sexta-feira, 29 de abril de 2011

ANIVERSÁRIOS

Eu nunca tive uma boa memória para guardar os dias de aniversários das pessoas. A começar pela data do meu próprio aniversário, a qual somente a custo consegui gravá-la na memória. Recordo que meus pais, no dia certo do ano, promoviam uma festa em que eu recebia presentes e apagava as velas de um bolo confeitado, enquanto todos cantavam o "répi bírdei tuiú"... E assim, mediante o emprego desse recurso pedagógico, eles iam paulatinamente me incutindo a noção do tal dia. Que era meu, porém não exclusivamente.
Na quadra ginasiana, transcorrida no Colégio Cearense, descobri que o dividia com o Padre Champagnat. E, por martelão que eu fosse, a descoberta do fato deve ter sido um beato remédio para a memória. Porque aí parei de amnesiar a data.
Mas, começou a complicar quando a família foi crescendo, um monte de irmãos "pelaí" com datas a serem guardadas na memória... Afora pais, avós, tios e agregados cujas datas natalícias não podim ser por mim esquecidas, sob a pena de receber um bem dosado puxão de orelhas. Em virtude (bote virtude nisso!) de que eles jamais esqueciam a minha data magna. E, por conseguinte, cada um se fazia merecedor em sua "folhinha" dos... cumprimentos de estilo!... Mas deixe que o destaque ficava para a Tia Rita que, contrastando comigo, tinha uma memória prodigiosa para as datas em geral (de quando o abacateiro foi plantado no quintal, de quando a gata amarela teve os gatinhos etc.).
Muita vez, uma irmã havida como dileta se chegava a mim e o seguinte diálogo acontecia. Sabe que dia é hoje? sei lá, eu faço anos, ah é?... Uma rebordosa, ô meu irmão (que não é de sangue)! E eu, para não grilar com essas frequentes falh( )s da memória, fui ficando cínico no pior sentido da palavra. Embora com a cisma de que um caldo de cabeça de peixe, tomado na véspera, pudesse ajudar (mas, diabos, quando era a véspera?). Então, na prática, não ajudava. E, com outros assuntos prioritários para cuidar, lá ia eu esfalfar os meus neurônios! Pois deles, por sinal, muitíssimo já estava precisando para a decoreba escolar.
Um dia casei. E introduzi em minha vida uma mulher que tem quatro datas, a saber: o dia em que nos conhecemos, o dia em que nos casamos no civil, o dia em que nos conhecemos no religioso e, é claro, o aniversário dela! Tirando o casamento religioso, que aconteceu no Dia do Médico (ambos somos isso!), nenhum outro dia coincide com algo marcante do calendário oficial de eventos. E o conjunto dessas datas, com a exceção já apontada, vem a ser uma carga mnemônica excessiva para quem é desligado no assunto em questão.
E repare que eu não toquei no Dia dos Namorados que, lato sensu, não é apenas relativo aos seres que andam pelo mundo em requestos e galanteios. O dia consta que é também para ser comemorado pelos que já fizeram, ao pé do altar, a jura de semper fidelis. Apesar de que, para mim, a lembrança desta data não é jamais um problema. O comércio, através de todos os meios de comunicação existentes, encarrega-se de me avisar. Não esquecendo, porém, o comércio de espicaçar a fera consumista que me habita o imo profundo, ser humano que sou.
É verdade que um ramalhete de flores chegando pela manhã pode salvar o dia. Quando o dia é aniversário da mulher e o ramalhete, bem... é uma medida promocional de uma revendedora de automóveis! Mas, desde que o mimo consiga alertar o desligado que ela tem em casa, a tempo de o seu natalício ser devidamente festejado, tudo bem. O ruim é quando, por falta desse detalhe salvador, o desligado só se dá conta nos, digamos, rescaldos da data. Depois que ela, a cara-metade, lá com sua enorme razão, até já dardejou um "sabe que dia foi ontem?". E ele, a seguir, se lembrando de que a culpa foi da revendedora de automóveis...
Ah, mulher é interessante! Gosta de ter o aniversário lembrado, mas não da idade que está a fazer... E a minha cara-metade, não fugindo dessa regra, é apenas uma mulher do seu tempo.

My wife

  • As mulheres não estão assim tão de baixo com seus maridos, basta ver matéria que Fame edita hoje em Voz Alheia, do médico Paulo Gurgel para sua consorte, que equivale a uma ode, aliás, a senhora Gurgel é aurorense, da família Macêdo, conhecida na região pela valentia.

