sábado, 30 de agosto de 2025

MEMÓRIA. A GRANDE EXCURSÃO

OS PREPARATIVOS DA EXCURSÃO
Em 1966, nós, os calouros da Faculdade de Medicina reunidos em assembleia, escolhemos por aclamação os representantes da turma para as disciplinas do 1.º ano. Na mesma ocasião, decidimos também sobre a criação de uma entidade (informal) que recebeu o nome de Clube Andreas Vesalius, incorporando o nome latinizado de Andries van Wiesel, famoso médico flamengo que viveu entre 1514 e 1564.
O nome do autor de De humani corporis fabrica (No tecido do corpo humano), que é referido como o fundador da moderna Anatomia, foi escolhido também por aclamação. Era a Anatomia, com a dissecação dos cadáveres humanos conservados em formol e com o manuseio dos esqueletos remontados, a disciplina que dominava mais fortemente o nosso imaginário.
Qualquer nome que não viesse da área da Anatomia seria fatalmente rejeitado. Em meio a outras disciplinas como Histologia e Embriologia, a Bioquímica e a Biostatística...
A ideia principal, e talvez única, era a de que o clube se destinaria a viabilizar uma grande excursão que faríamos adiante.
Então, toca a trabalhar, arrecadando dinheiro em rifas e tertúlias. E também organizando-nos em grupos que, em períodos noturnos, visitávamos as residências de nossos mestres em busca de doações. Até abrimos um "Livro de Ouro" para que eles se sentissem, ao fazerem suas doações, como se estivessem participando de algo grandioso. É verdade que houve um deles que nos despachou com um ditado ("quem não pode com o pote, não pega na rodilha"), mas esse, no devido tempo (no período de nossa  formatura), recebeu o troco: não foi lembrado para ser patrono nem paraninfo.
Além disso, havia as contribuições que nós, futuros excursionistas, pagávamos mensalmente. Sob pena de ter o nome cortado da excursão (o que, aliás, quase aconteceu a este escrivão de bordo).
No início de 1970, com o dinheiro apurado nos quatro anos anteriores, fretamos um ônibus que nos levaria a uma excursão pelo Nordeste, Sudeste e Sul do Brasil. O plano de viagem incluía, após atravessarmos a fronteira, irmos ao Uruguai e à Argentina - o plus que destacaria a Turma Andreas Vesalius da Faculdade de Medicina da UFC das turmas precedentes que haviam excursionado apenas por território nacional. A nossa turma, portanto, seria a que iria mais longe numa excursão - além de Taprobana, como diria Camões.
Esse roteiro fora feito por um grupo que assumiu a liderança.
Éramos trinta e poucos (de quase uma centena de alunos), em nossas férias do término do quarto ano de medicina. 
Mas...
O número de excursionistas ultrapassava o de assentos no ônibus!
Divulgou-se, de última hora, a abertura de vagas para quem quisesse aderir ao IDP, o Instituto da Desistência Premiada. Apareceram desistentes e o número de excursionistas foi fechado..
Não houve necessidade de providenciar passaporte, apenas a obrigatoriedade de tomar a vacina contra a febre amarela.
===============================================
A PARTE BRASILEIRA DA EXCURSÃO
Dois motoristas se revezariam na direção do ônibus: Nelson e Josué. Devido a barbaridades explícitas na estrada que deixaram a gente de cabelo em pé, o segundo logo foi afastado da função. Isto fez com que o Nelson ficasse sobrecarregado em seu trabalho durante a viagem, atingindo os limites dessa situação na fase do retorno.
1) Salvador. Nós, os rapazes, ficamos alojados em uma unidade do Exército, enquanto as moças, em menor número no grupo, foram conduzidas a um hotel. Naqueles anos de chumbo, de descontentamento de parte dos estudantes universitários com as medidas repressivas do governo, a hospedagem fazia parte da "política de boa vizinhança" da ditadura militar. Minhas lembranças de Salvador incluem a Cidade Baixa, o Elevador Lacerda e o Mercado Modelo, onde adquiri uma sacola de fibra vegetal (que foi apelidada de caçuá). Houve também passeio na Baía de Todos os Santos, Iha de Itaparica e, numa das noites, fomos ao restaurante Varandá, o qual descobrimos se tratar de um reduto LGBTIQIA+ (estou usando a nomenclatura atualizada).
2) Rio de Janeiro. Ficamos na Casa do Marinheiro, na Praça Mauá. Por motivos óbvios, nossas colegas tornariam a se hospedar num hotel, o que talvez tenha sido a causa de uma amotinação masculina. Exigia-se que o "tesoureiro" da excursão  fizesse a imediata  partilha dos recursos financeiros comuns. Daí para frente, cada um iria administrar sua parte no espólio. Lembro-me de termos ido à Ilha de Paquetá (acesso através de barcas que partem da Praça XV), ao Maracanã (onde assistimos a um jogo de futebol), ao Corcovado (leia-se: Cristo Redentor), a alguma praia da Zona Sul e de termos passeado no bondinho do Pão de Açúcar. Fui procurado por um marujo, Eduardo César, meu primo em 2.º grau, com a proposta de me mostrar o Rio e que me pegou um dinheiro emprestado (acho que não paga mais). Na Cidade Maravilhosa foi quando chegou ao auge o "campeonato de xexo" disputado por alguns colegas.
Xexo Caloteiro (Nordeste)
A palavra xexo vem de seixo (pedrinha). Antigamente, quando se usavam pedras preciosas como dinheiro, os espertos misturam seixos com as pedras preciosas para enganar os outros. Surgiu, aí, a expressão "dar o seixo", que virou "dar o xexo", que quer dizer "deixar de pagar, dar o calote".
