quinta-feira, 30 de dezembro de 2021

O PUXA-SACO (2)

(Bom para 20 de dezembro, que é quando se comemora o dia da categoria.)
"Todo adulador vive à custa de quem o escuta." ~ La Fontaine
Cada frase desta nobre e vil criatura "é composta de um sujeito, um predicado e um cumprimento", observou Georges Clemenceau
Dante Alighieri colocou os aduladores no oitavo circulo do inferno, junto aos semeadores de discórdia, dos corruptos e dos hipócritas.
Estão no fundo de uma vala, imersos em fezes.
"Deixe-me limpar suas caspas, chefinho."
Cuidado. Ele te alimenta com uma colher vazia.
No livro "Você é o Máximo – A História do Puxa-saquismo", Richard Stengel, ex-editor da Time, escreve que Plutarco dava uma dica para se proteger dos sicofantas.
"Mude suas ideias abruptamente e observe: o bajulador o seguirá."
O puxa-saco (1)

terça-feira, 30 de novembro de 2021

PELA TANGENTE

Numa entrevista:
- Como o senhor viu o fato?
- Pela televisão.
Num consultório:
- Doutor, quebrei meu braço em dois lugares. O que é preciso fazer?
- Não voltar mais a esses lugares.
Numa barbearia:
- Como quer que eu corte o cabelo?
- Em silêncio.
Num funeral:
- Quem é o morto?
- O que está no caixão.
Noutra entrevista:
- Mas a sua prole é grande!
- E grossa... 
Numa descrição da nova secretária (para a esposa):
- Como ela se veste?
- Muito rápido.

sábado, 30 de outubro de 2021

PALAVRAS MÁGICAS

Cite três palavras ou expressões mágicas que consolam

Se fossem apenas pela magia, elas certamente seriam:
  1. Abracadabra
  2. Abre-te, Sésamo
  3. Hocus Pocus
Palavras mágicas são naturalmente tão antigas quanto conjuram a si mesmas, ecos do ritmo e vibração de um poder criativo. Muitas dessas palavras resistiram ao teste do tempo, passando de mestre a aprendiz, de geração em geração. Esses encantamentos antigos, musicais e poéticos têm uma profunda - mas não necessariamente insondável - mística. Por exemplo, há um significado profundo na imagem clichê de um mágico tirando um coelho de uma cartola vazia com a palavra "abracadabra". O mágico está falando uma antiga frase em hebraico que significa "Eu criarei com palavras". Ele está fazendo algo do nada, ecoando aquela famosa frase do Gênesis: "Haja luz e houve luz”, só que neste caso a luz é um coelho branco ... (Hexopedia)

Mas, como devem ser capazes de consolar, então citarei estas:
  1. Grátis
  2. VDMEM
  3. AGCNV
Pague minhas contas, resolva meus problemas. E ganhe inteiramente grátis o direito de falar da minha vida. VDMEM e AGCNV são as abreviaturas para "Vai Doer Mais Em Mim" e "A Gente Compra Na Volta", respectivamente. (rsrsrs)

quinta-feira, 30 de setembro de 2021

CONTENCIOSOS ENTRE O BRASIL E A FRANÇA


1595. O corsário Toussaint Gurgel, de mãe francesa da Alsácia e pai alemão da Baviera, chega a Cabo Frio, Rio de Janeiro, comandando algumas naus a fim de reforçar o contingente francês, que lutava desde Villegaignon no intento (não alcançado) de fundar no Brasil a França Antártica. Derrotado, preso e depois posto em liberdade (graças à magnanimidade do comandante Botafogo), Toussaint Gurgel integrou-se na vida da colônia e casou-se com Domingas Amaral, filha de portugueses, e desse consórcio resultaram as famílias Amaral Gurgel e Gurgel do Amaral.
http://gurgel-carlos.blogspot.com/2010/09/origem-da-familia-gurgel-do-amaral.html

A tentativa seguinte do Reino Franco foi implantar a França Equinocial no Maranhão, em 1594. Por intermédio de navegadores franceses, que eram negociantes particulares contando com o apoio do rei francês Francisco I. Após muitas batalhas, os franceses foram expulsos definitivamente, em 1615. Os franceses, contudo, jamais desistiram de fixar uma colônia na América do Sul. Finalmente, conseguiram fazê-lo no território que hoje é a Guiana Francesa, com a fundação de Caiena em 1637.
http://www.todamateria.com.br/franca-equinocial/