(comentário de Lúcio Brasileiro em sua coluna REPORTAGEM)

sexta-feira, 22 de abril de 2011

O TAL HORÁRIO DE VERÃO

Chegou outra vez o famigerado horário de verão. A gente que o julgava abandonado e inerte, vai, descobre que ele estava apenas hibernando em Brasília. E que, aos primeiros calores do verão, o tal horário ressurge para atazanar a vida da gente. Lembrando Fênix, mas com uma diferença: é o verão (bem, pode ser também um veranico) que o faz ressuscitar. E, obrado isso, tome ele a encher o saco do brasileiro! Eita malfadado horário!... Ainda bem que, daqui a alguns meses, você bate asas e vai embora.
Vai ser cinzas outra vez, numa gaveta qualquer lá em Brasília... Quando a gente, é uma lástima, já começa a se acostumar com você (Masoch explica).
A rigor, para fazer jus ao nome que tem, o horário de verão só deveria começar no dia 21 de dezembro (quando ocorre o solstício no hemisfério sul). E não no dia 15 deste mês, como estabelece o decreto assinado pelo presidente da República. No entanto, para exercer o seu poder temporal - com a carga de malefícios a que tem direito - o tal horário até chega mais cedo! Talvez... para não perder a má companhia do horário do TSE, o qual já está a nos cacetear pela televisão.
Ora, já temos um sistema de registrar o tempo que é uma mixórdia. Dos babilônios herdamos a hora de 60 minutos; dos egípcios, o dia de 24 horas; dos hebreus, a semana de 7 dias. Quanto aos meses, eles nos foram legados pelos gregos, através dos romanos, com estes últimos ampliando a confusão. Pois Júlio César e seu sucessor, imperador Augusto, em medidas de autolatria, rebatizaram dois meses do ano com os nomes de "julho" e "agosto". Além de cada um deles a fevereiro roubar um dia, a fim de fazer - por uma questão de prestígio - o "seu" mês ter 31 dias.
E o pobre do fevereiro, sem patrono, ficou reduzido a 28 dias (29, nos anos bissextos). Sei não, mas esse negócio de mexer no tempo um dia ainda pode acabar mal. Temos um relógio biológico ultrassensível que o horário de verão, em seu mandonismo deslavado, teima em ignorar. Pouco se dando ao segundo o primeiro ficar que nem um dos "relógios derretidos" do pintor Salvador Dalí. E, como uma decorrência disso, o dono do relógio (biológico) ficar menos coruja e mais cotovia.
Imagino-me, toda manhã, eu querendo sair da cama com o corpo argumentando: "No seu horário ou no meu?". Um puto dilema, não é?! Se respeito o horário oficial, ponho-me fora da cama a tempo de chegar ao trabalho com pontualidade. Não o obedecendo - a outra hipótese - aí ganho uma hora adicional no tálamo, justamente quando o "eretismo" está tinindo... Ah, minhas senhoras, além de atrabiliário não é que o maldito do horário é contra o amor! Não se sabendo o que faz mais estragos nesse campo, se ele ou se a televisão na noite anterior.
O duro é suportar todos os transtornos do tal horário para, no fim das contas, medir o resultado que se obtém. A julgar pelo que aconteceu na vez passada, quando o Nordeste economizou... 0,4 por cento de energia elétrica. Uma economia de palito! O caso até de se praticar a desobediência civil, por meio de umas quantas lâmpadas acesas... Se isso, voltando-se contra o protestador, não lhe aumentasse a conta da luz. Pois é, sorte tem o Norte (onde anda Sting?) que o decreto, em sua versão 89, poupa do vexame. Beneficiado pelo fuso? Ora, alguém está con... fuso.
E o Apocalipse que ninguém sabe quando vai ser? Só tomara que ele, se tiver em breve de começar, não vá se basear no tal horário de verão. Porque aí a gente terá perdido uma hora de vida, bestamente.

DN CARTAS, 19/10/89
O POVO, 21/10/89

sexta-feira, 15 de abril de 2011

ESTAMOS GRÁVIDOS!