3) São Paulo. Hospedamo-nos no Pacaembu, o estádio. Fomos visitados por um colega de uma turma anterior e líder estudantil que, por motivos políticos, vivia clandestino em São Paulo. Ao se despedir nos quotizamos para ajudá-lo naqueles tempos difíceis. E descemos a Serra do Mar para conhecer Santos e Guarujá.
4) Curitiba. Onde nos hospedamos na Casa do Estudante. Foi inesquecível aquela  experiência de descer de trem a Serra do Mar até o porto de Paranaguá. Saibam que até hoje a tal viagem turística ainda existe, mas até Morretes. Desta cidade, passando por Antonina, e com o turista voltando pela belíssima Estrada da Graciosa para Curitiba. No trecho Sul da excursão, demos carona a um gringo de nome Michel. Artur brincava muito com ele ao ensinar português.
5) Porto Alegre. Tinha uma Serra Gaúcha no meio do caminho, no meio do caminho tinha uma Serra Gaúcha - com vinhos para a nossa degustação. Chegamos a Porto Alegre onde os alojamentos de outro quartel nos esperavam. Numa das noites fomos a um teatro para um show da Gal Costa. Tive a nítida impressão de que ela cantava só para mim (o pior é que outros também pensaram assim com relação a si próprios).
No Chuí (ou Jaguarão), passamos o dia atarefados em resolver nossos entraves burocráticos para podermos atravessar a fronteira. Carreguei a mão na quantidade de azeite que pus no almoço, e atribuí a isso os distúrbios intestinais que me afligiram nas horas seguintes.
============================================
A PARTE ESTRANGEIRA DA EXCURSÃO
6) Montevidéu. Jantamos nos arredores da cidade. No restaurante que eu, pressionado por fortes cólicas, escolhi no grito. Fomos tungados na conta (Maureen, por exemplo, não jantou) e, ameaçados pelo dono ("voy a llamar la policía"), pagamos o que ele queria. Passeamos no Centro Histórico de Montevidéu, assistimos a um jogo de futebol no Estádio Centenário e fizemos um passeio do tipo bate-volta a  Punta del Este. Por fim, fomos a Colonia del Sacramento para a travessia do Rio da Prata (este detalhe me foi lembrado por Nelson Cunha), com destino à capital portenha.
7) Buenos Aires. Acho que houve uma dispersão do grupo por vários hotéis. Hospedei-me num hotel da Avenida Corrientes, no Centro Histórico de Buenos Aires, que tinha um elevador vintage. Ficava perto da Casa Rosada, da Plaza de Mayo e do Obelisco, o monumento erguido na Praça da República, no cruzamento das avenidas Corrientes e 9 de Julio. Foi onde conheci um Metrô. Tirei fotografias - sem flash - do Metrô de Buenos Aires que só captaram as luzes internas.
Chamaram-me a atenção seus ônibus urbanos: eram pequenos e não tinham cobradores. Escolhi um restaurante para jantar, pollo (frango) y vino. E, no passeio que fiz em La Boca, deparei-me com outro restaurante de grande animação. Era a turma que já estava lá. Subi ao palco para cantar "Garota de Ipanema". E , ao voltar para o hotel, cantei "Sebastiana" no carro de um argentino em que alguns de nós pegamos carona.
Corrientes, 348. Esse endereço em Buenos Aires foi imortalizado por Carlos Gardel, no tango "A Media Luz", um dos mais conhecidos dos chamados "tangos clássicos". Descrito na canção de uma forma envolvente e romântica, já não era mais um hotel e no local existia um estacionamento.
============================================
A VOLTA PARA FORTALEZA
8) Porto Alegre (2.ª vez). Carnaval (que acontecia no período de 7 a 10 de fevereiro) no Partenon Tênis Clube, na av. Bento Gonçalves. Problemas particulares me motivaram a antecipar  meu retorno para Fortaleza. Na rodoviária de Porto Alegre, peguei um ônibus para o Rio de Janeiro. E, na rodoviária Novo Rio, comprei passagem para um segundo ônibus com destino a Fortaleza. Com algumas horas noturnas disponíveis na Cidade Maravilhosa procurei um hotel para a dormida. Mas quem disse, Berenice? O hotel em que me hospedei, apesar de ficar bem próximo da rodoviária, era uma espelunca. E tinha um postigo que, por não fechar, expunha um medroso hóspede à curiosidade pública. Não dormi, claro. Nunca uma espelunca, como disse o Chico.
A fuga do Nelson 
Não estou me reportando ao colega Nelson José da Cunha.
Na década de 2010, atendi algumas vezes o paciente N.A.F. na Multiclínica Fortaleza. Era o motorista Nelson da excursão! Septuagenário, lúcido e com bom estado geral, porém apresentando uma doença associada ao tabagismo em estádio avançado. Numa de suas consultas, Nelson me contou uma história interessante. Quando o grupo voltava para Fortaleza, houve uma noite em que ele foi muito pressionado para não interromper a viagem. No entanto, sentindo-se muito cansado, ele procurou uma pousada para descansar. E não informou a ninguém onde foi dormir. No dia seguinte, reassumiu o volante do ônibus. Se houve quem não gostasse dessa conduta? Sim, mas Nelson agiu assim para o bem de todos.
=========================================
Relação dos participantes
Colares, Paulo, Valdenor, Lages, Daniel, Zé Leite, Portela, Beto, Edson, Nelson, César, Ercílio, Clóvis, Mário, Artur
Adriana, Imeuda, Lúcia, Leni. Maureen, Maura, Mazé, Maria Alice, Maria Regina, Noelma

