sábado, 31 de outubro de 2009

BRASIL, MOSTRA TUA TARA

A Constituinte não topou este desafio
Garantir a estabilidade no emprego para técnico de futebol.
Salomão Rei
Se ele houvesse possuído apenas um terço das concubinas, ainda assim teria sido um sábio.
Bilaquiana
Abri a janela pálido de espanto... Outra parada militar em minha homenagem!
Subornar uma autoridade pode dar cana
E está custando os olhos da cara o suborno para não acabar preso.
Feito gente
As tarifas públicas crescem à noite.
Puxa, como você adivinhou o meu pensamento?
Ora, foi fácil. Você tem poucos.
Só com dinheiro vivo
O crime pago com cheque não compensa.
Os mortos governam os vivos
Será por que em muitos lugares do Brasil ainda não perderam o direito de votar?
Uma lágrima autêntica como é
tem gosto de soro caseiro.
Música
Essa coisa divina que aumenta a produção das vacas leiteiras.
Caetano (dando Bandeira)
Irene preta / Irene boa / Irene sempre de bom humor / Quero ver Irene dar sua risada.
Para não revidar uma agressão
Conte até dez. Ou até cinco, se você for pavio curto.
Filosofia Zen
Ficando de pé numa perna só, pode alguém suportar a fadiga da outra perna?
Uma comparação
Apodrecendo feito manga que a gente precisava vender.
Outra, estilo Faustão
Sou do tempo em que tio não era o motorista do ônibus escolar.
Engoma, engoma
O que tem o nu a ver com as calças?
Receita antibanquete canibal
Mijar no caldeirão. Dizer que fez isso.
É muita indignação... faltando
Outro aumento no preço dos combustíveis e o cidadão fingir que não é com ele. Só porque está de tanque cheio.
Bateau Mouche IV - a explicação de uma tragédia
Gente demais. Antes de partir não esvaziaram os cinzeiros de bordo.
E o que vai mudar depois
Os nomes dos Bateau Mouche I, II e III.
Má ideia
Homem correr atrás de um rabo de saia... Escócia a dentro.
Dos males do Brasil
O maior - demonstrável por A mais B - é o analfabetismo.
Afora, é claro
Esse contínuo "estado de não come".

terça-feira, 27 de outubro de 2009

GOTEIRA NOVA

Quando fiz reforma na moradia
Acabei com a minha economia.
- Olha a porta emperrada.
- Cuida da fechadura.
- Quando for pra pintura
Quero a mão caprichada,
--------------------------------seu pintor.
Mas que há com o barracão
Quando me respinga na moleira?
Um chuvisco de verão.
- Que aflição!
Pode ter nova goteira.
Pode ter nova goteira.
Pode ter goteira nova.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

ESCOLA DE SAMBA? DEIXA EU FALAR...

Você talvez ainda esteja rememorando com prazer o recente desfile das escolas de samba na Marquês de Sapucaí. Um espetáculo de encher os olhos. Quer pela garra dos passistas e ritmistas - o samba dito no pé - quer pelo luxo e esplendor das fantasias, carros alegóricos e adereços. A isso, acrescente-se também a harmonia, a criatividade dos enredos, a cenografia etc. Sem favor algum, o maior espetáculo da Terra. Haja vista, entre outras coisas, a afluência de turistas do mundo inteiro para assistir ao desfile. E... como saem eles embasbacados do sambódromo.
Nessa empolgação, você talvez não tenha dado conta de um fenômeno. A cada ano, as escolas de samba vêm se afastando mais e mais dos princípios que nortearam a criação. Em parte, justificada a mudança por terem as agremiações, na medida em que os tempos são outros, se transformado em função de uma nova realidade. Agora, que ficaram diferentes, ficaram. Irreconhecíveis até, quando se recorre - para efeito de comparação - ao referencial de um passado meio cá. E, sobre compará-las com a "Escola de Samba Deixa Eu Falar", dos saudosos Ismael Silva e Heitor dos Prazeres, ah, então nem falar...


