vacinou-se contra o Limbo.
Além dos purgantes, recorda-se também das doses alopáticas de antiespasmódicos que lhe eram servidas quando choramingava. O tratamento da época para a angústia existencial na infância.
Garoto-prodígio, no insuspeito julgamento materno, aos 12 anos foi visto, na Igreja de Nossa Senhora das Dores, deixando basbaques os franciscanos frades com a sua citação, ipsis verbis, das 11 pragas do Egito. Sabia uma a mais do que Moisés, o Praguento.
Amantes dos livros, dois deles lhe marcariam profundamente a juventude: Os Lusíadas, de Homero, e Ilíada, de Camões. Abriram-lhe tanto a visão que, a seguir, fez um exame de vista sem que o oculista lhe dilatasse as pupilas.
À família, que começou no pentavô do pentavô do pentavô, uma ameba lá no Mar do Norte, tudo deve. Inclusive o seu nobiliárquico título de plebeian by birth. Ao anjo torto, que nunca lhe apareceu com palpites do tipo "vai, Paulo, vai ser isto e aquilo na vida", a isenção de qualquer responsabilidade.
Assim, foi somente ele, o biografado, quem deliberou: ser poeta e médico... para pensar (n)as mazelas do mundo.
Tem reflexôes: poesia não enche barriga, se enche é mais embaixo. Mas, ambivalente, ele prossegue assinando trabalhos literários pela imprensa local, enquanto sonha com o dia em que será aceito como colaborador do Ceará Agrícola.
E acha que dois fatos ainda podem acontecer em sua vida: publicar um livro que tenha uma torcida maior do que a do Calouros do Ar; e, metido num fardão, tomar o chá com torradas da Academia de Letras de Fernando de Noronha.

ILUSTRAÇÃO


Ilustração feita por Emanuel Melo para o capítulo do livro VERDEVERSOS em que estão os poemas de Paulo Gurgel.

APRESENTAÇÃO

O CENTRO MÉDICO mais do que nunca está feliz por poder apresentar o livro VERDEVERSOS, fruto do trabalho poético de colegas médicos que, no trato diário com os pacientes, hoje são reconhecidos e respeitados e nas coisas da arte alguns já estão em vôo, como o nosso Caetano, Jackson e Airton (poesia), Emanuel e Winston (pintura), Paulo Gurgel e Emanuel (música), e outros que decolam pela primeira vez já com asas de Fênix. O Centro Médico espera que este livro seja o primeiro de muitos projetos difíceis levados a termo, pois é importante a nossa postura voltada para o engrandecimento humano do médico, facilitando aos colegas que possam desenvolvê-la, estimulados pelo reconhecimento do valor, recebidos e consumidos normalmente pela classe e pela sociedade. Queremos registrar o empenho do colega Emanuel que idealizou o projeto e a ele esteve ligado nas fases de concepção e produção, demonstrando versatilidade nos desenhos da capa e ilustrações, a quem formulamos especial agradecimento.

Dr. José de Aguiar Ramos
Presidente do Centro Médico Cearense

VERDEVERSOS

Antologia poética publicada em 1981 pelo Centro Médico Cearense.
Autores: Airton Monte, Alarico Leite, Caetano Ximenes, Emanuel Melo (editor), João Bosco Sobreira, José Jackson Sampaio, Maria Irene Nobre, Lucíola Rabello, Paulo Gurgel e Winston Graça.
Apresentação: Aguiar Ramos e Adriano Espínola (autor do ensaio "Poesia Presente").
Capa e ilustração: Emanuel Melo e Winston Graça.
Arte final: Rosemberg Cariry.
Gráfica IOCE.
Livro com 170 páginas.

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

O AUTOR

PAULO GURGEL CARLOS DA SILVA foi um dos fundadores da Seção Ceará da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores, havendo participado como vogal de sua primeira diretoria. Em 1985, sucedendo a Dr. Emanuel de Carvalho Melo, assumiu a presidência da Sobrames Ceará para gerir os destinos desta entidade até 1987. Em sua gestão editou o livro Nomes e Expressões Vulgares da Medicina no Ceará (1985, IOCE), de Eurípedes Chaves Junior, e organizou, ilustrou e editou Criações (1986, Gráfica do CMC), uma coletânea reunindo textos literários de nove médicos filiados da Sobrames Ceará. Em 1987, após passar a presidência desta sociedade para o colega Geraldo Bezerra da Silva, assumiu a sua vice-presidência. Em 1990, na gestão do colega Luís Gonzaga de Moura Júnior, retornou à situação de vogal da Sobrames Ceará. Em 1992, coordenou o Módulo Médicos Escritores do VIII Outubro Médico, promovido pelo Centro Médico Cearense. Recebeu premiações em concursos literários patrocinados pelo BNB Clube de Fortaleza e pela Associação Médica Brasileira. Prefaciou o livro Em Busca de Poesia, de Dalgimar Beserra, e teve comentários de apresentação inseridos nos livros A Cor do Fruto, de Fernando Novais e Nossos Momentos, de Wellington Alves. Sua obra literária figura nas antologias Verdeversos (1981), Encontram-se (1983), MultiContos (1983), Temos um Pouco (1984), A Nova Literatura Brasileira (1984), Escritores Brasileiros (1985), Poetas do Brasil (1985), Criações (1986), Sobre Todas as Coisas (1987), Letra de Médico (1989), Efeitos Colaterais (1990), Meditações (1991), AMB – 40 anos (1991), Outras Criações (1992), Esmera(L)das (1993), Prescrições (1994), Antologia até Agora (1996), Médicos Escritores & Escritores Médicos da FMUFC (1998) e Marcelo Gurgel: Verso e Anverso (2003).