terça-feira, 30 de setembro de 2025

CANÇÕES

(parte 1 da trilogia CANÇÕES, PARÓDIAS E VIRUNDUNS)
A música tinha um papel relevante nas atividades recreativas da Turma de Médicos de 71 da UFC. Tanto em nossos passeios, piqueniques e tertúlias, quanto na grande excursão que fizemos pelo Brasil, Uruguai e Argentina, no verão de 1970.
Tínhamos, por assim dizer, a nossa trilha musical, da qual constavam canções da Época de Ouro da música brasileira (Noel, Pixinguinha, Ary), sambas-canções (Ataulfo, Lupiscínio, Dolores, Maysa) e boleros (Evaldo e Jair), guarânias (Vieira, Taiguara), ritmos nordestinos (Gonzaga, Jackson), marchinhas de carnaval (Lamartine, Braguinha), bossa nova (Tom, Vinicius, João, Menescal e Bôscoli, Toquinho, Lyra e os irmãos Valle), músicas da jovem guarda (Roberto e Erasmo), do rock patropi (Seixas, Rita), músicas de festivais (Chico, Edu, Vandré, Milton), da tropicália (Gil, Caetano, Gal e Betânia), do Pessoal do Ceará (Fagner, Ednardo e Belchior), e da emergente MPB.
As quais alternávamos com os hits que chegavam do exterior: músicas inglesas (Beatles, Rolling Stones), estadunidenses (Sinatra, Ray, Elvis, Dilan), latino-americanas (Trini Lopez, Bienvenido, Mercedes), francesas (Aznavour, Piaf), portuguesas (Amália) e italianas (Pavone, Endrigo, di Capri, Ornella).
Sim, contávamos também com as apresentações do colega ítalo-brasileiro, Roberto Misici, um profundo conhecedor de óperas e que fazia incursões no bel canto com sua maviosa voz de barítono.
Além dessas, havia a "Lorota Boa" (de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira), a qual, quando alguém puxava a letra a turma toda arrematava: "Que mentira / Que lorota boa / Que mentira / Que lorota boa".
Ademais, não sendo paródia nem virundum, mas apenas uma canção de domínio público, a "Maria Chiquinha": "Que 'ocê foi fazer no mato, Maria Chiquinha?"
E... na hora que nos encontrávamos de volta para casa? Certamente, estaríamos todos naquele ônibus fretado a entoar a clássica "Está chegando a hora". Uma adaptação para o cancioneiro nacional da célebre "Cielito Lindo", de Quirino Mendoza y Cortés.
Quem parte leva saudades de alguém
Que fica chorando de dor
Por isso eu não quero lembrar
Quando partiu meu grande amor.
Ai, ai, ai ai, ai ai ai
Está chegando a hora
O dia já vem raiando, meu bem
Eu tenho que ir embora.
"Cielito Lindo", para quem não sabe, é mexicana. E o tema da letra original é bem diferente do que é conhecido no Brasil.

sábado, 30 de agosto de 2025

MEMÓRIA. A GRANDE EXCURSÃO

OS PREPARATIVOS DA EXCURSÃO
Em 1966, nós, os calouros da Faculdade de Medicina reunidos em assembleia, escolhemos por aclamação os representantes da turma para as disciplinas do 1.º ano. Na mesma ocasião, decidimos também sobre a criação de uma entidade (informal) que recebeu o nome de Clube Andreas Vesalius, incorporando o nome latinizado de Andries van Wiesel, famoso médico flamengo que viveu entre 1514 e 1564.
O nome do autor de De humani corporis fabrica (No tecido do corpo humano), que é referido como o fundador da moderna Anatomia, foi escolhido também por aclamação. Era a Anatomia, com a dissecação dos cadáveres humanos conservados em formol e com o manuseio dos esqueletos remontados, a disciplina que dominava mais fortemente o nosso imaginário.
Qualquer nome que não viesse da área da Anatomia seria fatalmente rejeitado. Em meio a outras disciplinas como Histologia e Embriologia, a Bioquímica e a Biostatística...
A ideia principal, e talvez única, era a de que o clube se destinaria a viabilizar uma grande excursão que faríamos adiante.
Então, toca a trabalhar, arrecadando dinheiro em rifas e tertúlias. E também organizando-nos em grupos que, em períodos noturnos, visitávamos as residências de nossos mestres em busca de doações. Até abrimos um "Livro de Ouro" para que eles se sentissem, ao fazerem suas doações, como se estivessem participando de algo grandioso. É verdade que houve um deles que nos despachou com um ditado ("quem não pode com o pote, não pega na rodilha"), mas esse, no devido tempo (no período de nossa  formatura), recebeu o troco: não foi lembrado para ser patrono nem paraninfo.
Além disso, havia as contribuições que nós, futuros excursionistas, pagávamos mensalmente. Sob pena de ter o nome cortado da excursão (o que, aliás, quase aconteceu a este escrivão de bordo).
No início de 1970, com o dinheiro apurado nos quatro anos anteriores, fretamos um ônibus que nos levaria a uma excursão pelo Nordeste, Sudeste e Sul do Brasil. O plano de viagem incluía, após atravessarmos a fronteira, irmos ao Uruguai e à Argentina - o plus que destacaria a Turma Andreas Vesalius da Faculdade de Medicina da UFC das turmas precedentes que haviam excursionado apenas por território nacional. A nossa turma, portanto, seria a que iria mais longe numa excursão - além de Taprobana, como diria Camões.
Esse roteiro fora feito por um grupo que assumiu a liderança.
Éramos trinta e poucos (de quase uma centena de alunos), em nossas férias do término do quarto ano de medicina. 
Mas...
O número de excursionistas ultrapassava o de assentos no ônibus!
Divulgou-se, de última hora, a abertura de vagas para quem quisesse aderir ao IDP, o Instituto da Desistência Premiada. Apareceram desistentes e o número de excursionistas foi fechado..
Não houve necessidade de providenciar passaporte, apenas a obrigatoriedade de tomar a vacina contra a febre amarela.
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A PARTE BRASILEIRA DA EXCURSÃO
Dois motoristas se revezariam na direção do ônibus: Nelson e Josué. Devido a barbaridades explícitas na estrada que deixaram a gente de cabelo em pé, o segundo logo foi afastado da função. Isto fez com que o Nelson ficasse sobrecarregado em seu trabalho durante a viagem, atingindo os limites dessa situação na fase do retorno.
1) Salvador. Nós, os rapazes, ficamos alojados em uma unidade do Exército, enquanto as moças, em menor número no grupo, foram conduzidas a um hotel. Naqueles anos de chumbo, de descontentamento de parte dos estudantes universitários com as medidas repressivas do governo, a hospedagem fazia parte da "política de boa vizinhança" da ditadura militar. Minhas lembranças de Salvador incluem a Cidade Baixa, o Elevador Lacerda e o Mercado Modelo, onde adquiri uma sacola de fibra vegetal (que foi apelidada de caçuá). Houve também passeio na Baía de Todos os Santos, Iha de Itaparica e, numa das noites, fomos ao restaurante Varandá, o qual descobrimos se tratar de um reduto LGBTIQIA+ (estou usando a nomenclatura atualizada).
2) Rio de Janeiro. Ficamos na Casa do Marinheiro, na Praça Mauá. Por motivos óbvios, nossas colegas tornariam a se hospedar num hotel, o que talvez tenha sido a causa de uma amotinação masculina. Exigia-se que o "tesoureiro" da excursão  fizesse a imediata  partilha dos recursos financeiros comuns. Daí para frente, cada um iria administrar sua parte no espólio. Lembro-me de termos ido à Ilha de Paquetá (acesso através de barcas que partem da Praça XV), ao Maracanã (onde assistimos a um jogo de futebol), ao Corcovado (leia-se: Cristo Redentor), a alguma praia da Zona Sul e de termos passeado no bondinho do Pão de Açúcar. Fui procurado por um marujo, Eduardo César, meu primo em 2.º grau, com a proposta de me mostrar o Rio e que me pegou um dinheiro emprestado (acho que não paga mais). Na Cidade Maravilhosa foi quando chegou ao auge o "campeonato de xexo" disputado por alguns colegas.
Xexo Caloteiro (Nordeste)
A palavra xexo vem de seixo (pedrinha). Antigamente, quando se usavam pedras preciosas como dinheiro, os espertos misturam seixos com as pedras preciosas para enganar os outros. Surgiu, aí, a expressão "dar o seixo", que virou "dar o xexo", que quer dizer "deixar de pagar, dar o calote".
3) São Paulo. Hospedamo-nos no Pacaembu, o estádio. Fomos visitados por um colega de uma turma anterior e líder estudantil que, por motivos políticos, vivia clandestino em São Paulo. Ao se despedir nos quotizamos para ajudá-lo naqueles tempos difíceis. E descemos a Serra do Mar para conhecer Santos e Guarujá.
4) Curitiba. Onde nos hospedamos na Casa do Estudante. Foi inesquecível aquela  experiência de descer de trem a Serra do Mar até o porto de Paranaguá. Saibam que até hoje a tal viagem turística ainda existe, mas até Morretes. Desta cidade, passando por Antonina, e com o turista voltando pela belíssima Estrada da Graciosa para Curitiba. No trecho Sul da excursão, demos carona a um gringo de nome Michel. Artur brincava muito com ele ao ensinar português.
5) Porto Alegre. Tinha uma Serra Gaúcha no meio do caminho, no meio do caminho tinha uma Serra Gaúcha - com vinhos para a nossa degustação. Chegamos a Porto Alegre onde os alojamentos de outro quartel nos esperavam. Numa das noites fomos a um teatro para um show da Gal Costa. Tive a nítida impressão de que ela cantava só para mim (o pior é que outros também pensaram assim com relação a si próprios).
No Chuí (ou Jaguarão), passamos o dia atarefados em resolver nossos entraves burocráticos para podermos atravessar a fronteira. Carreguei a mão na quantidade de azeite que pus no almoço, e atribuí a isso os distúrbios intestinais que me afligiram nas horas seguintes.
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A PARTE ESTRANGEIRA DA EXCURSÃO
6) Montevidéu. Jantamos nos arredores da cidade. No restaurante que eu, pressionado por fortes cólicas, escolhi no grito. Fomos tungados na conta (Maureen, por exemplo, não jantou) e, ameaçados pelo dono ("voy a llamar la policía"), pagamos o que ele queria. Passeamos no Centro Histórico de Montevidéu, assistimos a um jogo de futebol no Estádio Centenário e fizemos um passeio do tipo bate-volta a  Punta del Este. Por fim, fomos a Colonia del Sacramento para a travessia do Rio da Prata (este detalhe me foi lembrado por Nelson Cunha), com destino à capital portenha.
7) Buenos Aires. Acho que houve uma dispersão do grupo por vários hotéis. Hospedei-me num hotel da Avenida Corrientes, no Centro Histórico de Buenos Aires, que tinha um elevador vintage. Ficava perto da Casa Rosada, da Plaza de Mayo e do Obelisco, o monumento erguido na Praça da República, no cruzamento das avenidas Corrientes e 9 de Julio. Foi onde conheci um Metrô. Tirei fotografias - sem flash - do Metrô de Buenos Aires que só captaram as luzes internas.
Chamaram-me a atenção seus ônibus urbanos: eram pequenos e não tinham cobradores. Escolhi um restaurante para jantar, pollo (frango) y vino. E, no passeio que fiz em La Boca, deparei-me com outro restaurante de grande animação. Era a turma que já estava lá. Subi ao palco para cantar "Garota de Ipanema". E , ao voltar para o hotel, cantei "Sebastiana" no carro de um argentino em que alguns de nós pegamos carona.
Corrientes, 348. Esse endereço em Buenos Aires foi imortalizado por Carlos Gardel, no tango "A Media Luz", um dos mais conhecidos dos chamados "tangos clássicos". Descrito na canção de uma forma envolvente e romântica, já não era mais um hotel e no local existia um estacionamento.
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A VOLTA PARA FORTALEZA
8) Porto Alegre (2.ª vez). Carnaval (que acontecia no período de 7 a 10 de fevereiro) no Partenon Tênis Clube, na av. Bento Gonçalves. Problemas particulares me motivaram a antecipar  meu retorno para Fortaleza. Na rodoviária de Porto Alegre, peguei um ônibus para o Rio de Janeiro. E, na rodoviária Novo Rio, comprei passagem para um segundo ônibus com destino a Fortaleza. Com algumas horas noturnas disponíveis na Cidade Maravilhosa procurei um hotel para a dormida. Mas quem disse, Berenice? O hotel em que me hospedei, apesar de ficar bem próximo da rodoviária, era uma espelunca. E tinha um postigo que, por não fechar, expunha um medroso hóspede à curiosidade pública. Não dormi, claro. Nunca uma espelunca, como disse o Chico.
A fuga do Nelson 
Não estou me reportando ao colega Nelson José da Cunha.
Na década de 2010, atendi algumas vezes o paciente N.A.F. na Multiclínica Fortaleza. Era o motorista Nelson da excursão! Septuagenário, lúcido e com bom estado geral, porém apresentando uma doença associada ao tabagismo em estádio avançado. Numa de suas consultas, Nelson me contou uma história interessante. Quando o grupo voltava para Fortaleza, houve uma noite em que ele foi muito pressionado para não interromper a viagem. No entanto, sentindo-se muito cansado, ele procurou uma pousada para descansar. E não informou a ninguém onde foi dormir. No dia seguinte, reassumiu o volante do ônibus. Se houve quem não gostasse dessa conduta? Sim, mas Nelson agiu assim para o bem de todos.
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Relação dos participantes
Colares, Paulo, Valdenor, Lages, Daniel, Zé Leite, Portela, Beto, Edson, Nelson, César, Ercílio, Clóvis, Mário, Artur
Adriana, Imeuda, Lúcia, Leni. Maureen, Maura, Mazé, Maria Alice, Maria Regina, Noelma

