sexta-feira, 26 de novembro de 2010

O VIOLONISTA MAIOR CLÁUDIO COSTA

A manhã nascia azul quando Cláudio Costa pegou o violão. A vez primeira. Vivia-se o samba-canção, a guarânia, o bolero, a bossa-nova e o rock dos anos 60. Parodiando a célebre frase de Miguel Pereira: o Brasil era um vasto território musical.
Consciente de seu órfico papel, Cláudio entrou em cena. E logo o tínhamos a debulhar sons, divinos sons da magia de seu violão. Sons de carrilhões. E, numa serenata no Parque Araxá, deu-se que Cláudio foi inaugurado.
Canções, quantas canções, a dor resignadamente, eu já desculpei tanta coisa, as saudades nos copos de um bar, porque se revela a maldade da raça, sem retrato e sem bilhete e no sorriso dela meu assunto... Ah, são fragmentos das canções que sempre estiveram no mapa do Brasil.
Trilhos urbanos. E Cláudio foi em busca das harmonias do Brasil Novo. De um Brasil caboclo: Gonzaga, Humberto, Jackson; de um Brasil bossanovístico: João, Jobim, Menescal, Bôscoli, Lyra; de um Brasil afro: Baden, Vinicius, Ben; de um Brasil festivalesco: Chico, Edu, Vandré, Milton; e de um Brasil tropicalista: Gil, Caetano, Duprat.
Reparem todos em suas mãos pequeninas, porém ágeis. Mãos fiandeiras que tecem e retecem as mais lindas melodias, as mais sublimes harmonias. E os contrapontos que desafiam os silêncios da música. Cláudio parece estar nos limites humanos da perfeição. Além, só os titãs podem ir. Mas o que sabem eles da suprema arte do improviso?
Nesta mui leal e heróica cidade de Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção, Cláudio Costa é o seu violonista maior. Dou fé.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

O AUTOR - 2

Na relação dos livros citados na postagem O AUTOR (a primeira do Preblog), em que existem trabalhos de minha autoria, devem ser acrescentados os seguintes títulos:
Achado Casual (2008)
Ressonâncias Literárias (2009)
Receitas Literárias (2010)
São respectivamentes as 23ª, 24ª e 25ª coletâneas anuais da Sobrames, Regional do Ceará.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

MONSTROS

- NÃO DEIXE QUE ELE ME MORDA!
- MAS ELE SÓ TEM DOIS DENTINHOS...
Monstro é o que não falta no Ceará. Em priscas eras o nosso estado já teve o Cão da Itaoca, a Perna Cabeluda, o Monstro da Lagoa Verde... E isto para não falar no Corta-Nádegas que, durante algum tempo, andou a fazer malinações condizentes com o nome lá para as bandas do Conjunto José Valter. Com a ressalva de ser este último um desajustado de carne e osso e não um monstro, no sentido original da palavra.
O Ceará teve momentos de glória na época do Monstro da Lagoa Verde, que chegou a ser comparado com o Monstro do Loch Ness. Enfim, tínhamos um bicharoco da melhor cepa para escocês ver. Mas não tínhamos as brumas da Escócia que conferem a qualquer aparição um ar misterioso. Sem brumas, a lenda desse monstro logo se dissipou.
Mais recentemente, visto por pescadores e lavadeiras, tem dado o ar de sua assombração na Lagoa do Opaia, em Fortaleza, mais outro monstro. Ou coisa parecida, já que pode se tratar de um reles jacaré que tenta sobreviver nas águas da poluída lagoa. Até chegar o dia em que ele vire bolsa de madame ou sapato de bacana. E aqueles que o viram, se for confirmado ser um jacaré, não passariam de uns pescadores de águas turvas.
Antes que uma equipe científica meta o sonar na Lagoa do Opaia, em busca de esclarecer o mistério, atrevo-me a dar um palpite. Não seria o danado do bicho o tal dragão da inflação? Como um pop star, cansado de tantas badalações e que procura uma vila em busca de anonimato, o dragão da inflação veio ter nessa lagoa.
1992 promete ser um ano cheio e mesmo um monstro atilado, como ele é, tem de recarregar suas baterias.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

