quarta-feira, 29 de outubro de 2014

DORMINDO COM A MELANCIA

Quando muitos estudantes universitários em Guangdong, China, se preparavam para enfrentar um longo verão – sem ar condicionado – no campus, uma antiga tradição local foi reavivada: dormir com uma melancia. Tudo começou depois que uma postagem de um microblog, divulgando que dormir com um pedaço da fruta pode reduzir a temperatura corporal por 3 ℃, se tornou viral.
Como as universidades de Guangdong não oferecem ar condicionado nos dormitórios, isso fez com que muitos de seus alunos buscassem formas alternativas de resfriamento.
A. Tingzi , um estudante da Universidade de Tecnologia publicou que dormir segurando uma melancia foi um ótimo substituto para o ar condicionado. Enquanto isso, Zhang Xuefeng, um estudante da Universidade de Estudos Estrangeiros, postou uma foto de si mesmo abraçado a uma melancia.
Dormindo com uma melancia, Changjiang Daily
O Changjiang Daily fez sua própria "pesquisa". Um repórter do jornal agarrou-se a uma melancia de 4,6 kg por cerca de uma hora, e eis que a temperatura do seu corpo diminuiu de 36,2 para 33,6 ℃.
N. do E.
No Brasil, não existem ainda pesquisas que validem os resultados chineses. Desconfio que o pessoal aqui está mais interessado em se aquecer com a Mulher Melancia (durante o inverno).
Original: EM, 18/09/2014

RONCOS. RELATO DE UM "CAUSO"
Quem ronca durante o sono inicialmente não tem consciência de que vem produzindo esses incômodos ruídos. É claro: está dormindo quando eles acontecem. Até que pessoas incomodadas por seus roncos se encarregam de alertá-lo sobre a existência do problema.
Neste caso, que foi fotografado por Mike, na Espanha, o portador do distúrbio concordou em passar uma noite numa Clínica do Sono. E foi lá que descobriram a causa de seu problema.
Ver também...
AOS QUE RONCAM, aqui no Preblog.
Original: EM, 24/11/2011

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

TRABALHOS DE PESQUISAS COM TÍTULOS CURTOS

Se houver uma competição para escolher o trabalho de pesquisa que apresenta o título mais curto este é um forte candidato ao título:
"Q". por Leon Knopoff. Reviews of Geophysics, vol. 2, no. 4, 1964, pp. 625-660.
Começa assim:
"Se não fosse pela atenuação intrínseca do som no interior da Terra, a energia dos terremotos do passado ainda estaria hoje reverberando no interior da Terra. O caos resultante dessa perspectiva impressionante é uma especulação que está fora do escopo deste artigo. E nossa tarefa aqui é investigar onde, na terra sísmica, a energia é convertida em calor; e se esta conversão é realizada com igual eficiência em todo seu interior, ou se algumas partes do interior são mais capazes de realizá-la do que outras."
Concorre com ele:
"E", por Christopher J. Mulvey, Supplemento ai Rendiconti del Circolo Matematico di Palermo, 1986.
(Em verdade, o título desse trabalho não é a conjunção aditiva "e" em letra maiúscula. É o sinal que representa a conjunção latina "et", o qual é muito usado em nomes de empresas e que, por isso, é também conhecido como "e comercial". Ele é, dentre todos os caracteres, o mais parece um monograma. E, se até agora você não matou a charada, ele é o que divide a tecla com o número 7 em seu teclado QWERTY. Lamentavelmente, não posso escrevê-lo no blogue porque ele é automaticamente modificado para: "ele mesmo + abreviatura de ampersand + ponto-e-vírgula". Coisas do HTML.)
Em compensação, no Journal of Applied Behavior Analysis (JABA), há um interessante artigo de Dennis Upper, intitulado The Unsuccessful Self-Treatment of a Case of “Writer’s Block” (O Fracassado Auto-Tratamento de um Caso de “Bloqueio do Escritor”), que pode ser lido de uma assentada, visto que o artigo completo apresenta conteúdo vazio (alguém já disse mais com menos palavras?). Resume-se ao título.
Ele foi publicado – sem revisão – com este entusiasmado comentário do Revisor A:
Eu estudei cuidadosamente este manuscrito, com suco de limão e raios-X, não detectando um só defeito no projeto ou no estilo da apresentação. Sugiro ser publicado sem revisão.
Original: EM, 03/09/2014
LIVROS COM TÍTULOS CURTOS

Já na categoria livros com títulos curtos, há-os em maior número. Na literatura norte-americana, os exemplos de livros cujos títulos consistem de uma letra vão de A, de Andy Warhol a Z, de Vassilis Vassilikos. Passando por C, de Tom McCarthy, um dos romances finalistas deste ano no Booker Prize.