"Eu vi a mulher preparando outra pessoa..." 
Caetano Veloso

Um livro que esteve à venda no Brasil, há alguns anos, tinha esse sugestivo título. Imagino que o mesmo devia abordar a necessidade da participação do homem na gravidez, além, é claro, de seu conhecido papel genético. Ao enfocar que o estado gravídico, em seus aspectos orgânicos, psicológicos e culturais, não seria uma questão exclusiva da mulher. Mas que interessaria também ao homem, acarretando-lhe, em vista disso, certos compromissos e responsabilidades, a fim de que esse projeto comum chamado filho pudesse acabar... em choro. Isto é, acabar bem.
Eis, na Natureza, o exemplo de quem pegou o espírito da coisa, porém com um certo exagero. O cavalo-marinho. Pois na espécie quem fica grávido é o macho, numa bolsa abdominal para isso existente. E, quando  chega o instante propício de nascer a filharada, até um arremedo de trabalho de parto o pejado animálculo apresenta! No cavalo-marinho é assim, macho e fêmea têm os papéis trocados, Enquanto isso, em seus arroubos transformistas, a ciência está a prever que, num futuro não muito distante, a gravidez será biologicamente possível ao homem. Bem, gosto não se discute, mas que será uma gravidez de alto risco, lá isso será.
Portanto, fim da minha divagação sobre a troca de papéis! Na época em que o livro foi lançado, é bem possível que eu tenha reagido a ele com um "não li, não gostei". Porque, na qualidade de solteirão empedernido, isso era assunto que só causava ziquizira. Sucedeu o dia, porém, em que me casei. Aí - fruto da nova situação - pouco tempo após, vi-me às voltas com os indícios de uma gravidez (na mulher). São Tomé, que nunca foi banana, soprou-me aos ouvidos: ver para crer.Um conselho, aliás, bastante oportuno, pois jamais se deve esquecer de que a pseudociese (ou a falsa gravidez, como é conhecida em meio não médico) também existe.
Então, para ver e para crer, nós fomos à ultrassonografia. Este método diagnóstico que, mercê da visualização que faz das entranhas, tem tirado muita mulher da companhia da urna eleitoral. A ultrassonografia diz da existência do embrião ou feto, do seu estádio de desenvolvimento, da sua saúde, da data provável do parto e de como o futuro ser vai fazer pipi pela vida afora. É pouco? Ela também fornece a primeira foto da criança (que é ininteligível é outra conversa!) para o álbum da família.
Sobre essa história de predizer o sexo da criança por nascer, lembro-me de que um atilado obstetra usava - antes do advento da ultrassonografia - um método infalível. Ele dizia à futura mamãe que tinha acabado de examinar, que ia nascer um "menino" (enquanto anotava "menina" na ficha de atendimento). Meses depois, se nascia menino a sua fama só aumentava. Mas... se nascia uma menina o seu prestígio não sofria abalo. Bem documentado, ele tinha "como provar" que a mãe, por ocasião do exame, muito ansiosa, é que havia escutado mal.
E pensar que, antigamente, o ventre de uma mulher grávida era todo mistério! Nele não se intervinha com tanta frequência como atualmente, o que pensando bem é.... menos pontos para o passado. No remoto ano de 1948, eis com o que eu contei para nascer: as mãos de Dona Maria Juca, a oração de São Raimundo e... muita sorte! Depois, ao me cair o coto umbilical, também com a presteza que meu pai teve de o enterrar no quintal, bem fundo. Por quê? Ora, pelas terríveis consequências que poderiam me advir, em adulto, caso um bicho cavouqueiro adiante, por mal sepultado, encontrasse o umbigo. Uma delas seria virar ladrão.
(A esse desempenho de meu pai é que hoje atribuo o meu lento progredir na vida.)
Quanto ao antojo da engravidada, bem... não há como ignorá-lo. Por conta dele é que muito homem já foi pego, em quintal alheio, tentando apanhar cajarana, abiu ou coco-babão em pé vigiado a mastim. Embora se trate de crime afiançável, eu felizmente não tive de passar pelo vexame. Em seus caprichos de grávida, minha mulher só desejava as frutas facilmente encontradas no supermercado ou na quitanda da esquina. E, ampliando sua gentileza para com o maridão, se tínhamos um problema em comum a ser empurrado com a barriga, ela rápido intervinha: "Xá comigo!".
Corta agora para a gestação que deu origem a Érico, nosso primeiro filho. Nos meses de espera, minha mulher dizia que queria um filho de tez branca, cabelos louros, olhos verdes... - enfim, um nazista! Como se os seus hábitos de tomar banho de lua, pôr reflexos nos cabelos e usar lentes de contato verdes pudessem, de algum modo, influenciar o jogo genético! Já eu me contentava com menos. Desejava: um guri saudável e esperto a quem pudéssemos oferecer todo o nosso carinho. O que, aliás, está a lhe acontecer, mas com os dias de exclusivismo... contados!
É que algo de novo já pinta na tela da Ultra...
Estado interessante, esse... Em que tudo a gente tem de aprender, inclusive isto: "Diacho, qual é o telefone da casa de praia do Dr. Eduardo, nosso obstetra?".