É bom lembrar. Foi Palheta quem trouxe da Guiana Francesa as primeiras mudas de café para o Brasil, em 1727. A história é rocambolesca, envolve todo tipo de favores por parte da esposa do então governador de Caiena, apaixonada pelo fazendeiro do Pará. Vale a publicação de uma thread no Twitter.
http://blogdopg.blogspot.com/2021/07/a-semente-do-ouro-negro.html c/ vídeo

Para se vingar da invasão napoleônica de Portugal, D. João VI também comandou negócios de contrabando, em 1809. E há, segundo Luiz Antonio Simas, uma história curiosa nessa treta.
Na Guiana Francesa havia o horto La Gabriela, onde eram cultivados os mais variados tipos de especiarias. Dom Rodrigo de Souza Coutinho, que cuidava dos hortos brasileiros, determinou que fossem transportadas de Caiena para o Brasil mudas de diversas plantas.
Foi assim que chegaram ao Brasil mudas de cravo da índia, canela, fruta-pão, noz moscada, cana caiena (caiana), abacateiro etc. As mudas - de 82 espécies - foram fundamentais para o desenvolvimento do Jardim Botânico do Rio de Janeiro.
http://twitter.com/simas_luiz/status/1165663171522289664

A Guerra da Lagosta, como a imprensa da época jocosamente denominou, foi um contencioso entre os governos do Brasil e da França, que se desenvolveu entre 1961 e 1963. O episódio faz parte da História das Relações Internacionais do Brasil, e girou em torno da captura ilegal de lagostas, por parte de embarcações de pesca francesas, em águas territoriais no litoral da região Nordeste do Brasil.
Em 1961, o então presidente da república brasileira, Jânio da Silva Quadros, preparou um plano secreto que envolvia o governador nomeado Moura Cavalcanti, do Amapá, para a invasão e consequente anexação brasileira da Guiana Francesa. A operação chegou a entrar em fase de treinamento militar, mas foi abortada pela inesperada renúncia de Quadros.
Ainda ensejou que o novo governo brasileiro (João Goulart) tomasse uma atitude de persuasão naval, determinando o envio de navios da Marinha do Brasil ao local da crise a fim de demonstrar que o País estava disposto a defender seus direitos. Finalmente, o conflito de interesses foi resolvido no campo da diplomacia.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Guerra_da_Lagosta

Neste mais recente contencioso com a França, vencemos com a experiência que havíamos adquirido na Batalha de Itararé. O risco atual é sermos tentados a excluir a França da situação de país amazônico. Ao tempo em que também lhe expropiaremos a base de Kourou para compensar a besteira que fizemos, em 2019, quando cedemos aos gringos a nossa base espacial em Alcântara. Ora, a França divide com o Brasil a maior de suas fronteiras (673 km), e sabem o que isto representa em caso de confronto? Os e-books de história relatarão no futuro que o Brasil foi anexado à Guiana Francesa.

segunda-feira, 30 de agosto de 2021

TRISCADEICAFOBIA

I
Triscadeicafobia (de triskaidekaphobia).
É o medo irracional ao número 13. O termo foi usado pela primeira vez por Isador Coriat em "Abnormal Psychology".
Há um programa de 12 passos para o tratamento dos portadores desta fobia.
O último deles diz:
Se até aqui você não curou, então desista.
Mito
A mais antiga referência ao 13 como um número de má sorte estaria no Código de Hamurabi, de 1780 a.C., onde o artigo 13 foi omitido. Na verdade, o código original de Hamurabi não tem numeração. A tradução de LW King, de 1910, editada por Richard Hooker, é que omitiu o artigo. No entanto, outras traduções do Código incluiram o artigo 13. Como, por exemplo, a tradução de Robert Francis Harper.
II
De acordo com a empresa Otis, 85 por cento dos painéis que eles criam para seus elevadores omitem o andar 13. Por vezes, em favor de 12A; outras vezes, substituindo-o por M, a 13ª letra do alfabeto. Em alguns edifícios, o 13º andar é relegado para funções mecânicas ou de armazenamento, ou é dado a ele uma designação especial (como "Pool Nivel" ou "Restaurant Floor").
Nomes de facínoras com 13 letras
ALBERT DE SALVO (o Estrangulador de Boston)
THEODORE BUNDY (serial killer)
JEFFREY DAHMER (serial killer)
JACK THE RIPPER (Jack, o Estripador)
CHARLES MANSON (na foto ao lado, assassino da atriz Sharon Tate, esposa do cineasta Roman Polanski, e atualmente cumprindo pena de prisão perpétua na Califórnia)
III
Schoenberg sofria de triscadeicafobia, que é um medo paralisante do número 13. O irônico, ou incrível, é que ele nasceu em 13 de setembro de 1874 e, como o destino quis, morreu em 13 de julho de 1951 (uma sexta-feira 13) aos 76 anos (7 + 6 = 13). Para ele, uma combinação perigosa.
Poderíamos considerar irrelevantes esses fatores extramusicais da vida desse importante compositor vienense que chegou à cena musical, praticamente, como autodidata. Entretanto, a superstição também influenciou algumas de suas decisões na vida profissional. Vamos a um bom exemplo. No final da década de 1920, de forma intencional, grafou o título de sua ópera inacabada como "Moses und Aron", quando o correto seria "Moses und Aaron", adivinhem o motivo!
E será que esse fascínio pela numerologia influenciou Schoenberg na maior de suas invenções, o sistema dodecafônico de composição?

