sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

ANAGRAMAS

Anagrama é palavra ou frase formada pela transposição das letras de outra palavra ou frase. Exemplos, com nomes de pessoas: Alice e Célia; Isabel e Belisa; Manoel e Leonam. Ao anagramatizar-se uma palavra, é possível, muitas vezes, se obter diversos vocábulos. Como na palavra peso, que forma pose e sopé, na palavra alegria, que dá galeria, alergia e Argélia e na palavra amor, que origina ramo, mora, Omar e Roma.
Em nosso idioma, costuma-se apontar o mais belo anagrama como sendo Iracema, o nome da heroína do romance de José de Alencar. Supondo-se que o romancista, ao criá-lo, tenha recorrido à palavra América. No entanto, rascunhos preservados do romance indicam que Alencar, antes de escolher o nome da "virgem dos lábios de mel", andou vacilando entre Iracema e Aracema.
Pelos curiosos resultados obtidos, compor anagrama já foi uma mania no passado. Luís XIII, rei da França, tinha um anagramista oficial. Outra mania foi o logogrifo que, ainda modernamente, tem seus adeptos (V. coluna "Logomania", de Luiz Carlos Bravo, no DN). Relacionado ao anagrama, o logogrifo é uma espécie de charada. O praticante, a partir de uma palavra-chave, cujas letras aparecem misturadas, deve formar o maior número possível de palavras com quatro letras ou mais. Exige-se, ainda, que uma letra - em destaque - conste de todas as palavras formadas, e que a palavra-chave seja decifrada no final.
Quando a palavra ou a frase pode ser lida da esquerda para a direita ou da direita para a esquerda, sempre com o mesmo sentido, aí temos o palíndromo. São exemplos de palindromos: osso; orava o avaro. Sendo com números, o fenômeno recebe o nome de capicua. 13531, por exemplo, é uma capicua. E, no dominó, a pedra que pode finalizar o jogo, de um lado ou de outro, idem (segundo o Aurélio). Na próximo número do tablóide, falarei sobre o palíndromo. Ele é também, no mínimo, um interessante exercício mental.
A formação anagramática tem sido um recurso muito usado com o fim de disfarce autoral. Utilizou-se desse recurso, Manoel du Bocage, ao adotar o pseudônimo arcádico Elmano Sadino (Elmano, anagrama do nome Manoel, e Sadino, uma homenagem ao rio Sado que atravessa Setúbal, a cidade natal de Bocage). Já Alcofibras Nasier foi o pseudônimo de François Rabelais. Sendo médico e religioso, Rabelais se valeu do pseudônimo anagramático para publicar os feitos de "Pantagruel" e "Gargantua", personagens de romances à época considerados obscenos. No Brasil, vários escritores usaram também o aludido recurso. Como Bastos Tigre, cujo criptônimo era D. Xiquote, anagrama de D. Quixote, com o qual assinava os seus textos satíricos. E como o grande Guimarães Rosa que, algumas vezes, subscreveu-se Soares Guiamar, mais um anagrama do que um pseudônimo.
Personagens de poemas e romances podem também ter nomes anagramatizados. Verifica-se isso, principalmente, no roman à clef, o romance baseado em pessoas e fatos reais.
O anagramista é o caricaturista do vocábulo. E, se o nome de uma pessoa em evidência dá tal oportunidade, caricatura-o sem dó. Como fez o Prof. João Hipólito ao modificar o nome de Getúlio Vargas para... Egoista Vulgar . E como fizeram os companheiros de Surrealismo de Salvador Dalí, ao modificarem o nome deste para... Avido Dollars, sob o pretexto de que o pintor catalão era um mercantilista.
Mas, em ocasiões, a criatura pode se voltar contra o criador. A exemplo disso, R. Magalhães Jr. relata o que um dia aconteceu ao anagramista francês César Coupé. Depois de umas tantas atazanações anagramáticas com os outros, Coupé se tornou vítima de seus colegas de passatempo. Ao ter o próprio nome anagramatizado, com grande malícia, para... cocu separé (corno separado).
08/09/20 - Atualizando...
THAT’S ONE SMALL STEP FOR A MAN, ONE GIANT LEAP FOR MANKIND, a frase célebre de Neil Armstrong, é um anagrama de AN EAGLE LANDS ON EARTH’S MOON, MAKING A FIRST SMALL PERMANENT FOOTPRINT.

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