quarta-feira, 30 de julho de 2025

O POÇO DA ALDEIA

De fato!
Jacó encontrou a companheira no poço da aldeia.
Moisés encontrou a companheira no poço da aldeia.
Saul perguntou sobre o profeta Samuel no poço da aldeia.
Tudo acontece no poço da aldeia!
Exegese
"O poço da aldeia", no sentido literal, pode se referir a um poço real em uma aldeia, um lugar físico onde as pessoas vão para buscar água e onde ocorrem encontros e interações. No sentido figurado, a frase "Tudo acontece no poço da aldeia" pode ser usada para descrever um local onde acontecem eventos diversos, muitas vezes de forma não planejada ou inesperada.

segunda-feira, 30 de junho de 2025

MEU CARO AMIGO BELCHIOR

Meu caro amigo, eu não pretendo provocar
Nem atiçar suas saudades
Mas acontece que não posso me furtar
A lhe contar as novidades.

(Chico Buarque)

Pouco tempo depois de sua passagem para o lado de cima, você foi homenageado, em 18 de maio de 2017, com a criação do Centro Cultural Belchior na Praia de Iracema. É um equipamento da Prefeitura de Fortaleza, gerido em parceria com o Instituto Cultural Iracema, para dar espaço e apoio à cena musical cearense. Em suma, o centro é um lugar onde a música e as pessoas da música se encontram e compartilham estéticas e narrativas contemporâneas.

Sua memória também foi eternizada em seis CDs, remasterizados no box "Tudo Outra Vez" (2018), que trouxe à baila para as novas gerações suas obras-primas gravadas entre 1974 e 1982.