Algumas letras são mais requisitadas (C, H, K e S); enquanto outras nunca foram lembradas para títulos de livros. As letras inéditas, portanto, ainda estão disponíveis a quem queira publicar um livro utilizando-se do processo de nomeação ora descrito.
A favor do método está o fato de o título ficar mais memorizável. Compare-se, por exemplo, o V, de Thomas Pynchon, com o A Breve e Assombrosa Vida de Oscar Wao, por Junot Díaz.
É um processo que foi utilizado até mesmo por alguns superstars da literatura norte-americana como John Updike.

Confira-os aqui.
Embora a fonte indicada não explique por que Vassilis ignorou o "V".

Original: EM, 06/05/2011

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

LOUVOR AO ASSOVIO

Nos tempos de antanho, quando um garoto se punha a assoviar em casa logo aparecia um adulto para advertir:
- Não faz isso, menino. Chama cobra.
Não tinha o menor fundamento, claro. E o menino, surdo à advertência, prosseguia exercitando o futuroso bico. Até que um dia virava a adulto. E, quando menos se esperava, lá estava ele a mostrar a sua arte de assoviar em algum programa radiofônico.
Eram comuns as apresentações de pessoas assoviando canções naqueles programas de rádio. Havia inclusive quem gravasse discos apelando para o tal recurso. Como o cantor Sílvio Silva, "O Garoto Assobiador", que inseria solos de assovio nas canções que interpretava. E como o gaúcho Getúlio Rubens dos Santos, "Getúlio, o Assoviador", que, em 1978, gravou um LP inteiro com músicas assoviadas. O qual, em 1966, foi relançado como CD, segundo informa Marcelo Duarte em seu Blog do Curioso.
Outro assoviador famoso é o gaitista belga "Toots" Thielemans. O destacado gaitista, que já tocou com grandes nomes da música popular brasileira, é também um assoviador profissional. Tendo assoviado,  ao longo de sua carreira, diversos comerciais para a televisão européia. Num de seus sucessos musicais, "Bluesete", Thielemans usou gaita de boca e assovio - em uníssono - na gravação (original) que fez dessa música, em 1962.
De tanto falar em assovio, eu tinha que acabar me lembrando de uma canção. A "Canção De Não Cantar", de Sérgio Bittencourt, que foi gravada por Elis Regina. Não levou assovio, mas faz o devido louvor a ele.
"Guarda o meu violão
Já nos faltam canções
São muitas as razões que temos pra cantar
Mas, hoje, amor, melhor é não cantar
Enquanto houver em nós vontade de fugir
De um canto que na voz não vai saber mentir.
Meu canto, para ser um canto certo,
Vai ter que nascer liberto e morar no assovio
Do ocupado e do vadio
Do alegre e do mais triste.

Só há canto quando existe muito tempo e muito espaço
Pra canção ficar, se eu passo, e dizer o que eu não disse.
Ai, que bom se eu ouvisse o meu canto por aí.
Por isso, meu violão prefere emudecer
E vem pedir perdão por não poder cantar
Que, hoje, amor, melhor é não cantar."
P.S.
A ilustração acima foi a que se usou na divulgação do I Encontro de Assoviadores do Brasil, realizado em Volta Redonda - RJ, em data que não consegui precisar.
Original: EM, 11/04/2009
Trinados treinados
Um assovio trinado é coisa de passarinho, disse alguém. Um tema para se pensar que, em vida passada, esse "Getúlio, o Assoviador" tenha sido um.

