sexta-feira, 31 de outubro de 2008

ESTÓRIAS DE DESVALIDOS

Escrivão não leu, o pau comeu
Tenório Avenças era o escrivão juramentado do cartório de Arapiúna. Uma urbe de pé de serra onde ele, morando e autenticando documentos, fazia um tipo perfeitamente adaptado à monotonia do lugar.
Ao amanhecer, ele punha a sela no velho burrico, as suas pernas para atravessar a cidade, e ia se entediar no cartório em regime de tempo integral. E, apenas quando o crepúsculo começava a soltar os morcegos, é que ele, montado na lerdice do asno, fazia o caminho de volta para a casa.
Um pacato cidadão, o diligente Tenório. Com a ressalva de que, à sua passagem, não o chamassem jamais de "escrivão jumentado".
Porque aí, meu irmão, dava briga com viés de guerra mundial.
A flor vai ao lodo
Umas e outras tomou João Limeira, acompanhado por uma "mulher de programa".
De bordejo em bordejo, os dois foram parar no portão de entrada de um clube social. Um clube com fama de "fechado", ao qual ele, na qualidade de sócio remido, muitas vezes levara a família para as piscinas domingueiras.
Fazia menção de que ia entrar, quando foi barrado por um dos diretores do clube, o qual, empunhando o estandarte dos bons costumes, chamou-o a um canto.
- Limeira, esta mulher aí parece uma prostituta.
Já afogueado pela bebida, João Limeira cresceu:
- Olha, negócio de parecer é com as que já estão aí. A que vai entrar comigo é prostituta mesmo.
Enlaçou a mulher. Entrou.
Garrafa cheia eu não quero ver espocar
Bebedor contumaz foi um certo Angico. Já meio combalido, nem assim se esquivava das bebidas espirituosas.
Cachaça, vermute, rum, uísque (inclusive paraguaio), enfim, o que pintasse era com ele. Ali, no balcão... resistindo. E não repartia nem com o santo.
Uma vez, porém, foi visto abrindo exceção:
- Angico, champanha?
- Não, moço. Eu não posso ouvir mais aquele estouro...
E arrematava, pesaroso:
- Deve ser a tal neurose.

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

BICHOS DO NOSSO FOLCLORE

Boitatá
Bicho temido que habita nos campos santos. Para limpar a honra de monstro ultrajado, espera um dia dar uma carreira (no sentido mais olímpico possível) naquele cientista que descreveu ser ele: “a inflamação de produtos fosfóreos de corpos orgânicos em decomposição”.
Boto
Mamífero em forma de peixe dos rios da bacia amazônica. Um autêntico Don Juan fluvial, pois se transforma em rapaz de boa aparência para seduzir as moiçolas ribeirinhas. Considerado o progenitor das crianças de paternidade ignorada, esta sua fama está a se acabar pelo uso generalizado dos exames de DNA.
Caapora
É visto nas matas brasileiras a cavalgar um porco-do-mato. Tem os pés invertidos, o que melhora o desempenho de acelerar o seu veículo animal. Por sua mania de percutir as árvores da floresta, há muito tempo virou persona non grata entre os cupins.
Lobisomem
De origem européia, naturalizou-se brasileiro. Sem abdicar do costume trazido de cometer desatinos nas noites de lua cheia. Meio lobo e meio homem, a sua porção racional é a que uiva.
Saci
O famoso negrinho de uma perna só. Entre as baforadas de seu cachimbo, vive a armar ciladas nos caminhos para atazanar os viajantes. O travesso molecote do barrete vermelho respeito só tem aos nascidos em Caratinga, a terra de São Ziraldo, um santo bípede.

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

NAPOLEÃO

Napoleão franzino
Na artilharia:
Deus cresça este menino
Em galhardia.

Napoleão, sua fama
De façanheiro:
Estava pronta a cama
De brigadeiro.

Napoleão, só glórias,
Pleno apogeu:
Ninguém tem mais vitórias,
Espelho meu!