Em 30 de março de 2022, outro dia histórico para a Cultura em nosso Estado, foi inaugurado na antiga Estação João Felipe, em Fortaleza, o Complexo Cultural Estação das Artes Belchior. Um equipamento restaurado e modernizado pelo governo do Ceará, que conta com mercado das artes, pinacoteca, feira gastronômica, salas de exposição, biblioteca e museu ferroviário, além de também abrigar as sedes da Secult e do Iphan.

Ademais, você se aqui faz presente em livros, folhetos e que tais. Livros que falam de sua vida e sua obra, eu já cataloguei quatorze. Em folhetos de cordel, segundo o pesquisador Alberto Perdigão, você é o protagonista de dezenove deles (nesta categoria, apenas perde em abordagens para Luiz Gonzaga e, talvez, para Jackson do Pandeiro).

Belchior, o que há de teses, dissertações, monografias e artigos que lhe fazem referências é escomunal (a palavra existe). Você, Raul Seixas, Erasmo e Rita Lee entraram para o mainstream, sem nunca apostar nisso. Além disso, artistas plásticos e grafiteiros das terras estão a lhe prestar homenagens com murais e caricaturas, celebrando sua imagem e legado.

Estátuas que lhe são alusivas brotaram pelo Ceará. Em Sobral, onde você é homenageado com uma escultura de bronze em tamanho real numa praça da cidade. No Cantinho do Frango, lugar historicamente visitado pelo Pessoal do Ceará (Ednardo, Fausto Nilo, Rodger Rogério...) e pelo "popstar" Falcão... ah, a estátua de lá tem mesa cativa. E, na Pousada dos Capuchinhos, em Guaramiranga? Frei Francisco Antônio de Sobral (como você queria ser chamado).

Em todos os monumentos que acabo de citar, seu alter ego mineral aparece empunhando um violão!

Não posso ignorar os blocos carnavalescos. Como o "Volta Belchior", um dos blocos mais populares de Belo Horizonte, com grande adesão de foliões. E, dando um pulo ao Carnaval de Recife, o bloco "Sujeito de Sorte", que inclui um boneco gigante e músicas belchiorianas desde a concentração. Além disso, o bloco "Ano Passado Eu Morri Mas Esse Ano Eu Não Morro", que também é inspirado em você. Aquela explosão de alegria e irreverência que faz trepidar as ruas paulistanas com marchinhas, sambas e releituras de seus clássicos. Acho que os nomes desses blocos lhe soam familiares, não?

Ah, a falta que a falta faz! Na última noite de agosto, apareci no Belch Bar, em Dionísio Torres, para beber à sua memória. Na agradável companhia do compositor Ricardo Bezerra, enquanto o trovador eletrônico Jorge Mello, contava causos e cantava canções da profícua parceria que ele teve com você. Para matar a tristeza só mesa de bar, como disse o mais brega dos poetas. E toca a trabalhar nos retoques finais de "Encontros com Belchior", um dos capítulos do meu próximo livro, "Brilhos", que prometo para o ano que vem.

Você, Belchior, sempre será lembrado como um dos maiores poetas da música brasileira. Sua voz ecoa em nossos corações, e suas canções continuam a nos inspirar. A saudade é imensa, mas a gratidão por tudo o que você nos deixou é ainda maior.

Com carinho e admiração, Paulo Gurgel

P.S. Aqui na terrinha, Vannick continua a cantar as coisas que aprendeu em seus discos. Conheci sua filha numa noite de autógrafos do avô Edmilson, de quem sou há muito tempo amigo.

PAULO GURGEL CARLOS DA SILVA - cearense (Fortaleza). Escritor, blogueiro e médico aposentado do Ministério da Saúde. Foi contemporâneo de Belchior na Faculdade de Medicina da UFC. Membro fundador da Sobrames Ceará e diretor da entidade no período de 1985 a 1987. Tem a biografia no livro "Portal de Memórias" e o currículo na Plataforma Lattes e na Wikipédia. Seu último livro publicado: "Edição Êxtase", em 2023.

sexta-feira, 30 de maio de 2025

O GLOSSÁRIO BILÍNGUE DO ARTIGO 26 (*)