quarta-feira, 30 de julho de 2025

O POÇO DA ALDEIA

De fato!
Jacó encontrou a companheira no poço da aldeia.
Moisés encontrou a companheira no poço da aldeia.
Saul perguntou sobre o profeta Samuel no poço da aldeia.
Tudo acontece no poço da aldeia!
Exegese
"O poço da aldeia", no sentido literal, pode se referir a um poço real em uma aldeia, um lugar físico onde as pessoas vão para buscar água e onde ocorrem encontros e interações. No sentido figurado, a frase "Tudo acontece no poço da aldeia" pode ser usada para descrever um local onde acontecem eventos diversos, muitas vezes de forma não planejada ou inesperada.

segunda-feira, 30 de junho de 2025

MEU CARO AMIGO BELCHIOR

Meu caro amigo, eu não pretendo provocar
Nem atiçar suas saudades
Mas acontece que não posso me furtar
A lhe contar as novidades.

(Chico Buarque)

Pouco tempo depois de sua passagem para o lado de cima, você foi homenageado, em 18 de maio de 2017, com a criação do Centro Cultural Belchior na Praia de Iracema. É um equipamento da Prefeitura de Fortaleza, gerido em parceria com o Instituto Cultural Iracema, para dar espaço e apoio à cena musical cearense. Em suma, o centro é um lugar onde a música e as pessoas da música se encontram e compartilham estéticas e narrativas contemporâneas.

Sua memória também foi eternizada em seis CDs, remasterizados no box "Tudo Outra Vez" (2018), que trouxe à baila para as novas gerações suas obras-primas gravadas entre 1974 e 1982.

Em 30 de março de 2022, outro dia histórico para a Cultura em nosso Estado, foi inaugurado na antiga Estação João Felipe, em Fortaleza, o Complexo Cultural Estação das Artes Belchior. Um equipamento restaurado e modernizado pelo governo do Ceará, que conta com mercado das artes, pinacoteca, feira gastronômica, salas de exposição, biblioteca e museu ferroviário, além de também abrigar as sedes da Secult e do Iphan.

Ademais, você se aqui faz presente em livros, folhetos e que tais. Livros que falam de sua vida e sua obra, eu já cataloguei quatorze. Em folhetos de cordel, segundo o pesquisador Alberto Perdigão, você é o protagonista de dezenove deles (nesta categoria, apenas perde em abordagens para Luiz Gonzaga e, talvez, para Jackson do Pandeiro).

Belchior, o que há de teses, dissertações, monografias e artigos que lhe fazem referências é escomunal (a palavra existe). Você, Raul Seixas, Erasmo e Rita Lee entraram para o mainstream, sem nunca apostar nisso. Além disso, artistas plásticos e grafiteiros das terras estão a lhe prestar homenagens com murais e caricaturas, celebrando sua imagem e legado.

Estátuas que lhe são alusivas brotaram pelo Ceará. Em Sobral, onde você é homenageado com uma escultura de bronze em tamanho real numa praça da cidade. No Cantinho do Frango, lugar historicamente visitado pelo Pessoal do Ceará (Ednardo, Fausto Nilo, Rodger Rogério...) e pelo "popstar" Falcão... ah, a estátua de lá tem mesa cativa. E, na Pousada dos Capuchinhos, em Guaramiranga? Frei Francisco Antônio de Sobral (como você queria ser chamado).

Em todos os monumentos que acabo de citar, seu alter ego mineral aparece empunhando um violão!

Não posso ignorar os blocos carnavalescos. Como o "Volta Belchior", um dos blocos mais populares de Belo Horizonte, com grande adesão de foliões. E, dando um pulo ao Carnaval de Recife, o bloco "Sujeito de Sorte", que inclui um boneco gigante e músicas belchiorianas desde a concentração. Além disso, o bloco "Ano Passado Eu Morri Mas Esse Ano Eu Não Morro", que também é inspirado em você. Aquela explosão de alegria e irreverência que faz trepidar as ruas paulistanas com marchinhas, sambas e releituras de seus clássicos. Acho que os nomes desses blocos lhe soam familiares, não?

Ah, a falta que a falta faz! Na última noite de agosto, apareci no Belch Bar, em Dionísio Torres, para beber à sua memória. Na agradável companhia do compositor Ricardo Bezerra, enquanto o trovador eletrônico Jorge Mello, contava causos e cantava canções da profícua parceria que ele teve com você. Para matar a tristeza só mesa de bar, como disse o mais brega dos poetas. E toca a trabalhar nos retoques finais de "Encontros com Belchior", um dos capítulos do meu próximo livro, "Brilhos", que prometo para o ano que vem.

O que teremos em 2026: 50 anos de Alucinação; Nascido em Sobral, 80anos se vivo fosse; 300 anos da fundação de Fortaleza, a cidade antes do Sudeste Maravilha. Todo poeta tem seu carteiro de estimação e você tem o seu: Nonato Nogueira. É ele quem reúne amigos e fãs em antologias...

Você, Belchior, sempre será lembrado como um dos maiores poetas da música brasileira. Sua voz ecoa em nossos corações, e suas canções continuam a nos inspirar. A saudade é imensa, mas a gratidão por tudo o que você nos deixou é ainda maior.

Com carinho e admiração, Paulo Gurgel

P.S. Aqui na terrinha, Vannick continua a cantar as coisas que aprendeu em seus discos. Conheci sua filha numa noite de autógrafos do avô Edmilson, de quem sou há muito tempo amigo. 