Mas, continua possível uma escola de samba retornar às origens. E eis, quesito a quesito, como ela ficaria.
Bateria - Nada de pessoas com surdos, taróis, reco-recos, pandeiros, cuícas e... que sei eu! Voltaria a ser um conjunto de pilhas eletroquímicas, associadas em série ou em paralelo, para se obter uma maior diferença de potencial ou durabilidade. Uma solução, com o pedido de desculpa pela ambiguidade da palavra, bem a gosto do Dr. Batérico.
Carros alegóricos - Andariam empurrados. Mas aí já não seria por problema de bateria.
Porta-bandeira - Uma base de metal, plástico ou madeira, com um orifício central, no qual se pode enfiar a haste de uma bandeira.
Mestre-sala - Não mais sassaricaria na Marquês de Sapucaí. Lugar de mestre é em casa. E, para ser exato, na dependência onde as refeições são servidas e as visitas recebidas.
Ala das baianas - Só pessoas do sexo feminino e nascidas na Bahia.
Outras alas - À la carte.
Concentração - O momento em que todos os participantes meditariam profundamente pelo Método Silva. Em vez de ficar empostando a voz, afinando algum instrumento, ajeitando adereço ou dando um arremate de última hora na fantasia.
Fogos - Artifício suprimido a fim de não papocar o espetáculo.
Carnavalesco - Novamente equiparado a papa e rei. Joãozinho XXX reabriu o processo.
Comissão de frente - O júri sendo corrompido de maneira clara na frente de todos.
Enredo - Ficaria sob a responsabilidade de quem sabe mexericar, dedurar, futricar etc
Destaques - O sujo falando do mal lavado. E com que folga, hein!
Puxador - O ladrão de automóveis, o viciado em maconha. Para testar o método sincopado da ressocialização pelo samba.
Fantasia - Nenhuma vestimenta. Apenas imaginação, devaneio... Remember o rei que desfilou nu. E, no tocante a isso, já tem o mulherio que entra na avenida só de tapa-sexo.
Adereços - Ampla utilização dos arreios de cavalo. O que, aliás, é bem melhor do que pegar em rabo de ginete.
Evolução - Sem essa! E, por já ter causado problema bastante, fique a evolução restrita às Ciências Naturais.
Bicheiro - Um frasco cheio de bichas (sanguessugas, no sentido antigo). Já que as bichas de hoje não podem ser assim contidas, ainda mais durante o período da folia.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

OUVIR AS BASES

PGCS
"Ora (direis) ouvir as bases! Trouxa,
Desaprumaste!" E eu vos direi, porém
Que não tenho uma liderança frouxa
Nem que sozinho decido também...

Quando o impasse é descomunal, e atrozes
conflitos me cercam, busco eu - de dia
E de noite - ouvir atiladas vozes:
Naipe de uma como que sinfonia!...

Direis agora: "Deputado esperto!
O que aprontas com elas? Qual é
O ganho dessa oitiva a céu aberto?"

E eu vos direi: "Não são elas capazes
De só falar o que a gente ouvir quer?
Pois se assim não fosse, ó... danem-se as bases."

OUVIR ESTRELAS

Olavo Bilac
"Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!" E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto...

E conversamos toda a noite, enquanto
A Via Láctea, como um pálio aberto
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto
Inda as procuro pelo céu deserto.

Direis agora: "Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?"

E eu vos direi: "Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas."

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

AOS QUE RONCAM

-
Não se pode roncar impunemente,
A noite toda, feito um caititu
A morgar no bem-bom. Ou julgas tu
Que cá, nesta casa, não mora gente?

Ressonando, não dás nenhuma trégua
Ao sossego daqui. Pô, Roncador!
Lembras um carro de bois gemedor
Cuja bulha tem o alcance da légua.

Queres roncar? Busca um novo endereço
Distante de ouvido cristão, ó Anta!
(Nesse afã, talvez te ajude Morfeu.)

Pois, se aqui te quedas, eu não apreço
Um reles tostão por tua garganta,
Já que te acham o próprio Asmodeu.

Foi publicado no Jornal da Associação Médica Brasileira (JAMB nº. 1157), de fevereiro de 1987. É uma paródia do soneto AOS QUE SONHAM, de Raul de Leoni (a seguir).

AOS QUE SONHAM

Não se pode sonhar impunemente
Um grande sonho pelo mundo afora,
Porque o veneno humano não demora
Em corrompê-lo na íntima semente.

Olhando no alto a árvore excelente
Que os frutos de ouro esplêndidos enflora
O Sonhador não vê, e até ignora
A cilada rasteira da serpente.

Queres sonhar? Defende-te em segredo
E lembra, a cada instante e a cada dia
O que sempre acontece e aconteceu:

Prometeu e o abutre no rochedo,
O Calvário do Filho de Maria
E a cicuta que Sócrates bebeu!

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

OUTROS TEXTOS PUBLICADOS NO DN - CULTURA

Além dos 23 textos ultimamente aqui inseridos com o marcador DN - CULTURA, há outros 21 deles que foram publicados no caderno de cultura do "Diário do Nordeste" e que já estão no Preblog (por vezes sob títulos diferentes).
Estes 21 textos são os seguintes:
FÓSFOROS
O SEGUNDO
AS COROAS DE APOLO
EM CARTAZ - I
BANCA DAS NEVES
HOMEM & MULHER
MINHA HISTÓRIA
A BOMBA
O VENDEDOR DE ESTRELAS
PONTO E VÍRGULA
JORGE, SUAS PAQUERAÇÕES (SOL, PRAIA... AÇÃO)
A PROPOSTA DO DR. CARTA PÁCIO
O CAMINHO DO MEIO
JORGE, SUA LUTA ANTI-SOLIDÃO (GURGELZIM E A ARTE DO DESENCONTRO)
A SENHORA E.
JORGE, SEU VIOLÃO DE OURO (GURGELZIM DA VIOLA)
INVENTANDO COISAS
DR. CARTA PÁCIO E O LOTEAMENTO HUMANO
OS TÍQUETES DO TEMPO
JORGE, SUA VIDA SEXUAL (GURGELZIM E O COMETA HALLEY)
O FAROL