sexta-feira, 30 de julho de 2021

MICROLITERATURA (2)

A chamada microliteratura vem ganhando espaço (apesar de usá-lo tão pouco) nesses tempos tecnológicos, muitas vezes por estar associada às ideias do minimalismo.
Nela estão o microconto, o micropoema, o haikai e outras produções literárias assemelhadas.
No caso do microconto, costuma-se limitá-lo a um teto de 150 caracteres. A concisão, no entanto, não é a única característica do microconto. Este, mais do que mostrar, deve sugerir. Cabendo ao leitor a tarefa de preencher - com a imaginação - as "elipses narrativas" do microconto.
Estabelecer um limite de 150 caracteres permite, por exemplo, o microconto ser enviado como "torpedo" por um telefone celular, o que em si já evidencia a sua ligação com as novas tecnologias de informação e comunicação.
Uma variante do microconto é o nanoconto, do qual se exige um máximo de 50 letras. São exemplos do nanoconto:
"Quando acordou o dinossauro ainda estava lá."
"Garota, 9, desaparece ao usar creme que rejuvenesce 10 anos."
O professor de literatura comparada da Universidade Hebraica de Jerusalém, David Fishelov, é um estudioso das "histórias que têm apenas seis palavras". Em seu ensaio sobre o assunto, "The Poetics of Six-Words Stories", cujo título tem inclusive seis palavras (desde que você conte a hifenizada "Six-Words" como sendo apenas uma palavra).
Então, quem foi o criador dessa tão radical categoria de narrativa?
Alguns afirmam que foi Ernest Hemingway. Com seu famoso conto: "For sale: baby shoes, never worn" (À venda: sapatos de bebê, nunca usados).
Quanto ao micropoema, reúno alguma experiência no ramo com meus "Micropoemas do Infortúnio".
Voai, beija-flor
Helicoptérica ave, voai
- - - para trás, principalmente.
Pois não importa aonde ides
- - - e sim:::
- - - - - - - - - ¿onde estiverdes?
E, para finalizar o tema, não poderia omitir o papel da microcrítica, a qual funciona no modelo dicotomizado do "gostei" vs. "não gostei". Sendo oportuno, a meu ver, que se substitua o caráter textual da microcrítica pelos sinais de polegares.

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quarta-feira, 30 de junho de 2021