[AINDA EM ELABORAÇÃO]

PAULO GURGEL CARLOS DA SILVA - cearense (Fortaleza). Escritor, blogueiro e médico aposentado do Ministério da Saúde. Foi contemporâneo de Belchior na Faculdade de Medicina da UFC. Membro fundador da Sobrames Ceará e diretor da entidade no período de 1985 a 1987. Tem a biografia no livro "Portal de Memórias" e o currículo na Plataforma Lattes e na Wikipédia. Seu último livro publicado: "Edição Êxtase", em 2023.

sexta-feira, 30 de maio de 2025

O GLOSSÁRIO BILÍNGUE DO ARTIGO 26 (*)

Um glossário é uma lista alfabética de termos de um determinado domínio de conhecimento com a definição desses termos. E um glossário bilíngue seria, por exemplo, necessário à canção "Artigo 26", do compositor cearense Ednardo, por incluir em sua letra palavras francesas abrasileiradas.
Eis os termos na ordem em que se apresentam na canção:
anavantu [do fr. en avant tous] Todos avançando.
anarriê (do fr. en arrière) Recuando.
nê pa dê qua (do fr. ne pas de quoi) Não há de quê.
padê burrê (do fr. pas de bourrée) É um dos movimentos de ligação da dança clássica.
igualitê, fraternitê e libertê (do fr. liberté, égalité, fraternité) Os ideais da Revolução Francesa, que são as palavras-chave que definiam seu espírito e objetivos.
merci bocu (do fr. merci beaucoup) Muito obrigado.
(*) Art. 26 - São considerados, desde já, inimigos naturais dos Padeiros - o Clero, os alfaiates e a polícia. Nenhum Padeiro deve perder ocasião de patentear seu desagrado a essa gente. Estatutos da Padaria Espiritual (1892)

quarta-feira, 30 de abril de 2025

LIVROS: TEXTOS, ILUSTRAÇÕES, ABAS...

Verdeversos (CMC, 1981)
Minibiografia - Interiores - Quintal de infância - Desfazenda - Auto do Compadecido - A Vaga - Vesperal - Oriental - Até o último pedaço - Descubram seus rostos - Profética
Encontram-se (CMC, 1983)
O autor em sete parágrafos - Lapidação - Vesícula preguiçosa, fel de preparo instantâneo - O planeta dos homens e do macacos - Só dói quando eu penso - Não tenho abelhas mas vendo mel - Paulificante
MultiContos (BNB Clube, 1983)
Hetróclito, seus inimigos - Heteróclito, suas casas de pasto
Prosa e Poesia - Temos um pouco (CMC/Sobrames Ceará, 1984)
Auto-entrevista - Ave, avestruz - Um parafuso de menos - Tudo-Nada - Creme Bárbaro - Os gerúndios estão florindo - On the rocks
A Nova Literatura Brasileira 1984 (Shogun Arte, vol.2)
Inventando coisas...
Escritores Brasileiros (Crisalis, 1985)
Micropoemas do Infortúnio
Poetas do Brasil (Mirante, 1985)
Micropoemas do Infortúnio
Em Busca de Poesia, de Dalgimar Meneses (Gráfica VT, 1985)
Proemial (prefácio)
Criações (CMC/Sobrames Ceará, 1986)
Texto das abas do livro - Capa e ilustrações - Auto-entrevista - Diálogo de maluquetes n.º 1 - As lérias estão de volta - Diálogo de maluquetes n.º 2
A Cor do Fruto, de Fernando Novais (IOCE, 1986)
Texto das abas do livro
Sobre Todas as Coisas (CMC/Sobrames Ceará, 1987)
Fósforos - O Segundo - As coroas de Apolo - Em Cartaz - Branca das Neves
Nossos Momentos, de Wellington Alves (Stylus, 1988)
Texto da aba 1 do livro
Letra de Médico (Sobrames Ceará, 1989)
A mulher do próximo - O homem do contra - Ponto e Vírgula - A senhorita E - Pensamentos - Minha história
Efeitos Colaterais (Sobrames Ceará, 1990)
O brasileiro cordial - Mosca na sopa - Algaravia - O nome da coisa - O vendedor de estrelas
Meditações (Sobrames Ceará, 1991))
Fitas de máquina - O azar de Baltasar - Da arte de escrever cartas (Carta ao Lúcio e Carta ao Neno) - Os tíquetes do tempo - Murphy Show - Pão, circo e companhia
1.º Concurso Nacional de Prosa e Poesia (AMB, 1991)
O Caminho do Meio (7.º lugar) 
Outras Criações (Sobrames Ceará, 1992)
1992 - Memórias de Cubas... - Jorge, um cearense - O vampiro nordestino - Brigas na cozinha - Dr. Carta Pácio e o loteamento humano
Esmera(L)das (Sobrames Ceará, 1993)
Marcha à ré - Com a cara e a covardia - A roupa nova do rei (um conto revisitado) - A Bomba - Dr. Asdrúbal e a Morte
Prescrições (Sobrames Ceará, 1994)
O Farol - Arma Quente 1 - Arma Quente 2
Antologia Até Agora (Sobrames Ceará, 1983 - 1996)
Com a cara e a covardia - Ponto e Vírgula
Médicos Escritores e Escritores Médicos (UFC, 1998; org. Geraldo Bezerra)
Descubram seus rostos - Ponto e Vírgula
Marcelo Gurgel em Verso e Anverso (Edição do autor, 2003)
De irmão para irmão (mano a mano) - O despertar de um blogueiro
Otávio Bonfim, das Dores e dos Amores, de Marcelo Gurgel (UECE, 2008)
Texto das abas do livro
Dos Canaviais aos Tribunais, de Marcelo Gurgel e Márcia Gurgel, orgs. (Expressão, 2008)
Moradas e vizinhos - Arte materna
Achado Casual (Sobrames Ceará, 2008)
Arraias, paquetões e bolachinhas
Ressonâncias Literárias (Sobrames Ceará, 2009)
O bingo das pedras frias 
Receitas Literárias (Sobrames Ceará, 2010)
Fora do ar
Portal de Memórias (Expressão, 2011)
Diversos (coautor)
Sessent'anos de Caminhada, de Elsie Studart, org. (Expressão, 2013)
O "causeur" Marcelo Gurgel - Marcelo, versão 7.0 - Nota do Blog LT
Meia-Volta Volver!, de Marcelo Gurgel (2013)
O corneteiro de Pirajá - Pium e carapanã - Fraseologia militar 
Ordinário, Marche!, de Marcelo Gurgel (2015)
O índio nu - O índio e o português - Os índios mateiros
Anos Dourados em Otávio Bonfim, de Vicente Moraes (Iuris, 2017)
Texto da contracapa da 2.ª edição
Ombro, Arma!, de Marcelo Gurgel (2018)
Notas do Blog EM
Luiz, mais Luiz! (2018)
Diversos (coautor)
Pontos de Vista (Sobrames Ceará, 2019)
Prefácio
Poemas em Prelúdio, de João Evangelista (2019, in memoriam)
A noite do chá
Fora de Forma!, de Marcelo Gurgel (2020)
Antônio Sales e sua época - Wilson da Silva Bóia, o polímata - Voos  amazônicos (1974-75) - Benjamin Constant, Tabatinga e Letícia - Iquitos - A Pérola do Javari - A Islândia Sul-americana - Notas do Blog EM
Medicina, Meu Humor!, de Marcelo Gurgel (2022)
Prefácio da 2.ª edição
Uso Profilático (Sobrames Ceará, 2023)
A transição editorial do Centro Médico Cearense para a Sobrames Ceará, no período de1978 a 1987 (posfácio)
Um Septuagenário sob Distintas Ópticas, de Marcelo Gurgel, org. (Edição do autor, 2023)
O "causeur" Marcelo Gurgel - Marcelo, versão 7.0
Causos e Curiosidades Militares, de Marcelo Gurgel (2023)
Parte II: causos militares no Blog EM (adaptados)
A História de Elda (2023)
Diversos (coautor)
Edição Êxtase (Expressão, 2023
Diversos (autor)

domingo, 30 de março de 2025

KARMANN-GHIA E AS BORBOLETAS

Figuravam na letra original da canção "Paralelas", de Belchior:
No Karmann-Ghia (1) sobre o trevo a cem por hora,
Oh, meu amor!
Só tens agora os carinhos do motor.
E no escritório onde eu trabalho e fico rico
Quanto mais eu multiplico, diminui o meu amor.
Em cada luz de mercúrio vejo a luz do teu olhar,
Passas praças, viadutos, nem te lembras de voltar,
De voltar, de voltar.
No Corcovado quem abre os braços sou eu
Copacabana, esta semana o mar sou eu
E as borboletas do que fui pousam demais
Por entre as flores do asfalto em que tu vais.
(2)
E as paralelas dos pneus na água das ruas
São duas estradas nuas em que foges do que é teu
No apartamento, oitavo andar, abro a vidraça e grito
Grito quando o carro passa: teu infinito sou eu
Sou eu, sou eu, sou eu
No Corcovado... (repete)
NOTAS
(1) Substituído por: Dentro do carro. Na década de 1960, o Karmann-Ghia era um dos objetos de desejo dos playboys brasileiros. Surgido em 1955, da união do fabricante de carrocerias alemão Wilhelm Karmann com o italiano Luigi Segri - designer do estúdio Ghia, a excitante novidade foi também  fabricada em São Bernardo do Campo-SP, entre 1961 e 1975. Mas o Karmann-Ghia saiu da letra de "Paralelas", antes mesmo da marca desaparecer no mercado. Reparar que marcas de veículos é que não faltam na MPB: V2, Mustang cor de sangue, Corcel cor de mel, Fuscão preto, Brasília amarela, arrumamalaê, a Rural vai atolá...
(2) Substituído por: Como é perversa a juventude do meu coração / Que só entende o que é cruel, o que é paixão. Sem dúvida, uma das melhores passagens presentes no corpus da obra belchioriana!
VÍDEO (Vanusa, 1975)

sexta-feira, 28 de fevereiro de 2025

A 1.ª EDIÇÃO DO LIVRO "EPIDEMIOLOGIA & SAÚDE" DE M. ZÉLIA ROUQUAYROL

Autor:
MARIA ZÉLIA ROUQUAYROL
Colaboradores:
Atenção Primária em Saúde FÁTIMA MARIA FERNANDES VERAS
Saúde Mental JOSÉ JACKSON COELHO SAMPAIO
Saneamento Básico SUETÔNIO MOTA
Políticas de Saúde HERVAL PINA RIBEIRO
Saúde Ocupacional PAULO GURGEL CARLOS DA SILVA
Editado com o auxílio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq)
Impresso na Universidade de Fortaleza (UNIFOR). Fundação Educacional Edson Queiroz
Fortaleza, 1983. 327p.
Capa e ilustrações: Mário Kaúla
Adotado como livro-texto em Epidemiologia e Medicina Preventiva por diversas universidades do Brasil, "Epidemiologia & Saúde" encontra-se na 8.ª edição.