Napoleão no Egito
Piramidal:
A empostação num grito
Sesquipedal.

Napoleão, seu estro
De lutador:
Tão bem empunha o cetro
De Imperador!

Napoleão, o avanço
Tem tropelias
Quando respira o ranço
Das terras frias.

Napoleão, o logro
Deles se via
Na potência de fogo
Das pneumonias.

Napoleão, agora
São os ingleses
Que fazem soar a hora
De mais revezes.

Napoleão no exílio
De Santa Helena
E... finda-se seu brilho:
Ilha pequena!

Napoleão, quem sabe
Às visões mil
Não fossem bons os sabres...
Mas o AMPLICTIL.

15/11/2014 - Fotos "vintage"
Little "Nap", o Napoleão do Mundo Chimpanzé, 1915

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

INFORMATIVO "A FERRAGISTA"

Em outubro de 1976, o empresário Edmilson Alves de Sousa, diretor-presidente do grupo "A Ferragista", deu início em Fortaleza à publicação de um periódico mensal de sua empresa.
Com o nome de "Informativo A Ferragista", tratava-se de um mensário de circulação dirigida, em formato de tablóide, impresso em cor sépia e cuja tiragem ficava na casa dos 10 mil exemplares. Inicialmente era composto e impresso no parque gráfico da "Tribuna do Ceará"; mais adiante, estas etapas passaram a ser feitas no "Jornal O Povo".
Por ser de distribuição gratuita, era Edmilson quem arcava com os custos do jornal, embora estes fossem parcialmente reduzidos pela inserção de anúncios de fornecedores de sua empresa. E, com gratuidade, os colaboradores do "Informativo A Ferragista" também lhe fornecíamos o material de suas páginas.
Em 1982, Edmilson foi merecidamente agraciado com a comenda "Amigo da Cultura", da Secretaria da Cultura e do Desporto do Estado do Ceará, por seu trabalho à frente do "Informativo A Ferragista", então já contando com 66 números publicados. Um trabalho que ele, após a homenagem recebida, ainda deu continuidade até outubro de 1983, quando o jornal alcançou a marca final de 81 números.
Seções e colaboradores
Administração: Franklin Fernandes Teixeira (coluna "Condomínio, o que é isto?") e Pedro Coelho Neto (coluna "Obrigações fiscais e trabalhistas")
Agronomia: Dácio Oliveira Pinheiro
Cariri: jornalista J. Lindemberg de Aquino
Direito: Joaquim Solon Mota
Educação: Marlene Bastos e Cyra Montezuma (também sobre Turismo)
História: general Raimundo Telles Pinheiro e médico Vinicius Barros Leal (também sobre Medicina)
Humor: médicos Paulo Gurgel Carlos da Silva e Celina Corte Pinheiro (coluna "Sessão coruja")
Língua Portuguesa: professor Hélio Melo
Literatura: Dias da Silva (crítica literária), George Barros Leal, José Danilo Correia Mota, advogado José Feliciano de Carvalho, Barros Alves, médico Pedro Bezerra de Araújo (às vezes, sob o pseudônimo de Pedro Nadie)
Medicina: médicos Marcus Antonius B. da Cunha (coluna "Destaques médicos"), Ocelo Pinheiro e Valter Justa
Música: Christiano Câmara
Página Espírita: coronel Edynardo Weyne (coluna "Grão de Mostarda") e Lúcio Márcio Teles
Vários: padre Fred Solon, Aluisio Ferro Gomes ("Seicho-no-ie").
Além disso, outras seções (não assinadas) e outros esporádicos colaboradores.

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

ILUSTRADORES

Rendo minhas homenagens àqueles que, através de seus traços artísticos, ilustraram alguns dos meus velhos escritos.
São eles:
- Amorim
- Duarte
- Emanuel Melo
- Karlus
- Klevisson
- Mino
- Moésio
- Não Identificados
- Ricardo Augusto
- Valber
- Yendis