UMA ASSEMBLEIA DE TELEVISORES

Uma assembleia geral extraordinária que aconteceu no interior de uma locadora de televisores. Todos os aparelhos em dia com suas taxas podiam se manifestar.
- Companheiros, o problema é sério. Onde quer que estejamos só nos deparamos com sexo e violência. É como se as pessoas não fizessem outras coisas. Precisamos dar um basta nessa situação.
- Isso! Querem nos impingir que a vida imita a arte, quando é o contrário.
- Sim, geralmente só sugerimos a ocorrência do ato sexual. Por exemplo: o casal entra no quarto aos beijos e cai na cama; o quarto fica na penumbra e os dois trocam carícias sob os lençóis...
- É. Nossos eventuais excessos são por conta da competição, da pressão do mercado... E os deles? São gratuitos e desnecessários.
- Imaginem vocês o que eu sofri num motel onde me colocaram nos últimos meses. Fui obrigado a ver cenas reais de sexo explícito, a assistir a todo tipo de tara. E depois ainda falam que o erotismo campeia na televisão.
- Quem são os responsáveis por isso tudo? Eles não têm um código de conduta?
- Eu também tive que presenciar todo tipo de violência. Tão logo me ligavam... lá vinha briga de marido com mulher. Mil palavrões, objetos sendo arremessados... Cenas fortíssimas em que não se respeitava nem o horário infantil da televisão.
- Ah, a falta que um seletor de... casal nos faz!
- Violência... alguém aí falou. Que acham do meu tubo de imagem quebrado? Pois foi um torcedor brasileiro no fim do jogo contra a Argentina. Sou mesmo um "azaroni".
- As pessoas não tem modos. Onde estive locado existia um gordão que me assistia de cuecas, tomando Skol e comendo baconzitos. Saio de foco só ao me lembrar daquele mastigar imoral, daqueles arrotos e flatos...
- Eu vi também muito garoto abusado, criada respondona, cunhadinho folgado...
- Quanta hipocrisia! Por muito menos nos desligariam pelo controle remoto.
- E aqui ninguém sabe onde eles têm o botão de desligar.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

RECEITAS LITERÁRIAS

Antologia de prosa e poesia publicada em 2010 por SOBRAMES, Regional do Ceará.
Autores: Ana Margarida Furtado Arruda Rosemberg, Antero Coelho Neto, Antonio Sílvio de Araújo, Antonio Vicente de Alencar (convidado), Celina Côrte Pinheiro, Dalgimar Beserra de Menezes, Elcias Camurça Júnior, Emanuel de Carvalho Melo, Fernando Antonio Siqueira Pinheiro, Francisco Airton Ferro Marinho, Francisco Antônio Tomaz Ribeiro Ramos, Francisco das Chagas Dias Monteiro (Chico Passeata), Francisco Flávio Leitão de Carvalho, Francisco José Pessoa de Andrade Reis, Francisco Nóbrega Teixeira, Francisco Sérgio Menescal de Macedo, Geraldo Bezerra da Silva, Giselda Medeiros (convidada), Jesus Irajacy Fernandes da Costa, João de Deus Pereira da Silva, Joaquim José de Lima Silva, José Luciano Sidney Marques, José Maria Bonfim, José Maria Chaves, José Murilo Martins, José Telles, José Teúnes Ferreira de Andrade Filho, Josué Viana de Castro Filho, Luiz de Araújo Barbosa, Luiz Emanuel Assiz, Luiz Luciano Menezes de Arruda, Luiz Teixeira Neto, Manoel Dias da Fonsêca Neto, Marcelo Gurgel Carlos da Silva, Maria Ilnah Soares e Silva, Martinho Rodrigues Fernando, Nilson de Moura Fé, Oziel de Sousa Lima, Paulo de Tarso Campos Ferreira, Paulo Gurgel Carlos da Silva, Pedro Henrique Saraiva Leão, Sebastião Diógenes Pinheiro, Vanius Meton Gadelha Vieira, Vladimir Távora Fontoura Cruz, Walter Gomes de Miranda Filho
Apresentação: Marcelo Gurgel
Prefácio: José Batista de Lima, da Academia Cearense de Letras
Homenagens Póstumas: a Oziel de Sousa Lima, por José Maria Chaves, e a Nilson Moura Fé, por Alex Mont'Alverne
Projeto e Editoração: Francisco Batista
Coordenação, Organização e Revisão: Marcelo Gurgel
Capa: Martinho R. Fernando e Marcelo Gurgel
Editoração e Impressão: Expressão Gráfica e Editora Ltda
Tiragem: 1.000 exemplares
Livro com 240 páginas.