O JULGAMENTO DE FRINEIA

Ficou famoso o caso de Frineia, cuja formosura despertou paixões e ciúmes. Acusada de explorar o próprio corpo por um pretendente desprezado, a cortesã foi levada a um júri de cidadãos ilibados de Atenas.
Mesmo com sua preparação e esforço, o talentoso Hiperides, um dos dez oradores áticos (eram uma espécie de advogados da Antiguidade clássica), não estava conseguindo convencer o júri.
No momento da sentença, os jurados botaram o polegar para baixo. Era a condenação fatal.
Olavo Bilac tem um poema dedicado a esse julgamento dramático. Segundo o poeta, ela despiu os véus que a cobriam e surgiu toda nua, "no triunfo imortal da Carne e da Beleza".
São estes os versos finais do poema:
Pasmam subitamente os juizes deslumbrados,
- Leões pelo calmo olhar de um domador curvados:
Nua e branca, de pé, patente à luz do dia
Todo o corpo ideal, Frineia aparecia
Diante da multidão atônita e surpresa,
No triunfo imortal da Carne e da Beleza.
Diante daquela monumental escultura, "um a um os polegares dos juízes foram subindo, subindo, sendo provável que também subissem outras partes dos respeitáveis membros do júri".
(Os créditos de tais detalhes pertencem Carlos Heitor Cony.)
A verdade é que a história do julgamento de Frineia foi recriada com base em poucas passagens de escritos da época e relatos de autores que não estiverem presentes. Sabe-se que o julgamento ocorreu e que o discurso de Hipérides em sua defesa foi um dos mais admirados da Antiguidade, mas dele restam apenas alguns fragmentos.
Nada disso impediu que o dramático julgamento inspirasse várias obras de arte, desde pinturas como a que ilustra esta postagem, de Jean-Léon Gérôme (1861), e várias outras, até esculturas de artistas como o americano Albert Weine.
Além de Olavo Bilac, poetas como Charles Baudelaire, Francisco de Quevedo e Rainer Maria Rilke escreveram pensando em Frineia, o francês Camille Saint-Saëns criou uma ópera que leva seu nome, e o italiano Mario Bonnard dirigiu um filme sobre a cortesã.
No Brasil, Adelino Moreira compôs "Escultura", que alcançou grande sucesso na voz de Nelson Gonçalves. Neste samba-canção, ao criar em sua imaginação uma mulher que atingisse a perfeição, Adelino não foi buscar em Frineia o atributo da beleza e sim o da malícia.
Original: Blog EM, 12/04/2021

domingo, 30 de maio de 2021

NEM QUE A VACA TUSSA

O que significa a expressão "nem que a vaca tussa"?
Significa: de jeito nenhum, não, nunca, jamais, impossível, de forma alguma. Confere a ideia de que algo não acontecerá nem que o Sr. Sobrenatural de Almeida desça no terreiro para mudar o rumo dos acontecimentos.
É uma das muitas expressões de improbabilidade da língua portuguesa. Neste rol também estão:
No dia de São Nunca.
Quando a galinha criar dentes.
Nem que chova canivete.
Pagando para ver.
No tempo que Adão era cadete.
Um dia sim, oito não.
Nas calendas gregas (Ad kalendas graecas).
Em zero de onzembro.
Nem a pau, Nicolau!
Em sua frase original e completa, a expressão já foi "nem que a vaca tussa e o boi espirre". Sem querer enveredar pela discussão de se os bovinos, de fato, podem tossir ou espirrar, podemos traduzir "nem que a vaca tussa" para o inglês. Palavra por palavra, fica "not even if the cow coughs". Os gringos vão entender?
Bem, somos responsáveis pelo que falamos mas não pelo que eles entendem.
Três vacas leiteiras bolam um plano para salvar a fazenda e suas vidas depois que um novo dono chega para vendê-las para o abate. Título do filme?
"Nem Que a Vaca Tussa", e nós entendemos a Disney.
Nós também entendemos quando Leonam Quirino eruditizou a expressão para "nem sequer considerar a possibilidade de que a fêmea bovina expire com fortes contrações laringo-bucais".
Por fim, é importante salientar que existem inúmeras expressões na língua portuguesa do Brasil contendo nomes de animais. A expressão em questão devido á presença da palavra "vaca" talvez cause um estranhamento ou uma repulsa em falantes estrangeiros. Ora, que vão eles para o brejo!
A força desta expressão, de provável origem rural, está no elemento NEM. Recomendo a leitura da monografia de Vítor Marconi de Souza sobre A multifuncionalidade do elemento nem aplicada ao ensino do PL2E (Português como Segunda Língua para Estrangeiros).
Neovérbio. Não se faz uma vaquinha entre mãos de vaca. PGCS
Original: EntreMentes (22/01/2021)
Bom para o DBF, o Dicionário Brasileiro de Frases