quinta-feira, 30 de janeiro de 2025

DR. CARTA PÁCIO E O HORÓSCOPO DOS ANIMAIS

Recebi esta carta do incansável missivista Dr. Carta Pácio:
Meu caro amigo,
Estou lançando as bases da criação de um horóscopo para animais. Não seria como um reles horóscopo humano que distribui os signos de acordo com as datas de nascimento. No modelo que acabo de criar, cada signo abrangeria todos os indivíduos de uma espécie, de um gênero ou de uma família. O que inclusive dispensaria saber a data em que cada bicho individualmente nasceu.
Aquário seria para todos os seres que vivem na água, excetuando-se os peixes, que já contariam com o signo de Peixes, e os crustáceos, que estariam incluídos em Câncer, cujo símbolo é caranguejo.
Nas quintas-feiras, o horóscopo alertaria os caranguejos para se esconderem nos mangues. Sob pena de serem desmembrados nos bares de Fortaleza.
Áries, para os carneiros.
Capricórnio, para as cabras.
Touro, para bovinos, bubalinos e demais ruminantes.
Gêmeos, para os canídeos. Em consideração à Luperca, a loba que amamentou Rômulo e Remo.
Leão, para grandes, médios e pequenos felinos.
Virgem, para os animais que se reproduzem por partenogêsese e que não estejam alocados em outro signo.
Libra seria extinto. Que aproveitamento eu posso dar a uma balança?
Escorpião, para escorpiões, aranhas e centopeias.
Sagitário também seria extinto (assim como os centauros). Ou, então, o reservaria aos perus cujas necessidades de horóscopo são vitais no Thanksgiving e na véspera de Natal.
Em caso de novas demandas, buscaríamos na astrologia chinesa a Serpente, o Galo, o Macaco e o Dragão (este último para atender o Dragão de Komodo)
Comentário
Algumas pessoas vivem suas vidas de acordo com o zodíaco, consultando as estrelas em uma base diária para ver o que há de vir, e usando o seu signo de nascimento como um guia para saber como vivem suas vidas. Essas pessoas astrologicamente ocupadas acreditam que as estrelas ditam seus destinos, e elas estão vivendo sob a suposição de que nasceram sob um horóscopo de doze signos, um para cada mês do ano.
Mas outras pessoas cientificamente ocupadas da NASA perguntaram-se por que os babilônios deram ao zodíaco 12 signos quando o sol realmente se move através de 13 constelações. Elas descobriram que os babilônios tinham um 13.º signo chamado Ophiuchus, Ofiúco ou Portador da Serpente, que eles decidiram descartá-lo para fazer o ajuste do Zodíaco a um calendário de 12 meses.
E, três mil anos depois, a vida daqueles que acreditam em astrologia foram alteradas porque estavam vivendo uma mentira baseada em signos.
DR. CARTA PÁCIO E ...

segunda-feira, 30 de dezembro de 2024

RELÓGIO E ANOS DO CÃO

Equivalência
Se um "ano do cão" é equivalente a sete anos humanos, então o tempo passa sete vezes mais rapidamente para os cães do que para os seres humanos.
⌚🐕 = ⌚👨👨👨👨👨👨👨 
Em 1990, Rodney Metts inventou um relógio que refletindo esta relação, avançava em sete vezes a velocidade normal.
Esta é uma dica e tanto. Tanto para você quanto para seu animal de estimação:
Se um cão é mantido trancado no porão de uma casa durante oito ou nove horas, por exemplo, enquanto o seu dono está ausente, o tempo decorrido no relógio do cão será de 56 a 63 horas ou cerca de dois dias e meio. Um passeio de uma hora em um automóvel irá registrar sete horas em um relógio do cão. Assim, o valor em "tempo cão" de uma atividade humana vai se tornar logo aparente.
Acima está é uma figura que ilustra a patente do invento. O item 10 é o cão.
Por fim, uma grande lição que aprendi na meia-idade
É que sempre que um amigo menciona que seu cachorro tem mais de 12 anos e/ou que seus pais têm mais de 85 anos, NUNCA pergunte a ele no futuro sobre seu cachorro e/ou sobre seus pais. Deixe SEMPRE que eles toquem no assunto primeiro. 
Devo essa lição a Matt Haughey.

sábado, 30 de novembro de 2024

ANIMAIS COAUTORES

Galadriel, o galgo afegão
Polly Matzinger, nascida em 1947, é uma cientista estadunidense que propôs uma nova explicação de como o sistema imunológico funciona. É o chamado Modelo de Perigo (Danger Model). Este trabalho, publicado no Journal of Experimental Medicine, em 1978, e tendo Galadriel Mirkwood como coautor, pode ser lido em arquivo PDF. Aqui. Antes de ser cientista, Polly Matzinger teve uma carreira incomum. Foi coelhinha da Playboy, garçonete, música de jazz, carpinteira e treinadora de cães. Como cientista, entretanto, ela teve sérios problemas com o editor da revista científica. Ele, após fazer restrições preconceituosas ao nome de Galadriel Mirkwood no primeiro trabalho, não consentiu mais a publicação de outros artigos da pesquisadora no Journal. A cientista tinha porém "n" justificativas: Não gostava de escrever na primeira pessoa. Nem na voz passiva. Além disso, Galadriel era tão envolvido em suas pesquisas como outros coautores por aí. Etc. Depois da questão levantada, Polly Matzinger só retornaria às páginas da revista em 1995. Quando o editor do J. Exp. Med já era. Até então, ela vinha publicando seus trabalhos na Science, Ann NY Acad Sci, J Immunol, Proc Transplant, Med Nature e Nature Immunology.

Asya, a gata
O linguista soviético Yuri Knorozov foi fundamental na decifração da escrita maia. Durante toda a sua  vida, ele tentou ser creditado pela obra com a gata Asya, mas seus editores sempre recusaram. Em 2012, os mexicanos o homenagearam com um monumento que incluía sua amada gata.

quarta-feira, 30 de outubro de 2024

O CENTENÁRIO COLÍRIO MOURA BRASIL

Foi em 1913 que o oftalmologista José Cardoso de Moura Brasil chegou à fórmula que mudaria sua vida e a de alguns de seus descendentes. Instilada em olhos sensíveis ou irritados, essa combinação de cloridrato de nafazolina (vasoconstrictor), sulfato de zinco, ácido bórico e borato de sódio tornou-se, em pouco tempo, o mais popular colírio no Brasil. Segundo seu neto Oswaldo Moura Brasil, também oftalmologista, "colírios com vasoconstritores em sua fórmula fazem com que os olhos fiquem branquinhos e brilhantes quase que imediatamente".
O Colírio Moura Brasil ganhou fama principalmente a partir de 1934, quando começou a ser anunciado em programas de rádio, com jingles cantados por estrelas em ascensão, como Ângela Maria e Luiz Gonzaga. 
Seu slogan era "duas gotas, dois minutos, dois olhos limpos". [1] 
O Colírio Moura Brasil também patrocinou programas importantes, como "Curiosidades Musicais", apresentado por Almirante e transmitido em rede para várias partes do Brasil pela Rádio Nacional. 
Em 1951-52, o Rei do Baião foi contratado para promover o colírio em excursões pelo Brasil. [2]
O Moura Brasil tinha, na época, como principal concorrente o colírio Lavolho, que também usava de semelhantes estratégias de marketing.
Em 1959, a Rainha do Rock Celly Campelo e Carlos José, contratados da Odeon, gravaram um jingle para o Colírio Moura Brasil. [3] 
E, com o advento dos iPhones, o próprio fabricante teve a ideia de lançar um aplicativo gratuito com a finalidade de clarear os olhos vermelhos nas fotografias digitalizadas - com apenas um toque! [4] 
Cronologia
1846 Nasce em 10 de fevereiro, no povoado de Caixa-só, atual Pereiro-CE, José Cardoso de Moura Brasil
1870 Forma-se pela Faculdade de Medicina da Bahia e defende a tese  de doutoramento "Tratamento cirúrgico da catarata"
1871 Permanece durante três anos na Europa (Paris, Londres e Viena), especializando-se em oftalmologia
1875 Atende na Santa Casa da Misericórdia, no Ceará
1876 Muda-se para o Rio de Janeiro, onde foi um dos primeiros moradores de Ipanema
1882 Funda no RJ uma Policlínica, da qual foi diretor durante 43 anos
1891 Preside a Academia Nacional de Medicina [5]
1913 Lança o colírio que leva seu nome
1928 Falece em 31 de dezembro, no Rio de Janeiro, o oftalmologista Moura Brasil. Seus descendentes continuam sua obra. [6]
Webgrafia
[1] http://pt.wikipedia.org/wiki/Col%C3%ADrio_Moura_Brasil
[2] http://revistas.pucsp.br/index.php/algazarra/article/view/19111/14267
[3] http://youtu.be/N4WFNntLDX8?si=vKL5nJwEnydPhTyI
[4] http://youtu.be/Mqy4MzVil-c?si=Ymjs_iDmVkANuPH8
[5] http://www.anm.org.br/jose-cardoso-de-moura-brasil/
[6] http://pt.wikipedia.org/wiki/Jos%C3%A9_Cardoso_de_Moura_Brasil