Um glossário é uma lista alfabética de termos de um determinado domínio de conhecimento com a definição desses termos. E um glossário bilíngue seria, por exemplo, necessário à canção "Artigo 26", do compositor cearense Ednardo, por incluir em sua letra palavras francesas abrasileiradas.
Eis os termos na ordem em que se apresentam na canção:
anavantu [do fr. en avant tous] Todos avançando.
anarriê (do fr. en arrière) Recuando.
nê pa dê qua (do fr. ne pas de quoi) Não há de quê.
padê burrê (do fr. pas de bourrée) É um dos movimentos de ligação da dança clássica.
igualitê, fraternitê e libertê (do fr. liberté, égalité, fraternité) Os ideais da Revolução Francesa, que são as palavras-chave que definiam seu espírito e objetivos.
merci bocu (do fr. merci beaucoup) Muito obrigado.
(*) Art. 26 - São considerados, desde já, inimigos naturais dos Padeiros - o Clero, os alfaiates e a polícia. Nenhum Padeiro deve perder ocasião de patentear seu desagrado a essa gente. Estatutos da Padaria Espiritual (1892)

quarta-feira, 30 de abril de 2025

LIVROS: TEXTOS, ILUSTRAÇÕES, ABAS...

Verdeversos (CMC, 1981)
Minibiografia - Interiores - Quintal de infância - Desfazenda - Auto do Compadecido - A Vaga - Vesperal - Oriental - Até o último pedaço - Descubram seus rostos - Profética
Encontram-se (CMC, 1983)
O autor em sete parágrafos - Lapidação - Vesícula preguiçosa, fel de preparo instantâneo - O planeta dos homens e do macacos - Só dói quando eu penso - Não tenho abelhas mas vendo mel - Paulificante
MultiContos (BNB Clube, 1983)
Hetróclito, seus inimigos - Heteróclito, suas casas de pasto
Prosa e Poesia - Temos um pouco (CMC/Sobrames Ceará, 1984)
Auto-entrevista - Ave, avestruz - Um parafuso de menos - Tudo-Nada - Creme Bárbaro - Os gerúndios estão florindo - On the rocks
A Nova Literatura Brasileira 1984 (Shogun Arte, vol.2)
Inventando coisas...
Escritores Brasileiros (Crisalis, 1985)
Micropoemas do Infortúnio
Poetas do Brasil (Mirante, 1985)
Micropoemas do Infortúnio
Em Busca de Poesia, de Dalgimar Meneses (Gráfica VT, 1985)
Proemial (prefácio)
Criações (CMC/Sobrames Ceará, 1986)
Texto das abas do livro - Capa e ilustrações - Auto-entrevista - Diálogo de maluquetes n.º 1 - As lérias estão de volta - Diálogo de maluquetes n.º 2
A Cor do Fruto, de Fernando Novais (IOCE, 1986)
Texto das abas do livro
Sobre Todas as Coisas (CMC/Sobrames Ceará, 1987)
Fósforos - O Segundo - As coroas de Apolo - Em Cartaz - Branca das Neves
Nossos Momentos, de Wellington Alves (Stylus, 1988)
Texto da aba 1 do livro
Letra de Médico (Sobrames Ceará, 1989)
A mulher do próximo - O homem do contra - Ponto e Vírgula - A senhorita E - Pensamentos - Minha história
Efeitos Colaterais (Sobrames Ceará, 1990)
O brasileiro cordial - Mosca na sopa - Algaravia - O nome da coisa - O vendedor de estrelas
Meditações (Sobrames Ceará, 1991))
Fitas de máquina - O azar de Baltasar - Da arte de escrever cartas (Carta ao Lúcio e Carta ao Neno) - Os tíquetes do tempo - Murphy Show - Pão, circo e companhia
1.º Concurso Nacional de Prosa e Poesia (AMB, 1991)
O Caminho do Meio (7.º lugar) 
Outras Criações (Sobrames Ceará, 1992)
1992 - Memórias de Cubas... - Jorge, um cearense - O vampiro nordestino - Brigas na cozinha - Dr. Carta Pácio e o loteamento humano
Esme(L)radas (Sobrames Ceará, 1993)
Marcha à ré - Com a cara e a covardia - A roupa nova do rei (um conto revisitado) - A Bomba - Dr. Asdrúbal e a Morte
Prescrições (Sobrames Ceará, 1994)
O Farol - Arma Quente 1 - Arma Quente 2
Antologia Até Agora (Sobrames Ceará, 1983 - 1996)
Com a cara e a covardia - Ponto e Vírgula
Médicos Escritores e Escritores Médicos (UFC, 1998; org. Geraldo Bezerra)
Descubram seus rostos - Ponto e Vírgula
Marcelo Gurgel em Verso e Anverso (Edição do autor, 2003)
De irmão para irmão (mano a mano) - O despertar de um blogueiro
Otávio Bonfim, das Dores e dos Amores, de Marcelo Gurgel (UECE, 2008)
Texto das abas do livro
Dos Canaviais aos Tribunais, de Marcelo Gurgel e Márcia Gurgel, orgs. (Expressão, 2008)
Moradas e vizinhos - Arte materna
Achado Casual (Sobrames Ceará, 2008)
Arraias, paquetões e bolachinhas
Ressonâncias Literárias (Sobrames Ceará, 2009)
O bingo das pedras frias 
Receitas Literárias (Sobrames Ceará, 2010)
Fora do ar
Portal de Memórias (Expressão, 2011)
Diversos (coautor)
Sessent'anos de Caminhada, de Elsie Studart, org. (Expressão, 2013)
O "causeur" Marcelo Gurgel - Marcelo, versão 7.0 - Nota do Blog LT
Meia-Volta Volver!, de Marcelo Gurgel (2013)
O corneteiro de Pirajá - Pium e carapanã - Fraseologia militar 
Ordinário, Marche!, de Marcelo Gurgel (2015)
O índio nu - O índio e o português - Os índios mateiros
Anos Dourados em Otávio Bonfim, de Vicente Moraes (Iuris, 2017)
Texto da contracapa da 2.ª edição
Ombro, Arma!, de Marcelo Gurgel (2018)
Notas do Blog EM
Luiz, mais Luiz! (2018)
Diversos (coautor)
Pontos de Vista (Sobrames Ceará, 2019)
Prefácio
Poemas em Prelúdio, de João Evangelista (2019, in memoriam)
A noite do chá
Fora de Forma!, de Marcelo Gurgel (2020)
Antônio Sales e sua época - Wilson da Silva Bóia, o polímata - Voos  amazônicos (1974-75) - Benjamin Constant, Tabatinga e Letícia - Iquitos - A Pérola do Javari - A Islândia Sul-americana - Notas do Blog EM
Medicina, Meu Humor!, de Marcelo Gurgel (2022)
Prefácio da 2.ª edição
Uso Profilático (Sobrames Ceará, 2023)
A transição editorial do Centro Médico Cearense para a Sobrames Ceará, no período de1978 a 1987 (posfácio)
Um Septuagenário sob Distintas Ópticas, de Marcelo Gurgel, org. (Edição do autor, 2023)
O "causeur" Marcelo Gurgel - Marcelo, versão 7.0
Causos e Curiosidades Militares, de Marcelo Gurgel (2023)
Parte II: causos militares no Blog EM (adaptados)
A História de Elda (2023)
Diversos (coautor)
Edição Êxtase (Expressão, 2023
Diversos (autor)

