sexta-feira, 23 de março de 2012

FAMÍLIAS

Ter família é uma tendência que se observa nos seres em geral. Uma tendência da qual não escapam nem mesmo os seres inanimados. Como os gases nobres, a Coca-Cola e as pizzas.
Já ser família é outra coisa. É excludente. Exige-se que a pessoa seja honesta, recatada e de boa índole. A menos que queira ser a ovelha negra da família.
Em número de membros, a maior família do Brasil é, ao que tudo indica, a dos Silvas. Num artigo, A Convenção da Família Silva, eu já me preocupei com a impossibilidade desta "megafamília", à qual inclusive pertenço, um dia fazer a sua convenção.
Mas há outras famílias também interessantes. Senão, vejamos:
A família Júnior - Reúne o Fábio Júnior, o Blota Júnior, o Teragram Júnior, o Chevette Júnior e o jogador Júnior, entre outros. Seus membros abreviaram o nome para Jr., adaptando-se ao internetês.
A família Di - Seus principais expoentes foram o pintor di Cavalcanti, o Didi "Folha Seca" e a Lady Di (apesar da pronúncia anglicana de seu nome). Atualmente, há o Didi dos Trapalhões.
A família Maravilha - Tem a Elke, a Mara e o Fio (de quem todos nós gostamos).
A família Tutu - Tem o Desmond Tutu, Prêmio Nobel da Paz, a ex-deputada Tutu Quadros e, que não venha mais cá, o Tutu Marambá.
Nome de família dá muita confusão. Numa apresentação, não ouvindo bem a pronúncia de um sobrenome, eu pedi que a pessoa me confirmasse, se era Espínola ou Espíndola. Era Espínola, ele não tinha o "D" feito, OK, ficou então explicado.
Mas pior foi o que o mesário de uma sessão eleitoral certa vez aprontou. Durante a chamada dos votantes da sessão, trocou o nome de um certo Quintino Reis da Costa por... Quinhentos Réis da Bosta.
Além disso, a numerologia tem feito seus estragos. A cantora Sandra Sá, que mudou o nome para Sandra de Sá, e Jorge Ben, para Jorge Benjor, pioraram artisticamente com as mudanças. Mas a facção do PCB, que mudou para PC do B, não. A que continuou PCB, e que depois virou o nauseante PPS, foi a que piorou.
O apego pelo nome da família é algo muito relativo. Nem todo mundo inclui no cartão de visita os nomes de todas as famílias que contribuíram para a formação de seu genoma. Eu, por exemplo, sou Amaral, Lacerda, Coelho, Noronha e muito mais, mas não porto estes nomes comigo.
Alguns vultos históricos, porém, conservaram os sobrenomes de quase todos os antepassados. Como Pedro de Alcântara João Carlos Leopoldo Salvador Bibiano Francisco Xavier de Paula Leocádio Miguel Gabriel Rafael Gonzaga de Bragança, o Dom Pedro II, que tinha um ajudante de ordens só para lembrar a sequência. E como Pablo Diego José Francisco de Paulo Juan Nepomuceno Maria de los Remedios Cipriano de la Santíssima Trinidad Ruiz y Picasso, que, para evitar o cansaço, subscrevia-se Pablo Picasso.
Melhor assim do que, no meio desse cipoal de nomes, cometer alguma distração. Do tipo que o trovista Ayrton Christovam um dia relatou:
O escrivão, veja você
Ao registrar o Carvalho
Esqueceu de pôr o "V"
E até hoje ainda dá galho.

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