segunda-feira, 30 de setembro de 2024

A DIALÉTICA DE LAVAR A LOUÇA

Tese
Estudantes e professores pesquisadores da Florida State University descobriram que lavar a louça conscientemente acalma a mente e diminui o estresse.
Após a realização de um estudo com 51 estudantes, os pesquisadores constataram que aqueles que que lavaram os pratos conscientemente, concentrando-se na temperatura da água, no aroma do sabão, na produção da espuma e nos movimentos que estavam fazendo etc. relataram sentimentos de um estado positivo 25% maiores e níveis de nervosismo 27% menores, com relação aos sentimentos e níveis apresentados antes de lavar a louça. Já aqueles do grupo-controle, que apenas lavaram os pratos mecanicamente não experimentaram quaisquer benefícios mentais.
http://news.fsu.edu/More-FSU-News/Chore-or-stress-reliever-Study-suggests-that-washing-dishes-decreases-stress
Antítese
Lavar a louça: terapia para alguns, tortura para outros.
Para o @LwithP, essa é a melhor das tarefas domésticas, principalmente quando acompanhada por uma musiquinha. Mas tem gente que trocaria essa obrigação por lavar um banheiro.
Síntese
Al Bernstein dizia que o problema de morar sozinho é que é sempre a sua vez de lavar a louça. Morar sozinho não é o meu caso, ir para a pia da cozinha, sim. Em meu lar, desde que a empregada doméstica foi declarada extinta, lavar a louça passou a ser uma atribuição minha. Que faço com a atenção plena, concentrando-me em todos os detalhes da tarefa. Nem sequer tinha a noção (que hoje tenho) de que isso traria benefícios para a minha saúde psíquica. Ao lavar a louça da minha sinhá, ajudando a afastar os pensamentos cinzentos da minha mente, estou sempre a cantarolar uma música que foi tema da novela Escrava Isaura: "Vida de negro é difícil - Lerê lerê", de Dorival Caymmi.
É que essa música, além de me deixar muito zen, também irrita o meu grupo-controle (leia-se: a minha mulher). Paulo Gurgel
Tema vizinho: "Enquanto engoma a calça", de Ednardo.
http://blogdopg.blogspot.com/2013/01/enquanto-engoma-as-calcas.html
Bônus: caso cases
Embora tenham se apegado às representações tradicionais, a série é tão erótica quanto uma colher de chá. Em vez de desenhos retratando várias posições sexuais, The Married Kama Sutra retrata cenas hilárias de um casamento típico — onde ambos os parceiros estão juntos há tempo suficiente para que a faísca tenha se apagado e o sexo (se é que ainda ocorre) é pouco frequente. Trajes tradicionais justapostos com influências modernas (como a máquina de lavar louça no primeiro desenho da série) criam um humor deliciosamente perverso.
Clique AQUI para conferir mais desenhos da série e, independentemente de seu estado civil, tente não sorrir.

sexta-feira, 30 de agosto de 2024

MARATONAS

Atenas, 490 a.C.
Maratona é uma corrida realizada na distância oficial de 42.195 quilômetros. Não existia nos jogos da Grécia Antiga.
Ela é uma criação do francês Michel Bréal para os primeiros Jogos Olímpicos da era Moderna, de 1896, em Atenas.
Bréal baseou-se na lenda do soldado grego Fidípides, que correu cerca de 42 quilômetros de Maratona até Atenas para anunciar a vitória dos gregos contra os persas na batalha de Maratona, em 490 a.C.
Chegando sem fôlego no Areópago, Fidípides morreu ali depois de ter entregue sua mensagem.
Na exposição do Louvre "L'Olympisme - une invention moderne, une héritage antique" (Olimpismo - uma invenção moderna, uma herança antiga), informa a médica e historiadora Ana Margarida Rosemberg, há uma pintura de Lyc-Olivier MERSON (1846 -1920) "Le Soldat de Marathon", 1869, que retrata essa passagem.
http://blogdopg.blogspot.com/2024/08/o-soldado-de-maratona.html

Londres, 1908
A primeira vez que Londres sediou os Jogos Olímpicos foi em 1908. Naquele ano, os jogos deveriam acontecer em Roma. Mas... com o Monte Vesúvio em período de franca erupção, os jogos foram transferidos para a capital inglesa.
Uma competição internacional em que o cabo-de-guerra e a caminhada de dez quilômetros eram esportes oficiais, as mulheres competiam usando saias compridas, e os homens levavam 10,8 segundos para completar a corrida de cem metros.
Naqueles jogos, o corredor italiano Dorando Pietri protagonizou, em 24 de julho de 1908, um dos episódios mais dramáticos da história olímpica.
Após liderar solitário os últimos quilômetros da maratona, ele chegou ao Estádio Olímpico White City completamente exaurido e desorientado, caindo ao chão da pista de atletismo por diversas vezes. Próximo da chegada e do desfalecimento completo, Dorando - que levou cerca de dez minutos para completar os 400 m da volta na pista - foi ajudado pelos fiscais a cruzar a linha de chegada, com o que acabou sendo mais tarde desclassificado em favor do norte-americano Johnny Hayes, que chegou na segunda posição sem nenhuma ajuda.
Por conta disso, Dorando não ficou com a dourada.
http://blogdopg.blogspot.com/2012/07/a-maratona-epica-de-dorando-pietri.html

Boston, 1980
Em 21 de abril de 1980, Rosie Ruiz, 23, foi a primeira mulher a cruzar a linha de chegada na Maratona de Boston. Ela tinha conseguido o terceiro melhor tempo já registrado por um corredor do sexo feminino em todas as maratonas (duas horas, 31 minutos e 56 segundos). O feito era ainda mais notável porque ela parecia livre de suor e bastante relaxada ao subir no pódio para receber sua coroa de flores 
No entanto, oficiais da corrida logo após começaram a questionar sua vitória. O problema era que eles não se lembravam de tê-la visto durante a prova. Monitores em vários postos de controle da corrida tampouco a tinham visto, nem qualquer um dos outros corredores. Inúmeras fotografias tiradas durante a corrida não mostravam qualquer sinal dela. Sua ausência era esmagadora.
Finalmente, alguns membros da multidão apareceram para revelar que a tinham visto iniciar a corrida na última meia milha. Ela tinha simplesmente corrido no trecho da linha de chegada.
Enquanto os organizadores da maratona se preparavam para anunciar sua desclassificação, descobriram evidências de que ela também trapaceara na corrida de Nova Iorque (onde tinha se classificado para correr na maratona de Boston). Rosie Ruiz, aparentemente, conseguira seu tempo em Nova Iorque andando de metrô em dois terços da corrida.
Sua vitória em Boston foi anulada e concedido o título à verdadeira vencedora: Jackie Gareau.
http://blogdopg.blogspot.com/2014/08/a-maratonista-dos-metros.html

Atenas, 2004
Nos Jogos de 2004, em Atenas, o corredor brasileiro Vanderlei Cordeiro de Lima (foto) liderava a maratona masculina. Quando faltavam apenas quatro milhas para ele completar o percurso, algo então aconteceu: um padre irlandês saiu da multidão e deteve o atleta por sete segundos . Embora o atraso tenha sido curto, isso, pode ter prejudicado o desempenho do atleta daí em diante. Ele perdeu o ouro por mais de um minuto e a prata por mais de 40 segundos. No entanto, é difícil dizer como ele teria corrido suas últimas milhas se um estranho não lhe tivesse interrompido a concentração. O COI recusou-se a mudar o resultado da corrida, mas, além do bronze que o corredor ganhou, ele foi agraciado com a medalha Pierre de Coubertin (que é dado a atletas que se destacam pelo espírito espottivo). 
Mesmo agora, doze anos depois, o reconhecimento oficial continuou: Vanderlei foi escolhido para acender a pira olímpica da Rio 2016.
http://blogdopg.blogspot.com/2016/08/o-quarto-tipo-de-medalha-olimpica.html

Rio, 2008
Embora as corridas a pé fossem o principal evento dos antigos jogos gregos, eles não corriam meias maratonas em suas Olimpíadas. E isso não mudou até hoje: assim como acontece com a capoeira, a meia maratona não faz parte dos Jogos Olímpicos da Era Moderna.
A expressão meia maratona, assim como a palavra hemitona, vem de Hemitona, uma cidade na Grécia. De acordo com a lenda, após a batalha de Hemitona, que ocorreu entre a Grécia e o exército invasor persa, o herói grego Asthma correu 21,1 km das planícies de Hemitona até Atenas para levar a notícia de que os gregos tinham empatado.
Não era uma boa notícia para Grécia. A qual inclusive tivera a vantagem de mando de campo ao enfrentar a Pérsia. E, na batalha seguinte, seria vencer ou vencer.
Depois de passar a mensagem, Asthma perdeu o fôlego e morreu.
Sua incrível façanha, porém, sobreviveu na palavra hemitona. A palavra foi estendida para significar "qualquer corrida entre os 3.000 metros com obstáculos e os 42 km de uma maratona".
Foto do corredor Zersenay Tadese, da Eritreia, que venceu em 2008 a prova masculina da Meia Maratona do Rio de Janeiro.
Esclarecimento - Em competições do gênero, o blog EM segue a orientação de submeter a fotografia do atleta vencedor ao "fotochop" para adequá-la às características da informação.
http://blogdopg.blogspot.com/2022/02/a-origem-da-meia-maratona.html

Pequim, 2025
Vinte e um robôs humanoides foram soltos nas ruas de Pequim no sábado. Os fabricantes de robôs chineses mostraram como seus androides se sairiam em uma meia maratona. Os resultados foram mistos: o robô vencedor terminou em 2 horas e 40 minutos; o vencedor da corrida masculina cruzou a linha de chegada em 1 hora e 2 minutos. Alguns mal conseguiram passar da linha de partida; um se debateu violentamente, bateu em uma cerca e se partiu em pedaços. Esses robôs estavam, pelo menos, dando um grande passo à frente em seus projetos.
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Quênia, 2041
O queniano Kelvim Kiptum estabeleceu o recorde mundial masculino de 2h00min35s em Chicago, em outubro de 2023, quebrando a marca de seu compatriota Eliud Kipchoge, que fez 2h01min09seg em Berlim, em setembro de 2022.
Tragicamente, Kiptum morreu em um acidente de carro, em fevereiro de 2024. Ele tinha 24 anos.
Também do Quênia, Peres Jepchirchir, que correu a Maratona de Londres de 2024 em 2h16min16s, é a atleta mais rápida entre as mulheres.
Estudando a progressão linear dos recordes nos últimos anos, o blogueiro Allen Downey extrapolou para 2041 o ano em que um atleta (queniano, certamente) conseguirá correr uma maratona em duas horas.
http://blogdopg.blogspot.com/2015/03/duas-horas-de-maratona-em-2041.html