domingo, 30 de março de 2025

KARMANN-GHIA E AS BORBOLETAS

Figuravam na letra original da canção "Paralelas", de Belchior:
No Karmann-Ghia (1) sobre o trevo a cem por hora,
Oh, meu amor!
Só tens agora os carinhos do motor.
E no escritório onde eu trabalho e fico rico
Quanto mais eu multiplico, diminui o meu amor.
Em cada luz de mercúrio vejo a luz do teu olhar,
Passas praças, viadutos, nem te lembras de voltar,
De voltar, de voltar.
No Corcovado quem abre os braços sou eu
Copacabana, esta semana o mar sou eu
E as borboletas do que fui pousam demais
Por entre as flores do asfalto em que tu vais.
(2)
E as paralelas dos pneus na água das ruas
São duas estradas nuas em que foges do que é teu
No apartamento, oitavo andar, abro a vidraça e grito
Grito quando o carro passa: teu infinito sou eu
Sou eu, sou eu, sou eu
No Corcovado... (repete)
NOTAS
(1) Substituído por: Dentro do carro. Na década de 1960, o Karmann-Ghia era um dos objetos de desejo dos playboys brasileiros. Surgido em 1955, da união do fabricante de carrocerias alemão Wilhelm Karmann com o italiano Luigi Segri - designer do estúdio Ghia, a excitante novidade foi também  fabricada em São Bernardo do Campo-SP, entre 1961 e 1975. Mas o Karmann-Ghia saiu da letra de "Paralelas", antes mesmo da marca desaparecer no mercado. Reparar que marcas de veículos é que não faltam na MPB: V2, Mustang cor de sangue, Corcel cor de mel, Fuscão preto, Brasília amarela, arrumamalaê, a Rural vai atolá...
(2) Substituído por: Como é perversa a juventude do meu coração / Que só entende o que é cruel, o que é paixão. Sem dúvida, uma das melhores passagens presentes no corpus da obra belchioriana!
VÍDEO (Vanusa, 1975)

