sexta-feira, 26 de agosto de 2011

MOTEL, HOTEL E FLOTEL

Chamava o seu motel de escola. E, quando fazia alguma obra para ampliá-lo, dizia que estava construindo novas salas de aula. Assim era Zé Galinha, um destaque do ramo da motelaria.
Certa vez uma moça se deu mal. Achando que o moteleiro agia com hipocrisia, meteu-se a censurá-lo:
- Deixa de besteira, Zé. Por que não chama o seu negócio logo de motel?
A resposta veio de fuscão preto:
- Ora, minha filha. Para não deixar em má situação uma moça como você...

A cidadezinha, além da estação ferroviária, tinha dois hotéis.
Quando alguém, recém-chegado à cidade, perguntava ao chefe da estação em qual deles deveria se hospedar, a recomendação já estava na ponta da língua:
- Tanto faz. Onde ficar vai se arrepender de não ter escolhido o outro.

Flotel é um hotel flutuante. Não sei de piadas sobre flotéis. Enquanto isso, deixe navegar em sua imaginação essa autêntica joia do Nilo Mamoré. É o boliviano "Reina de Enin", montado num catamarã e que tem doze camarotes climatizados.


sexta-feira, 19 de agosto de 2011

O HOMEM DOS 7 ESPORTES

Falta alguém tranquilizar a Dona Lêda Collor de que seu filho não corre perigo. Quando, todo fim de semana que Deus dá, ele aparece praticando alguma peripécia esportiva. Como pilotar em alta velocidade uma possante moto, deslizar sobre as águas do Paranoá num jet-ski, dirigir numa estrada movimentada uma carreta de dezoito pneus. E, ainda, a correr, a nadar, a pedalar etc.
Uma sequência de proezas a que se juntam outras, de natureza marcial. Se o mar é de almirante, a terra, de general, e o céu de brigadeiro, dirigir submarino, Urutu e avião de caça, respectivamente.
Mas não te surpreendas, ó leitor, com o que eu vou dizer agora. Sobre um segredo - que vazou - relacionado ao marketing promocional do presidente. É que existem sete sósias do Collor na Casa da Dinda. E cada um é bamba em algum tipo de esporte. Chega o fim de semana, um deles se exibe para brasileiro ver. E o brasileiro, ignorando esse detalhe, fica pensando que há um superpresidente no comando da nação. O primeiro (Menem é o segundo) do ranking mundial!
Não é novidade a estratégia em questão. A Cofap, por exemplo, para fazer a atual campanha do Turbogas (um amor de amortecedor), usou quatro cachorros da raça bassê. Dando a impressão de existir, pela soma das habilidades dos quatro, um super-ator canino. O Rin Tin Tin do seriado da televisão, idem. Em vez de um único cão, oito contracenam com a cavalaria norte-americana. Se isso é anti-ético não sei dizer, mas são as liberdades do mundo do espetáculo.
O presidente por pouco não está na novela Pantanal, também vazou. Em seu lugar, Sérgio Reis, um noviço na arte de representar, foi colocado no cast da novela (para explorar a semelhança física do cantor com o presidente). Mas, assessores do presidente, temendo que a manobra não fosse bem recebida pelo público, roeram as cordas da viola e não deram caráter oficial à substituição. Bem, se collar, collou... foi a orientação que a Manchete deu, daí para frente.
Na única aparição esportiva do presidente - em carne e osso - ele não convenceu. Foi quando jogou num treino da seleção brasileira de futebol. Mesmo assim ele criou uma enorme dificuldade para o Tafarel. Eu não gostaria de estar, naquele hora, sob a pele do grande goleiro. Imagina o sujeito ter de adivinhar para que lado a bola vai ser chutada e aí, num fechar dos olhos, saltar para o lado oposto. Ah, não estivesse ali o Tafarel aquela bola não teria entrado!
Aliás, todo goleiro de escol sabe muito bem a principal lição de Nenem Prancha. Pênalti cobrado pelo diretor do clube não é de se pegar. Cobrado pelo presidente da República, a bola então já parte completamente indefensável.
A bem da verdade, ato arriscado até hoje o filho de Dona Lêda só praticou um. Foi quando, de forma resoluta, destemida e impávida, ele adentrou uma casa bancária e... abriu uma caderneta de poupança.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

O PÁSSARO QUE PERDEU O AMIGO

Um pássaro descrevia com entusiasmo um milharal que existia nas redondezas. Convidando outro para que ambos fossem lá para um amplo, geral e irrestrito banquete.
Mas o outro se mostrou temeroso:
- Costuma haver caçadores naquele milharal.
- Ora, dividiremos o risco.
- Qual! Você é pequenino e eu sou grande...
Ficava entendido que o pássaro de porte avantajado, no caso de ambos serem vistos por um caçador, seria o alvo preferencial. E o pequenino, assim, é que teria maior chance de escapar.
E isso não era tudo. O pássaro graúdo lembrou um detalhe que tornava a aventura arriscadíssima:
- Você pia sem parar. Vai certamente chamar a atenção para nós.
- Fico em silêncio. No milharal eu só vou abrir o bico para comer grão.
- Bem, sendo assim...
E voaram os dois para a desejada lambança. Só que o pequenino, mal se viu entre as espigas, esqueceu-se do trato. E pôs-se a piar incessantemente, o que atraiu para o local uns caçadores.
Bastou um tiro para acertar... logo quem? O passarão, como era previsível.
Quanto ao pequenino, este voou para longe sem maiores dificuldades. E sem uma ponta de arrependimento, acrescente-se ainda. Tanto que ele escapou comentando:
- Perco um amigo mas não perco o piado.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

CARTA A ALCENI

Exmo. Sr.:

Extraído de um livro técnico, envio-lhe a gravura de um médico italiano paramentado para combater uma das pestilências da Idade Média. De efeito protetor duvidoso, o uniforme - veja se concorda comigo - conferia a seu usuário o aspecto de um homem-pássaro. Ou, melhor, de um maestro-pássaro, se atentarmos para o fato de que ele, com certa desenvoltura, em uma das mãos carrega uma batuta.
Vamos, porém, ao que agora interessa: adequar o medieval uniforme ao Brasil de hoje. Pois bem, para se chegar a um "modelito" atualizado, eu observo que o mesmo está a precisar do seguinte: primeiro, uma mochila "dorso-transportável"; segundo, uma moringa pendente à cintura; terceiro, um guarda-chuva que ocupe o lugar da batuta, pois quem sai à chuva não é para se molhar; e, quarto (entrando como "opcional obrigatório"), uma bicicleta.
Não esquecendo, ainda, da inscrição que deve existir no novo uniforme: SUPERFATURAMENTO É A MÃE!

PGCS