terça-feira, 30 de julho de 2024

QUADRILHA, UM POEMA SEMINAL DE DRUMMOND

"Quadrilha" é um poema muito conhecido do poeta brasileiro Carlos Drummond de Andrade, publicado pela primeira vez em sua obra de estreia, "Alguma poesia". Escrito em linguagem simples e direta, o poema é um belo representante do Modernismo brasileiro e tem como temática a imprevisibilidade da vida e os desencontros amorosos aos quais todos nós estamos sujeitos. Apesar de ter sido escrito há quase um século, "Quadrilha" permanece atual por tratar deste tema atemporal que é o amor e suas consequências. E seu título parece nos sugerir a metáfora de que o amor é uma dança em que há troca de pares, exatamente como na tradicional dança das festas juninas brasileiras. (1)
João amava Teresa que amava Raimundo
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém.
João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história.
(2)
No sentido figurado, uma obra seminal é a que inspira ou gera novas obras. Em degraus variados, tais obras permeiam a cultura popular através de diferentes maneiras de se reproduzir. Em alguns casos, elas geram franquias quase intermináveis, com fãs ávidos por ver mais e mais episódios da trama em questão. Em outros, elas geram inspirações dentro do próprio gênero e também em outros formatos de mídia – de maneiras muito criativas, diga-se de passagem. isso não significa que obras seminais precisam ser épicas. - Cipro Pasquale (3)
No final da letra de "Flor da Idade", Chico Buarque repete a estrutura de "Quadrilha" ao utilizar-se de um encadeamento com nomes próprios de pessoas. Até certo ponto, ressalve-se aqui, pois as pessoas citadas são outras, e a última delas (Dora) "amava toda a quadrilha"
Carlos amava Dora que amava Lia que amava Léa que amava Paulo
Que amava Juca que amava Dora que amava
Carlos amava Dora que amava Rita que amava Dito
Que amava Rita que amava Dito que amava Rita que amava
Carlos amava Dora que amava Pedro que amava tanto que amava a filha
Que amava Carlos que amava Dora que amava toda a quadrilha.
(4)
Em 2016, publiquei no blog EntreMentes o seguinte micropoema em que os nomes das pessoas foram substituídos pelos nomes dos objetos do popular jogo "pedra-papel-tesoura": 
A pedra quebrou a tesoura
--- que cortou o papel
--- que embrulhou a pedra.
E a água furou a pedra, enferrujou a tesoura e desmanchou o papel.
Foi só entrar no jogo.
(5)
Nas redes sociais, "Quadrilha" tem servido de inspiração a paródias que criticam políticos e as próprias redes sociais. Exemplos:
Micheque que amava Bolsonaro que amava Carlos que amava Leo que amava Flávio que amava Queiroz que amava Eduardo que amava toda a quadrilha. @DRUIMAINICH (6)
João dava RT em Teresa que mandava DM para Maria que stalkeava Joaquim que amava Lili que era feliz porque não usava redes sociais. @flahqueiroz (7)
Glossário: RT: retweet | DM: direct message | Stalkear: perseguir
Em sua posse na presidência da Academia Cearense de Letras (para o biênio 2023/2024), num discurso repleto de citações e referências poéticas, Tales de Sá Cavalcante também buscou inspiração em Carlos Drummond de Andrade e Chico Buarque de Holanda para se referir a seus confrades na ACL.
Transcrevo a ressalva de como se referiu a eles:
As pessoas foram citadas em sequência alfabética. Os verbos também. Mas se alterarmos todas as possíveis posições de pessoas e verbos, teremos uma enormidade de diferentes assertivas, todas verdadeiras. (8)
Referências
(1) https://comofazerumpoema.com/poema-quadrilha-carlos-drummond-de-andrade/
(2) https://www.youtube.com/shorts/7QsrJG91Ip0
(3) https://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff0604200607.htm
(4) https://youtu.be/198AEfa51qg
(5) https:/blogdopg.blogspot.com/2016/09/micropoemas-do-infortunio-15.html
(6) (não recuperada)
(7) (não recuperada)
(8) https://gurgel-carlos.blogspot.com/2023/06/discurso-de-posse-do-educador-tales-na.html

domingo, 30 de junho de 2024

NOSSA GENTE: UMA ANTOLOGIA

Meu amigo Edmílson Nascimento da Silva me enviou um exemplar do livro NOSSA GENTE: UMA ANTOLOGIA, o qual estou a ler de forma prazerosa.

Reunindo 10 contos, 11 crônicas e 20 poesias, trata-se da segunda edição da coletânea.

Dentre os contos, destacam-se "A lenda do boi fugitivo" e "Casório de matuto", de autoria de Edmílson, que também é o responsável pela revisão do livro. 

Sua neta, Maria Clara Becco Silva Sabiá, também participa deste florilégio com duas poesias, "Apocalipse" e "Arte".

São os patrocinadores de NOSSA GENTE: o BNB Clube de Fortaleza, a Associação dos Aposentados do BNB e a Associação dos Funcionários do BNB, os quais merecem elogios pela arregimentação de escritores e leitores que eles fazem em prol da literatura cearense.

P.S. Em 1983, o BNB Clube de Fortaleza promoveu o I Concurso de Contos com o objetivo de revelar novos autores cearenses. Concorreram 80 autores, dos quais 39 tiveram seus trabalhos selecionados pela comissão julgadora. Os trabalhos escolhidos, em número de 44, foram reunidos em um livro intitulado MULTICONTOS, no qual tive dois contos publicados.

quinta-feira, 30 de maio de 2024

GUIOMAR NOVAES. TRÊS MO(VI)MENTOS

1
Monteiro Lobato (1882 – 1948) era vizinho do pianista Luigi Chiaffarelli (1856 – 1923), um italiano radicado em São Paulo. Dentre os alunos do professor de piano Luigi, o escritor paulista teve a oportunidade de conhecer a talentosa menina Guiomar Novaes (1895 –1979), em quem ele se inspirou para criar a personagem Narizinho, do Sítio do Pica-Pau Amarelo. Na vida real, Guiomar seguiu a carreira de pianista de renome internacional.
2
Em 1972, Guiomar Novaes foi convidada para a comemoração dos 50 anos da Semana de Arte Moderna, no Teatro Municipal de São Paulo, onde tocaria o mesmo repertório da sua apresentação em 1922 - com exceção da "Grande Fantasia Triunfal sobre o Hino Nacional Brasileiro", de Louis Morreau Gottschalk, por ser uma obra mal vista pela ditadura militar. A pianista compareceu no evento, subiu ao palco e tocou apenas a obra em questão, deixando o teatro sob intensos aplausos.
3
A abonação de déu em déu aparece no diálogo da crônica resultante de uma visita que o escritor paulista Monteiro Lobato fez à pianista paulista Guiomar Novais:
— E deu muitos concertos?
— Só em Paris toquei nuns trinta, em Londres nuns oito, em Berlim noutros tantos, em Lausanne não sei em quantos. Andei de déu em déu.
Persiste a hipótese de que déu seja variante de deu, do verbo dar, com o sentido de viajar, chegar, ir:
"Tomando tal caminho, deu ou bateu com os costados em tal lugar".

terça-feira, 30 de abril de 2024

PIRATAS

Por que os piratas usavam o tapa-olho?
O fato de que alguns piratas usavam o tapa-olho provavelmente não tinha nada a ver com a falta de um olho. Aliás, tinha tudo a ver com a possibilidade de ver melhor - especificamente, tanto acima quanto abaixo do convés.
Os piratas frequentemente precisavam transitar da parte descoberta do navio para compartimentos fechados, isto é, da luz do dia à situação de quase escuridão. Por isso, os mais espertos usavam um tapa-olho a fim de ter a qualquer tempo um dos olhos adaptados ao escuro.
Ao passar para uma área pouco iluminada do navio, o pirata mudava a posição do tapa-olho e, assim, conseguia ver em torno mais rapidamente com o olho que se adaptara à escuridão.
Jim Sheedy, doutor em ciência da visão, disse ao Wall Street Journal que, enquanto o olho se adapta rapidamente ao passar das trevas à luz, estudos têm mostrado que pode levar até 25 minutos para se adaptar da luz para a escuridão, porque esta última requer a regeneração dos fotopigmentos da retina.
P.S.
Ao oftalmologista Nelson Cunha para revisar a nota acima. Caso esteja OK, então enviar alguma colaboração sobre o assunto seguinte: por que os piratas usavam perna de pau? Escrito de uma forma que não acirre os ânimos da tradicional família mineira.
Paulo Gurgel
Meu caro Paulo,
Há inconsistências na hipótese de que, entre os piratas, houvesse um órgão funcional por debaixo do tapa-olho destinado a enxergar na penumbra dos porões. Quando o olho descoberto é iluminado, sua pupila diminui para regular a quantidade de luz entrante e, assim, evitar o ofuscamento. Este movimento pupilar que chamamos pedantemente de reflexo fotomotor CONSENSUAL acontece também no olho coberto porque compartilha as mesmas fibras nervosas. Ora, uma vez dentro do porão, o pirata ao remover a venda terá a pupila do olho tapado igualmente pequena, obrigando-o a despender alguns segundos para que ela se dilate e abasteça a retina com a luz necessária. Essa é uma objeção teórica baseada na fisiologia ocular. Pode ser que, na prática, a oclusão do olho obtenha alguma vantagem na adaptação rápida ao lusco-fusco.
Por que os piratas usavam a perna de pau?
Como estamos no campo da especulação humorística, ouso aventar a hipótese de que a perna de pau do pirata servia para melhorar a flutuação ou ainda como um engodo a ser oferecido aos tubarões.
Falando seriamente. A figura de um pirata com tapa-olho, perna de pau, dente de ouro e um papagaio pousado no ombro, é uma construção de Hollywood. Os piratas reais deveriam se parecer com marinheiros comuns, o que não quer dizer que um ou outro perneta pudesse estar entre eles.
Nelson J. Cunha
N. do E.
Ao oftalmologista Nelson Cunha devemos também a revelação de O segredo do tapa-sexo, uma de nossas postagens mais procuradas (não obstante o pouco apelo existente no título).
O pirata padrão
Isso não é mito. Houve piratas que realmente criaram papagaios. Como o famoso corsário inglês Edward Teach, vulgo Barba-Negra. Em suas muitas viagens pelo Caribe e pela América do Sul, Barba- Negra entrou em contato com esses pássaros e resolveu criá-los a bordo.
Longas viagens provavelmente seiam mais agradáveis na companhia de um colorido e falante pássaro de estimação.
No entanto, a noção de piratas com um papagaio nos ombros mais provavelmente se originou da representação de Long John Silver, um personagem fictício do romance "Treasure Island" (Ilha do Tesouro), de Robert Louis Stevenson, publicado em 1883. Nesse livro, Long John Silver tem um papagaio de estimação chamado Capitão Flint, consistentemente pousado em seu ombro.
Essa representação inaugurou a associação entre piratas e papagaios na imaginação popular.
E, para completar a imagem do pirata padrão, Hollywood fez o resto. Incluindo o tapa-olho, a perna de pau e, num caso bem específico, o gancho.
Paulo Gurgel
TV Pirata
"Meu papagaio obeso morreu esta manhã. Embora eu esteja muito triste, ele foi um peso enorme que tirei dos ombros."

sábado, 30 de março de 2024

DA SÉRIE "ENTRA NO BAR..."

