quarta-feira, 30 de dezembro de 2020

MÉDICOS CONTAM CAUSOS DA CASERNA

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Ombro, arma!
Em 25 de outubro, quinta-feira, às 20 horas, no auditório do Edifício-Sede da Unimed-Fortaleza, aconteceu o lançamento de "OMBRO, ARMA! - Médicos contam causos da caserna", um livro organizado e apresentado pelo colega Marcelo Gurgel.
A obra, que reúne textos de 18 médicos escritores, tem o prefácio escrito pelo neurocirurgião Dr. Flávio Leitão – membro da Sobrames-CE, e três apêndices inseridos.
Autores
– Ana Margarida Furtado Arruda Rosemberg
– Célio Vidal Pessoa
– Francisco José Costa Eleutério
– Francisco Sérgio Rangel de Paula Pessoa
– Helano Neiva de Castro
– Jorge Augusto de Oliveira Prestes
– José Luciano Sidney Marques
– José Ramon Porto Pinheiro
– Liêvin Matos Rebouças
– Lineu Ferreira Jucá
– Luiz Gonzaga Moura Jr.
– Luiz Gonzaga Porto Pinheiro
– Marcelo Gurgel Carlos da Silva (org.)
– Paulo Alfredo Simonetti Gomes
– Paulo Gurgel Carlos da Silva
– Paulo Roberto de Souza Coelho
– Raimundo José Arruda Bastos
– Walter Gomes de Miranda Filho
Ficha técnica
Capa: Isaac Furtado | Projeto e editoração: Alexssandro Lima | Revisão: Francisco Dermeval Pedrosa Martins e Marcelo Gurgel | Tiragem: 500 exemplares | Gráfica: Expressão Gráfica e Editora | Ano: 2018 | ISBN: 978-85-420-1300-9 É o terceiro livro de uma tetralogia de causos da caserna escritos por esculápios. Os títulos anteriores são "MEIA-VOLTA, VOLVER!", de 2014, e "ORDINÁRIO, MARCHE!", de 2015.
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Fora de forma!
Em 14/12/2020, às 19h30, numa sessão virtual pelo Google Meets, aconteceu o lançamento de "FORA DE FORMA! - "Médicos contam causos da caverna", um livro organizado e apresentado por Marcelo Gurgel.
A obra, que reúne textos de 17 médicos escritores, tem o prefácio escrito pelo Dr. Sebastião Diógenes – membro da Academia Cearense de Medicina, da Sobrames-CE e da Academia Quixadaense de Letras, e inclui as biografias de três médicos militares (Oswaldo Riedel, Eleazar de Aguiar Campos e Wilson da Silva Boia) e as reminiscências de um dos coautores (pertinentes ao tempo em que ele viveu nos confins da Amazônia).
Autores (pôr imagem do livro)
– Ana Margarida Furtado Arruda Rosemberg
– Áttila Nogueira Queiroz
– Dennis Tomio Fujiite
– Djacir Gurgel de Figueirêdo
– Francisco José Costa Eleutério
– José Luciano Sidney Marques
– José Maria Chaves
– José Mauro Mendes Gifoni
– José Ramon Porto Pinheiro
– Lineu Ferreira Jucá
– Luiz Gonzaga Moura Jr.
– Marcelo Gurgel Carlos da Silva (org.)
– Paulo Gurgel Carlos da Silva
– Paulo Henrique de Moura Reis
– Paulo de Tarso Campos Ferreira
– Raimundo José Arruda Bastos
– Walter Gomes de Miranda Filho
Ficha técnica
Capa: Isaac Furtado | Projeto e editoração: Francisco Myard | Revisão: Marcelo Gurgel e Angelita Aníbal de Castro | Tiragem: 500 exemplares | Gráfica: Expressão Gráfica e Editora | Ano: 2020 | ISBN: 978-65-5556-107-4 É o quarto livro de uma tetralogia de causos da caserna escritos por esculápios. Os títulos anteriores são "MEIA-VOLTA, VOLVER!", de 2014, "ORDINÁRIO, MARCHE!", de 2015, e "OMBRO, ARMA!", de 2018.
LINK para 1 e 2

segunda-feira, 30 de novembro de 2020

O COMEDOR DE OSTRAS

"Quem primeiro comeu uma ostra era uma alma corajosa."