sexta-feira, 28 de fevereiro de 2025

A 1.ª EDIÇÃO DO LIVRO "EPIDEMIOLOGIA & SAÚDE" DE M. ZÉLIA ROUQUAYROL

Autor:
MARIA ZÉLIA ROUQUAYROL
Colaboradores:
Atenção Primária em Saúde FÁTIMA MARIA FERNANDES VERAS
Saúde Mental JOSÉ JACKSON COELHO SAMPAIO
Saneamento Básico SUETÔNIO MOTA
Políticas de Saúde HERVAL PINA RIBEIRO
Saúde Ocupacional PAULO GURGEL CARLOS DA SILVA
Editado com o auxílio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq)
Impresso na Universidade de Fortaleza (UNIFOR). Fundação Educacional Edson Queiroz
Fortaleza, 1983. 327p.
Capa e ilustrações: Mário Kaúla
Adotado como livro-texto em Epidemiologia e Medicina Preventiva por diversas universidades do Brasil, "Epidemiologia & Saúde" encontra-se na 8.ª edição.

quinta-feira, 30 de janeiro de 2025

DR. CARTA PÁCIO E O HORÓSCOPO DOS ANIMAIS

Recebi esta carta do incansável missivista Dr. Carta Pácio:
Meu caro amigo,
Estou lançando as bases da criação de um horóscopo para animais. Não seria como um reles horóscopo humano que distribui os signos de acordo com as datas de nascimento. No modelo que acabo de criar, cada signo abrangeria todos os indivíduos de uma espécie, de um gênero ou de uma família. O que inclusive dispensaria saber a data em que cada bicho individualmente nasceu.
Aquário seria para todos os seres que vivem na água, excetuando-se os peixes, que já contariam com o signo de Peixes, e os crustáceos, que estariam incluídos em Câncer, cujo símbolo é caranguejo.
Nas quintas-feiras, o horóscopo alertaria os caranguejos para se esconderem nos mangues. Sob pena de serem desmembrados nos bares de Fortaleza.
Áries, para os carneiros.
Capricórnio, para as cabras.
Touro, para bovinos, bubalinos e demais ruminantes.
Gêmeos, para os canídeos. Em consideração à Luperca, a loba que amamentou Rômulo e Remo.
Leão, para grandes, médios e pequenos felinos.
Virgem, para os animais que se reproduzem por partenogêsese e que não estejam alocados em outro signo.
Libra seria extinto. Que aproveitamento eu posso dar a uma balança?
Escorpião, para escorpiões, aranhas e centopeias.
Sagitário também seria extinto (assim como os centauros). Ou, então, o reservaria aos perus cujas necessidades de horóscopo são vitais no Thanksgiving e na véspera de Natal.
Em caso de novas demandas, buscaríamos na astrologia chinesa a Serpente, o Galo, o Macaco e o Dragão (este último para atender o Dragão de Komodo)
Comentário
Algumas pessoas vivem suas vidas de acordo com o zodíaco, consultando as estrelas em uma base diária para ver o que há de vir, e usando o seu signo de nascimento como um guia para saber como vivem suas vidas. Essas pessoas astrologicamente ocupadas acreditam que as estrelas ditam seus destinos, e elas estão vivendo sob a suposição de que nasceram sob um horóscopo de doze signos, um para cada mês do ano.
Mas outras pessoas cientificamente ocupadas da NASA perguntaram-se por que os babilônios deram ao zodíaco 12 signos quando o sol realmente se move através de 13 constelações. Elas descobriram que os babilônios tinham um 13.º signo chamado Ophiuchus, Ofiúco ou Portador da Serpente, que eles decidiram descartá-lo para fazer o ajuste do Zodíaco a um calendário de 12 meses.
E, três mil anos depois, a vida daqueles que acreditam em astrologia foram alteradas porque estavam vivendo uma mentira baseada em signos.
DR. CARTA PÁCIO E ...