Um táquion entra no bar:
O garçom lhe diz:
"Desculpe-me. Mas aqui não servimos a partículas mais rápidas do que a luz."
Se precisa ser explicada não é uma boa piada. Mas... o táquion é uma hipotética partícula subatômica que, se provada a existência, viaja com uma velocidade superior à da luz. Tem estranhas propriedades. Quando perde energia ganha velocidade e vice-versa. A velocidade lenta para o táquion é a da luz, e o garçom não quer correr atrás de um provável prejuízo.
Em tempo:
"A razão para nada viajar mais rápido do que a luz é para você não encontrar tudo escuro quando chegar lá." - Anônimo

Um romano entra no bar, ergue dois dedos e diz:

Um pato entra no bar e pergunta:
"Tem uvas?"
"Não."
"Tem uvas?"
"Não."
"Tem uvas?"
"Não."
"Tem uvas?"
"Não, e se você me perguntar isso de novo, eu vou pregar seu maldito bico no balcão."
"Tem pregos?"
"Não."
"Ótimo. Tem uvas?"
Bobinha, né? Mas piada de pato é assim mesmo (nem com música presta). Deem-me uma nova chance com outro protagonista.

Um cavalo entra no bar e pede uma cerveja.
O garçom fica em estado de choque: um cavalo de verdade entrou em seu bar, sentou-se ao balcão como uma pessoa, e pediu uma cerveja - em português perfeito!
Ele avisa para o cavalo:
- Sinto muito, senhor, mas eu tenho que falar primeiro com meu gerente.
Então, o garçom vai aos fundos do bar e explica a situação ao gerente. O gerente pensa por um momento e diz :
- Bem, isto é um bar, então vá em frente e sirva-lhe a cerveja. Mas, considerando que ele é um cavalo, ele provavelmente não tem ideia do preço de uma cerveja, então aproveite para cobrá-la a 20 reais.
O garçom volta ao balcão com a cerveja. Lentamente, coloca a cerveja no copo trazido para o cavalo e deixa a conta sobre o balcão.
O cavalo bebe a cerveja, paga a conta e está prestes a sair.
O garçom ainda está confuso com a presença do cavalo no bar. Mas ele não quer correr o risco de ofendê-lo, fazendo perguntas erradas. Assim, ele opta apenas por dar uma deixa.
- Você sabe, nós realmente não atendemos muitos cavalos por aqui...
O cavalo responde:
- Não devia estranhar. Com vocês vendendo cerveja quente, a este preço...

Um homem entra no bar e pede um copo d'água.
O dono do bar aponta uma arma de fogo de grosso calibre para o homem.
Ele agradece e sai.
O que de fato aconteceu?
O homem estava com soluços e queria um copo d'água para debelar a crise. Mas o dono do bar sabia que um bom susto é ainda melhor.

Um pirata entra no bar, e o garçom diz:
"Ei, eu não vejo você há muito tempo. O que aconteceu? Você parece horrível."
"O que você quis dizer com isso?", diz o pirata. "Eu me sinto muito bem."
"É a perna de madeira? Você não usava isto antes."
"Bem", disse o pirata. "Estávamos em uma batalha, e eu fui atingido por uma bala de canhão, mas eu estou bem agora."
O garçom prossegue: "OK, mas... e este gancho? O que aconteceu com a sua mão?
O pirata explica: "Estávamos em outra batalha. Eu abordei um navio para participar de uma luta de espadas. Minha mão foi cortada. Depois disso, coloquei este gancho, mas eu estou bem, realmente..."
"E quanto a este tapa-olho?"
"Oh!" - disse o pirata. - "Um dia estávamos no mar, e um bando de pássaros passou voando. Eu olhei para cima, e um deles fez cocô em meu olho."
"Você está brincando", disse o garçom. "Você não poderia perder um olho apenas com a merda de um pássaro."
"Bem, era meu primeiro dia com o gancho."

Uma piada de bar (bar joke) é um tipo muito comum de piada. A sintaxe básica é a seguinte: "Um homem entra em um bar e ... [algo acontece aqui]". A percepção inicial da piada é que um homem está entrando em um bar para tomar um drinque, mas isso dura apenas alguns segundos, o tempo em que a frase final é rapidamente dita. É uma forma de piada que já ganhou uma grande quantidade de variantes ao longo dos anos.
Exemplo:
Um padre, um castor e um rabino entram no bar. O garçom pergunta ao castor "o que vai querer?". O castor responde: "Nada. Eu estou aqui só por causa da Autocorreção."
Essa forma de fazer piada ficou tão conhecida que é objeto de pelo menos uma piada sobre a popularidade da própria piada: 

Um padre, um castor e um rabino entram em um bar. O garçom olha para eles e diz: "O que é isso, uma piada?'"

Um vegano, um praticante de crossfit, um adepto do Linux e um proprietário de um computador de baixo custo (*) entram no bar.
É tudo a mesma pessoa.
Apenas uma pessoa entrou no bar.
Oh, Deus, por que ele não vai se calar.
(*) Na versão original é citado o Raspberry Pi (do qual dizem ser o dispositivo recomendado ao aspirante a hacker).

Um gato entra no bar e pede um copo d'água.
O garçom pergunta:
"Você vai beber ou apenas derrubá-lo de propósito?"

Um número infinito de matemáticos entra no bar. O primeiro pede uma cerveja, o segundo pede 1/2 cerveja, o terceiro pede 1/4 de cerveja. Mas, antes do matemático seguinte dizer o que quer, o garçom já traz duas cervejas e diz: "Isso deve dar para vocês todos."

quarta-feira, 28 de fevereiro de 2024

PEQUENO GUIA PARA ENTENDER O ESCRITOR

Ele pariu com dor (por intermédio de Elba, sua bastante procuradora) dois filhos: Érico e Natália. E tem dado ao lume, sem a participação conjugal, uma pequena galeria de personagens fictícios.
A começar pelo trio Gurgelzim, Heteróclito e Jorge. Não é um segredo trancado a sete chaves: eles não interagem, estão sempre em histórias exclusivas; mas adotam padrões de comportamento que fazem suspeitar de que os três sejam um só personagem.
Se assim achou, está certo o leitor. Eles nunca foram lidos juntos.
Gurgelzim, Heteróclito e Jorge seriam também o próprio escritor, quando este quer tirar o foco de si mesmo?
Bem, fica difícil negar essa possibilidade diante do nome com que foi batizado o primeiro.
Gurgelzim surgiu nos tempos do "Informativo a Ferragista". Apareceu em A RUA GURGELZIM, com a ideia fixa de virar nome de rua em Fortaleza. SOL, PRAIA E... AÇÃO (na figura abaixo), GURGELZIM E A ARTE DO DESENCONTRO, GURGELZIM E O COMETA HALLEY e GURGELZIM DA VIOLA foram as histórias seguintes em que ele foi o protagonista.
Heteróclito (Clitinho) foi o nome com que o primus inter pares ressurgiu em dois contos - HETERÓCLITO, SUAS CASAS DE PASTO e HETERÓCLITO, SEUS INIMIGOS - publicados em "MultiContos", uma antologia de contos premiados pelo BNB Clube.
Finalmente, reapareceu como Jorge George Bizarria. Em O LAR SINGULAR DE JORGE GEORGE, que foi publicado (sob outro título) num breve retorno do "Informativo A Ferragista" (1986), e, em JORGE, UM CEARENSE, uma "entrevista" que ele concedeu ao livro "Outras Criações" (1992). Já JORGE GEORGE EM RITMO DE DESVENTURA, em duas partes, e A FESTA DOS SÓSIAS são  conclusões de antigos rascunhos. Estão apenas aqui no Preblog.
O trio tem uma relação absolutamente "desligada" com o mundo e , por isso, torna-se agente e paciente das maiores desventuras. 
E segue o fio: 
O Dr. Carta Pácio, que se dedica a enviar cartas comerciais com mirabolantes propostas, regra geral alicerçadas em argumentações pseudocientíficas; o Antonomásio, de curtas aparições, quando o texto está a exigir a presença de alguém de posições firmes, sem papas na língua, que não leva desaforos para a casa, e que, por ter sido batizado com água quente, reúne esses predicados todos; o Professor Kyw, um mestre do vernáculo que defende às últimas consequências o alfabeto pátrio extirpado das letras alienígenas; e o Dr. Asdrúbal, um médico colecionador de casos insólitos na profissão e solidário com as desgraças alheias, mesmo que isto signifique revelar que já passou por elas com galhardia.
Com o advento da blogosfera, o escritor ampliou o quadro de personagens ficcionais. E, para assuntos de cobrança, incluiu o Sr. Mário Valadão, que tem robusta experiência na área de extorsão. Hábil na abordagem dos anunciantes inadimplentes, quando não está entretido com algum serviço externo, Valadão mata o tempo ampliando o acervo muscular nas academias de ginástica. E também a fotógrafa Petúnia, que poderia aumentar o FI (Fator de Impacto) do blog EntreMentes, se não tivesse a má ideia de transformá- lo em fotolog. Além de ter o infeliz hábito de oferecer-se para trabalhar nos locais em que ela é enviada para fazer fotorreportagens.
E preparem-se que vem aí o Patrício Poeta, o inventor do "fototrovismo". 