sexta-feira, 30 de abril de 2021

PONTO DE EXCLAMAÇÃO E OUTROS PONTOS

1
No grego antigo (grego, de qualquer época, para mim é grego!) não existia o sinal de exclamação.
Reza a lenda que, cansado de ler textos sem este recurso gráfico, Aristófanes de Bizâncio (250 -180 a.C.), criou os primeiros sinais de pontuação.
Sua origem, porém, ainda é incerta. Uma das hipóteses é que tenha surgido da palavra latina "lo" (não confunda com "lol"), uma interjeição que significa "viva!" muito usada em aclamações. Na qual, para formar o ponto de exclamação, a letra "l" se sobrepôs" à letra "o" (confira neste vídeo do Nexo Jornal).
O ponto de exclamação foi chamado de "ponto de admiração" até o século XVII. Curiosamente, a Bíblia impressa no português incluiu o ponto de exclamação, pela primeira vez, em meados do século dezoito, em 1748.
É também o símbolo do fatorial na Matemática.
(respondendo a uma pergunta no Quora)
2
Leia abaixo a última estrofe do poema "O Navio Negreiro":
Fatalidade atroz que a mente esmaga!
Extingue nesta hora o brigue imundo
O trilho que Colombo abriu nas vagas,
Como um íris no pélago profundo!
Mas é infâmia demais!... Da etérea plaga
Levantai-vos, heróis do Novo Mundo!
Andrada! arranca esse pendão dos ares!
Colombo! fecha a porta dos teus mares!

Observe quanto o autor, o poeta abolicionista Castro Alves, utilizou-se dos pontos de exclamação para expressar a infâmia do tráfico de escravos.
3
Mesmo com o advento do ponto de exclamaçao, as línguas europeias continuam carentes de sinais de pontuação que expressem algumas emoções ou deem novos sentidos às frases. Luís Fernando Veríssimo, por exemplo, sempre se queixou da falta do "ponto de ironia". E o "kkkkk", como sugeriu Nelson Motta, não pode ser considerado um recurso similar.
Na verdade, o tal "ponto de ironia" já foi inventado por Alcanter de Brahm, no século XIX:
Alcanter de Brahm, pseudônimo de Marcel Bernhardt, foi um poeta francês.

terça-feira, 30 de março de 2021

RESTAURADORES DA ESPANHA

Cecilia Giménez, uma anônima professora de trabalhos manuais, em Navarra, e dois anônimos restauradores de móveis. São responsáveis pela restauração das seguintes obras:
1 - "Ecce Homo", do santuário de Nossa Senhora da Misericórdia, em Borja, Espanha.
http://blogdopg.blogspot.com/2012/08/a-pior-restauracao-do-mundo.html
2 - "São Jorge", do século 16, da igreja São Miguel, em Estella, Espanha.
http://blogdopg.blogspot.com/2018/06/a-malsucedida-restauracao-de-uma.html
3 - "Imaculada Conceição do Escorial", do acervo de um colecionador espanhol.
Segundo o jornal espanhol "El Diario", um colecionador de obras da Espanha contratou um restaurador de móveis para recuperar a famosa pintura "Imaculada Conceição do Escorial", do artista barroco Bartolomé Esteban Murillo. O resultado, entretanto, não saiu conforme o esperado.
http://twitter.com/i/events/1275460652107042816


No que se refere a restauradores, há quem diga que a Espanha é o maior celeiro do mundo.

domingo, 7 de março de 2021

SAMBA DO FUNESTO

O chanceler negacionista Ernesto Araújo, que já foi apontado como o pior diplomata do mundo, tentou se aproximar de uma autoridade israelense sem o equipamento de proteção. Ao se levantar para posar para uma foto, Araújo recebeu um recado de uma voz não identificada: "nós precisamos que coloque a máscara".
(em vídeo)
SAMBA DO FUNESTO *
Funesto nos convidou
Pro samba
- Ele mora no BRA...
Nós fumos e não encontremos ninguém
Nós vortemos com a baita de uma "reiva"
Da outra vez nós não vai mais.
Outro dia encontremos Funesto
Que pediu disculpa
Mas nós não aceitemos
Isto não se faz, Funesto
Nós não azara
Mas você devia ter ponhado
Uma másc'ra na cara
- Nós não semos tal tu.
* Uma paródia do "Samba do Arnesto", de Adoniran Barbosa. PGCS