quarta-feira, 8 de outubro de 2014

AS FORMIGAS DE MARIA

No Espírito Santo (Estado), sucessivas gerações de formigas cortadeiras que residem na casa de dona Maria Aparecida continuam dando o que falar.
São milhares de desenhos que lembram uma santa (Nossa Senhora das Lágrimas), com manto, coroa e terço, e que se acompanham de salmos, mensagens religiosas e outras exortações, que as formigas desenham e/ou escrevem nas folhas das árvores. (►)
E muitas histórias de graças alcançadas por quem frequenta ou chega àquela casa em momento de desespero. Como o caso da criança Gabriela, que sofria de convulsões e foi miraculosamente curada após ser levada ao "Lar das Formigas Bordadeiras".
Este assunto foi trazido à baila pela edição de 15/08/14 do Globo Repórter (vídeo). Mas, em verdade, elas fazem esses desenhos legendados desde a década de 1980.
Leiam, por exemplo, um trecho de um artigo da bióloga Eliane Evanovitch, escrito em 2007 (após a sua participação em um programa de debates na televisão local), e transcrito no Jornalísticamente Falando..., de Aurélio Moraes:
"Formigas apresentam mandíbulas cortadeiras e não fazem furos como mosquitos que atravessam as nossas peles. Parece que a fé de muitos dos presentes era de fato inabalável, como sempre repetia o apresentador, pois mesmo “PAZ” escrito com “S” não convenceu algumas pessoas a perceber a grosseira fraude."
Entrevistado pelo Globo Repórter, Marcelo Teixeira Tavares, professor da Universidade Federal do Espírito Santo, também observou que não há condições de que as formigas cortadeiras produzam esse tipo de perfuração nas folhas. É que o furos têm o formato de uma circunferência perfeita e tudo indica que foram produzidos por um objeto cilíndrico pontiagudo.
Traduzindo: alfinete.
O implacável Ceticismo.net foi outro que também alfinetou:
"Como sempre, a ICAR não diz que é milagre, mas não faz nada contra. Lava as mãos e... deixa pra lá. Afinal, enquanto o pessoal estiver indo pro santuário (da Nossa Senhora das Lágrimas), não estará frequentando a IURD."
Uma honrosa exceção, a meu ver, tem sido o parapsicólogo Padre Quevedo. Em 2007, no mesmo debate que aconteceu na televisão, ele foi peremptório:
- Isso "non ecziste"!
Original: EM, 21/08/2014

quarta-feira, 1 de outubro de 2014

SANDUÍCHE DE TERRA

Um sanduíche de Terra é criado quando duas fatias de pão são simultaneamente colocadas em dois pontos opostos da Terra.
Não é uma ideia nova. Em maio de 2006, Ze Frank lançou essa provocação de criar "o primeiro sanduíche de Terra da história".
Então, centenas de pessoas de todo o mundo, no esforço para vencer o desafio de criar um sanduíche em escala planetária, começaram a lhe enviar imagens de pão no chão.
O primeiro sanduíche de Terra, porém, só foi feito quase um mês depois. Quando dois internautas, um na Espanha, perto de Madri, e outro em Nova Zelândia, puseram no chão, ao mesmo tempo, seus pedaços de pão em dois pontos opostos do planeta. Dois vídeos foram gravados para testemunhar o acontecimento. (1) (2)
Bem, Espanha e Nova Zelândia são países considerados antípodas, o que possibilitou realizar a façanha. Mas a maioria dos países, infelizmente,  tem seus pontos opostos localizados nos mares e oceanos (que cobrem cerca de 70 por cento da Terra). O que pode ser facilmente demonstrado aqui, neste mapa do Wikimedia Commons.
Nessa difícil situação, poderia o interessado se utilizar de uma ilha próxima para concluir a operação? Claro que não. Além do vício de destino, o sanduíche de Terra poderia ficar bastante excêntrico.
Agora, para o caso de alguém que deseja fazer um sanduíche desses, com a metade do pão situada em Fortaleza: onde deverá ficar a outra metade? Na China? No Japão? Nada disso. Ficará em pleno Oceano Pacífico, a muitas milhas da Micronésia (com alguma sorte, sobre um atol sem resíduos nucleares).
Pelo menos é o que mostra o Map Tunneling Tool, uma ferramenta com a qual a gente localiza os pontos antípodas da Terra.
Original: EM, 26/04/2014