terça-feira, 30 de janeiro de 2024

DUELO DE CAPAS

Este duelo de capas (alto lá, sem espadas) aconteceu por ocasião da arte-final do livro "Edição Êxtase".
De um lado, a GRAVURA FLAMMARION:
Uma das mais icônicas ilustrações que nos remetem ao mundo medieval é a gravura Flammarion. Apareceu pela primeira vez no livro "L’atmosphère: météorologie populaire" (1888), do astrônomo francês Camille Flammarion (1842–1925), no capítulo intitulado “A forma do céu”. Diz a legenda: "um missionário da Idade Média conta que encontrou o lugar onde o céu e a terra se tocam…". O astrônomo, que trabalhou no Observatório Juvissy, ao sul de Paris, além de escrever vários livros sobre ciência popular, em sua juventude foi também aprendiz de gravador para impressão. Então, é provável que Flammarion tenha feito ou supervisionado a gravura para esta ilustração, a qual resume a cosmovisão dominante no Ocidente cristão antes da modernidade.
Do outro, os MOSAICOS ÓPTICOS DO SIENA GALAXY:
Compilado a partir de dados dos telescópios NOIRLab da NSF, o Siena Galaxy Atlas foi projetado para ser o atlas digital das grandes galáxias. Na capa de "Edição Êxtase", o leitor se depara com os mosaicos ópticos de 42 galáxias do sistema SGA-2020, dentre as mais de 380 mil galáxias que se encontram em nossa vizinhança cósmica. Utilizáveis gratuitamente pelo público nos formatos Original, JPEG grande e JPEG screensize, esses mosaicos ilustram a enorme variedade de tipos, tamanhos, cores e perfis de brilho superficial, estrutura interna e os ambientes das galáxias. (Crédito:CTIO/NOIRLab/DOE/NSF/AURA/J. Moustakas).

sábado, 30 de dezembro de 2023

PATENTES DA MPB

Cito Almirante, a maior patente do rádio, Blecaute, o eterno General (da Banda) e o mecânico de aviões Manoel Brigadeiro, o Embaixador do Samba de Brasília, que é autor de mais de 100 composições, com sambas gravados por nomes como Ciro Monteiro, Alcides Gerardi, Isaurinha Garcia, Carmem Costa e Jair Rodrigues. Brigadeiro faleceu aos 93 anos, em 2015.
Prossigo citando o Coronel Antônio de Pádua, mais conhecido por Luiz Antônio, autor de "Sassaricando"... todo mundo leva a vida no arame, "Lata d'água"... na cabeça, lá vai Maria, sobe o morro e não se cansa, "Mulher de Trinta"... você, mulher, que já sofreu, e "Barracão" ... de zinco, tradição do meu país. Seu último sucesso foi "Eu Bebo sim"... estou vivendo, tem gente que não bebe e está morrendo, um samba bem humorado que estourou na década de 1970, na voz da divina Elizeth Cardoso.
Outros músicos da "caserna":
MC Marechal, Coronel Ludugero, Luís Coronel, Major RD, Capitão Barduíno, Tenente Lisboa (maestro), Cadete ( ou K.D.T., pernambucano de Ingazeira, o primeiro cantor a gravar em cilindros para a Casa Edison) Nelson Sargento (da Estação Primeira de Mangueira, autor de "Agoniza mas não morre"), Sargentelli e as mulatas, Sargento Martinho (da Vila) e Raimundo Soldado.
(Lista em construção.)

quinta-feira, 30 de novembro de 2023

A MESÓCLISE

A mesóclise é a colocação do pronome oblíquo no meio do verbo, entre o radical e as terminações. Pode ser usada no futuro do presente (vê-lo-ei) e no futuro do pretérito (vê-lo-ia). Mas, hoje, raramente é. Para o escritor Sérgio Rodrigues, trata-se de “uma joia antiquada da nossa gramática”.
Mesóclises notáveis
"Fi-lo porque qui-lo. Lê-lo-á quem suportá-lo."
Frase célebre atribuída a Jânio Quadros, mas que ele não disse. Na verdade, essa frase foi o título de uma resenha sobre o livro "15 Contos" de autoria de Jânio, publicada na revista"Veja". O autor assim titulou a resenha numa analogia ao estilo dos contos que, segundo o resenhista, era muito rocambolesco, bem ao modo erudito de Jânio. O autor da resenha deve ter escrito a frase sob uma certa "liberdade literária", uma vez que ela está gramaticalmente incorreta. O "porque" atrai o pronome. Logo, a frase gramaticalmente correta teria que ser "fi-lo porque o quis".
"Se eu tivesse trinta anos comê-la-ia. Mas como já tenho mais de setenta, como Eloá."
Dizem que, certa vez, ao olhar para uma foto de Sonia Braga (naquela cena do filme "Gabriela Cravo e Canela", onde ela sobe em um telhado para pegar uma pipa que ficou enroscada por lá), Jânio Quadros teria dito: “Se eu tivesse trinta anos come-la-ia. Mas como já tenho mais de setenta, como Eloá". Eloá era o nome da esposa dele, e essa história possivelmente deve ser uma anedota. Inventada em alusão ao ex-presidente que gostava de usar verbos com pronomes em mesóclise.
O "Príncipe das Mesóclises", Michel Temer, em seu discurso de posse:
"Quando menos fosse, sê-lo-ia pela minha formação democrática e pela minha formação jurídica."
E a resposta do professor tirular da cadeira de Teoria da Comunicação ds UFBA,Wilson Gomes, ao "Principe das Mesóclises" (publicado com limite de letras no Twitter):
1) Se foi ou não golpe, se em sentido literal ou analógico, é controvérsia para séculos, mas que foi um impeachment malandro, com trairagem total e consequências desastrosas, não há dúvida.

2) Temer defende sua herança, mas se acreditasse mesmo em seu legado ter-se-ia candidatado em 2018.
"Barbie-me-ei."
Michel "Ken" Temer, entrando na onda da boneca Barbie, dizendo num vídeo que depois apagou.
Um artigo do advogado João Ricardo da Costa Gonçalves traz uma comparação esclarecedora. Ele contou o total de mesóclises em três Constituições brasileiras. Na de 1824, havia duas. Na de 1891, 25. Na de 1988... eram 81! Isso apesar desse tipo de colocação pronominal ter caído em desuso décadas antes da promulgação da última Carta Magna.

segunda-feira, 30 de outubro de 2023

A TRANSIÇÃO EDITORIAL DO CENTRO MÉDICO CEARENSE PARA A SOBRAMES CEARÁ

Paulo Gurgel Carlos da Silva

Período: 1978 - 1987

Diretores do Centro Médico Cearense (hoje Associação Médica Cearense) no período: Dr. Paulo Marcelo Martins Rodrigues (1978-1979). Dr. José Aguiar Ramos (1980-1981). Dr. Juarez Carvalho (1982-1983). Dr. Lino Antônio Cavalcanti Holanda (1984-1987)

1978 CMC (Presidente: Paulo Marcelo) Diretor Cultural: Emanuel Melo. Missão: criar jornal "CMC Informa" e reativar (c/ Pedro Henrique) revista "Ceará Médico". Curso "Isto não se aprende na escola"

Ideia do 1.º livro: Reuniões lítero-musicais no Gabinete Odontológico do Aquino

1980 Reuniões no CMC (Presidente Aguiar Ramos). Editores Emanuel Melo (c/ Paulo Gurgel). Prefácio Adriano Espínola

1981 VERDEVERSOS 10 AA Coord. Emanuel Melo e Paulo Gurgel Ed. CMC Graf. IOCE

1982 ISTO NÃO SE APRENDE NA ESCOLA 24 AA Coord Emanuel Melo e PH Saraiva Leão Ed. CMC Graf. IOCE

Criação da Sobrames Ceará 24/08/82 (Juarez Carvalho), idealizador Francisco Dionísio Aguiar, posse da 1.ª  Diretoria em 04/11/  presidente da Nacional 1982/84 Odívio Borba Duarte (PE) 1.ª Diretoria Emanuel, Dionísio, Jackson, Lucíola, Nóbrega, Sampaio e Paulo Gurgel 2.ª Diretoria Paulo, Nóbrega, Maria Helena, Lucíola, Emanuel, Ricardo e Fábio. Diretorias Seguintes: GB, Moura, PHSL, Wellington, Telles, José Maria, Leitão e Celina, Marcelo e Arruda (2020/2022)

1983 ENCONTRAM-SE 14 AA Coord. Emanuel Melo e Paulo Gurgel Ed. CMC (Pres. Juarez Carvalho) Graf. IOCE

Todos os participantes das coletâneas VERDEVERSOS e ENCONTRAM-SE foram considerados membros da Sobrames-CE 

1983 PSIQUIATRIA BÁSICA Gerardo da Frota Pinto Coord. Emanuel Melo Ed. CMC (Pres. Lino Holanda) Graf. IOCE

1984 TEMOS UM POUCO 10 AA Coord Emanuel Melo e Paulo Gurgel Ed. CMC / SOBRAMES

1985 NOMES E EXPRESSÕES VULGARES DA MEDICINA NO CEARÁ Eurípedes Chaves Junior Ed. CMC 

1986 CRIAÇÕES 8 AA Coord. Emanuel Melo e Paulo Gurgel Ed. CMC (Pres. Lino Holanda)  / SOBRAMES Graf. CMC

1987 SOBRE TODAS AS COISAS 13 AA Coord. Geraldo Bezerra, Paulo Gurgel e Luiz Moura Ed. SOBRAMES / CMC

1989 LETRA DE MÉDICO 12 AA 12 AA Coord. Geraldo Bezerra SOBRAMES

Siglas: CMC Centro Médico Cearense. IOCE Imprensa Oficial do Ceará. AA Autores. Graf. Gráfica. Ed. Editora. Pres. Presidente. Coord. Coordenação. SOBRAMES-CE Sociedade Brasileira de Médicos Escritores, Seção do Ceará