domingo, 28 de fevereiro de 2021

MEMENTO MORI

Você já ouviu a expressão latina "memento mori"?
Quando um general romano voltava para casa, depois de uma campanha vitoriosa no exterior, era tradição a cidade sediar uma gloriosa cerimônia pública em sua homenagem. Mas, enquanto seu triunfo era celebrado de maneira entusiasmada pelo povo, um homem ficava atrás do general, em sua luxuosa carruagem, sussurrando a seguinte mensagem em sua orelha: "Respice post te. Hominem te esse memento. Memento mori". Em português seria algo como: "Olhe em redor. Não se esqueça de que você é apenas um homem. Lembre-se de que um dia você vai morrer".
Quando o compositor polaco André Tchaikowsky morreu em 1982, ele deixou o seu crânio para a Royal Shakespeare Company na esperança de que ele poderia aparecer como Yorick em uma produção de "Hamlet".
Ninguém se sentia à vontade para cumprir esse desejo até que David Tennant (foto) usou o crânio numa apresentação em Stratford-upon-Avon em 2008. Ele continuou a usá-lo durante muito tempo, inclusive em uma adaptação de "Hamlet" para a televisão.
"O crânio de André era um profundo memento mori, o que talvez nenhum outro crânio conseguisse representar", disse o diretor Gregory Doran. "Espero que outras produções possam, com o maior respeito por André, a continuar usando o seu crânio como ele pretendia que fosse utilizado, precisamente para esse efeito."
Você já se sentiu imortal, com a força de mil sóis - eternos e invencíveis? Sim, eu também. Mas adivinhem? Existe uma forma de arte destinada a lembrá-lo constantemente de sua inevitável e permanente morte. É memento mori! Que, em latim, significa "lembre-se da morte" ou, se você quiser levar para o lado pessoal: "lembre-se de que você deve morrer". Se você olhar para as pinturas europeias de memento mori desde os tempos medievais até o século 19, poderá notar coisas como: - Caveiras - Frutas e flores em decomposição - O Ceifador - Um baralho de cartas - Ampulhetas - Mais frutas e flores em decomposição. Esses eram elementos que os pintores incluiriam em uma natureza morta, um retrato ou uma cena bíblica para garantir que você não escapasse do fato de ser temporário - que um dia sua ampulheta ficará sem areia e ...

sábado, 30 de janeiro de 2021

A TODO VAPOR

"Quero fazer um pecado, rasgado, suado, a todo vapor..."
Chico Buarque e Ruy Guerra, na canção "Não Existe Pecado ao Sul do Equador"
Em 1891, este protótipo de vibrador foi submetido à consideração do Escritório de Patentes dos Estados Unidos. Era movido a vapor, tinha o nome de "Heavy Duty, Industrial-Model, Steam-Powered Dildo" e a patente foi indeferida pelo órgão responsável.
- The Impious Digest
Fig. 1
Concerto a vapor
Esta visão fantástico-satírica da música mecânica é o produto de um caricaturista francês do século 19, Jean Ignace Isidoro Gerard, conhecido como JJ Grandville (1803-1847). Ele apresenta, em seu livro "Un autre monde" (Um outro mundo), de 1844, uma coleção de desenhos e histórias que exploram as visões proto-surrealistas do autor durante a Monarquia de Julho na França (de 1830 a 1838).
O enredo de Grandville começa quando um dos três protagonistas do livro, o empresário Dr. Puff, descobre uma dúzia de "músicos de ferro fundido" arrumados em seu inventário de esquisitices mecânicas. Em seguida, Puff concebe um sensacional "concerto a vapor", alegando que "o único meio de satisfazer as demandas musicais do público é inventar cantores do tipo para operar uma orquestra a vapor.
Graças a esta invenção admirável, já não é preciso se preocupar com cantores que pegam um resfriado, uma bronquite ou perdem a voz. Já que a voz dos tenores, baixos, barítonos, sopranos e contraltos está a salvo de todos os acidentes; os instrumentos movidos a vapor produzem efeitos de precisão surpreendente. E os grandes compositores da era, finalmente, encontram intérpretes à altura de suas melodias. Nesse século do progresso, a máquina é mesmo um ser humano aperfeiçoado.
- A Steam Concert, Museum of Imaginary Musical Instruments
Fig. 2
Robô a vapor
Em 1868, o Newark Advertiser publicou uma matéria sobre uma "Invenção Mecânica Notável - Um Homem a Vapor".
- O primeiro robô movido a vapor
Fig. 3
O invento inspirou o primeiro romance de ficção científica dos EUA, "The Steam Man of the Prairies" (O Homem-Vapor das Pradarias), de Edward Sylvester Ellis. No romance (em domínio público mundial, disponível na Wikisource), o homem a vapor foi construído por Johnny Brainerd, um garoto adolescente, que usa o homem a vapor para carregá-lo em uma carruagem em várias aventuras.
Fig. 4 (abaixo)
Embora a invenção do motor de combustão interna no final do século XIX parecesse ter tornado obsoleta a máquina a vapor, ela ainda hoje é utilizadaː por exemplo, nos reatores nucleares.