Datas das publicações na mídia impressa: 
11/11/89 em O POVO - CULTURA e abril de 1990 no JAMB.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

MINHA CASA, MINHA DÍVIDA - 2

Em minha casa (que eu reconstruía, lembram-se?) no Cambeba, tive que solucionar diversos problemas. Um deles era a pouca iluminação natural que havia na sala principal. Dependia quase que exclusivamente da luz solar que entrava no recinto por uma abertura que existia no teto. A finalidade dessa abertura era permitir o acesso à laje da casa, o que se conseguia fazer após subir por uma escada de ferro em espiral.
Cogitei em fazer uma segunda abertura, na parede do fundo da sala, com a finalidade de corrigir a má iluminação. Só que, por haver um banheiro do outro lado da parede, o plano não pôde ser executado. Optei, então, por criar essa nova abertura no próprio teto, onde coloquei uma espécie de pergolado. A seguir, mandei revestir a tal parede (que eu não podia demolir) com seixos rolados de cor marrom. E com grama e mudas que plantei no chão a casa ganhou o seu jardim-de-inverno.
Vieram as chuvas. Só a primeira delas já danificou completamente a pintura das paredes laterais desse jardim interior. Poupou os seixos rolados (milhões de anos no fundo dos rios deram-lhes tarimba para enfrentar as águas). E o jeito foi chamar o pintor para novamente pintar as paredes. Serviço concluído, uma nova chuvarada fez o jardim-de-inverno retornar ao status quo ante, quer dizer, à situação de pintura estragada.
O pintor admitiu que a causa do problema era a massa corrida. Aplicada nas paredes, para deixá-las bem lisas antes de pintá-las, essa massa, como disse o pintor, "não podia ver água". Sabendo disso, autorizei-o a não usá-la mais. Apenas lixasse as paredes e aplicasse, em seguida, duas ou mais camadas de tinta sobre elas.
Não ficou o mais apurado dos serviços, mas o problema foi resolvido. E olhe que São José do Equinócio mandou fortes chuvas em 1988 e 89, a ponto de, num destes anos, a estação chuvosa ir ao encontro das chuvas do caju.
O que continuava sem solução era outro tipo de problema. Representado pela água das chuvas que se infiltrava na laje e ia pingar no interior do casa através dos pontos de luz - um tormento! Nem pensar em impermeabilizar a placa eu podia, pois o mestre de obras estava a construir sobre ela a Sé de Braga. Enquanto ele não a concluía, eu só podia assuntar o céu, rezar para que não chovesse e, com a leitura de um livro de auto-ajuda, tentar aloprar o menos possível.
Foi essa incômoda realidade que me inspirou a escrever, com a pena da galhofa, a "Goteira d'água". Uma paródia da canção "Gota d'água", do Chico Buarque.
Ora, que o Chico não vá achar isso ruim, porque aí eu mudo a música da "Goteira d'água" (a letra já é mesmo minha), e ele não vai ter mais nenhuma razão para se queixar.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

MINHA CASA, MINHA DÍVIDA - 1

O sonho que eu tinha de não morar mais na Aldeota um dia resolvi torná-lo em realidade. Ao comprar uma casa, recém-construída, no Cambeba, antigo Praque Iracema. Seduzido pela ideia de ir morar bem próximo de meu local de trabalho, o Hospital de Messejana.
Agora, apontar outra vantagem que a casa apresentasse, a isto eu não me atrevo.
Para começo de conversa, a aquisição daquele imóvel foi um negócio que eu fechei de forma intempestiva. Sem me submeter a um amadurecimento crítico sobre a relação custo/benefício do bem que estava a adquirir.
Devia inclusive ter desconfiado dos seguintes detalhes: o imóvel tinha sido construído por um corretor, mas estava sendo vendido por um engenheiro!
Apesar da boa aparência e do material razoável utilizado em sua construção, a casa era de uma total incongruência. Um verdadeiro exemplo de como uma delas não deve ser, principalmente quanto ao item divisão: cada dependência fora colocada em um lugar que ofendia o bom senso. Meu Deus, como eu não vira aquilo!
Seria o caso de passá-la em frente ou de reconstruí-la, e eu fiquei com a segunda opção. Não pululavam otários por aí, ainda mais quando um deles acabara de entrar em cena.
No dia seguinte à assinatura escritural, lá estava eu a demolir o imóvel. Querendo transformar aquela coisa em casa.
Ah, como doeu ver a primeira parede vir abaixo, ainda cheirando a tinta fresca!...
Durante meses, eu enfrentei um mestre-de-obras, pedreiros e auxiliares, carpinteiros, pintores... Um pessoal, que eu recrutara na região, a executar um trabalho "perfeito-lento", quiçá em busca de estabilidade no emprego. Também pudera! Com a minha descapitalização por haver comprado o imóvel, mais ligeiro eu não podia tocar as obras.
Em contrapartida, passei a ter contato com um universo novo, povoado de muiracuatira, chibangas, vitrais e lajes volterranas.
Aluguei o meu apartamento no Dionísio Torres. Levei a família para morar em meio às obras, acreditando que assim poderia dar um melhor acompanhamento aos trabalhos em andamento. Sem falar no reforço de caixa que passei a contar com o aluguel do apartamento. Infelizmente, o ritmo das obras não melhorou muito, e eu tive que aceitar aceitar o trabalho "imperfeito-rápido" das empreitadas. Digam o que quiserem, mas foi isso que me permitiu concluir as obras a tempo de mudar para outra casa.