A coragem do primeiro comedor de ostras é reconhecida há pelo menos quatrocentos anos. As primeiras evidências publicadas foram escritas por Thomas Moffett, um influente médico inglês que morreu em 1604. Mas várias figuras fizeram observações semelhantes ao longo dos anos. John Ward, em 1661, ao incluir um comentário sobre as ostras em seu diário (creditando-o ao rei James I, que havia morrido em 1625); John Gay, em 1716, ao versejar "... que, na costa rochosa, / primeiro quebrou o casaco perolado da ostra"; e Jonathan Swift, em 1738, quando criou este diálogo para dois personagens:
Lady Smart: "Senhoras e senhores, vocês comerão ostras antes do jantar?"
Coronel Atwit: "Com todo o meu coração." [Toma uma ostra.]
Ele era um homem ousado, o primeiro a comer uma ostra.
Além dos supracitados autores, todos eles ingleses, o polígrafo americano Benjamin Franklin. Ele incluiu no "Poor Richard's Almanack", em 1753, uma versão ligeiramente alterada dos versos de John Gay. Em conclusão, todos eles, de Moffet a Ben, ajudaram a popularizar essa sabedoria proverbial.
http://blogdopg.blogspot.com/2020/10/o-comedor-de-ostras.html

O pintor e gravador belga James Ensor produziu paisagens, naturezas-mortas e retratos, além de cenas do gênero com sua irmã, mãe e tia. "La mangeuse d'huîtres" (O comedor de ostras), o ponto alto de seu trabalho na época, reúne esses diferentes gêneros pictóricos magnificamente. A imagem mostra sua irmã Mitche concentrada em comer ostras, com uma profusão de flores, pratos e toalhas de mesa diante dela, Mas esse quadro certamente era ousado demais para o ambiente altamente conservador da época e foi rejeitado no Salão de 1882, em Antuérpia.

As ostras não são os únicos moluscos que podem produzir pérolas: mexilhões e amêijoas também produzem pérolas, mas esta é uma ocorrência muito mais rara.
A esta relação dos moluscos formadores de pérolas devemos acrescentar também o sururu. A partir da experiência por que passou o genealogista e historiador Ormuz Simonetti ao se deliciar com um caldo de sururu.
Bem, deixemos que ele mesmo descreva como encontrou essa pérola:
"Estávamos em animada conversa quando foi servido o caldinho de sururu ao leite de coco. Logo na primeira porção que me foi servida, mastiguei algo estranho. A princípio pensei tratar-se de uma pedra e temi pela possibilidade de ter quebrado algum dente. Mas, ao colocar a mão na boca e retirar aquele corpo estranho, surgiu diante dos meus olhos algo bem diferente do que esperava ver. Fiquei observando na ponta de meu dedo indicador uma bela e minúscula pérola. A princípio não acreditei no que meus olhos viam, ao tempo que meu cérebro insistia no que me recusava a acreditar. Até aquela data nunca tinha ouvido falar que alguém tivesse encontrado uma pérola dentro de um marisco, mesmo porque não era de meu conhecimento que fosse possível encontrar pérolas dentro desses moluscos. Sempre ouvia falar que elas são encontradas dentro de ostras."
http://gurgel-carlos.blogspot.com/2011/05/perola-de-sururu.html

sexta-feira, 30 de outubro de 2020

EM CARTAZ - V

CÉREBROS DE PEIXE
Filme baseado no libreto da ópera homônima da premiação Ig Nobel de 2000 (http://www.improbable.com/2019/11/27/the-ig-nobel-operas). Um homem e uma mulher querem ser o casal mais inteligente do mundo. Mas eles discordam sobre como fazer isso. Ele insiste que eles não devem comer nada além de peixe. Ela insiste em cérebros - e nada mais. Infelizmente, o cérebro que ela come veio de vacas loucas e ela contrai a Doença da Vaca Louca. O peixe que ele come estava contaminado com mercúrio e ele sofre da Doença do Chapeleiro Maluco. O casal, que é louco um pelo outro, então cria a próxima grande moda alimentar do mundo: cérebros de peixe!
O DIABO NA ENCRUZILHADA
Adaptação para o cinema de um romance homônimo, escrito em 666, que conta a história do lendário instrumentista RR Suárez.  O filme (Espanha, remasterizado) detalha os mistérios que envolvem o enigmático músico de Toledo que, no início da carreira, desapareceu misteriosamente e quando voltou mostrou habilidades impressionantes em tocar o alaúde, superando os melhores de sua época. Como Suárez ficou bom assim tão rápido neste instrumento da família dos cordotones? Diz a lenda que ele foi para uma encruzilhada, onde se ajoelhou e ofereceu a alma ao Diabo. Reforça essa versão ter o sumiço dele acontecido ano ano da Besta.
STRIPTEASER
Coprodução inuíte-algonquina de 2020. A história de um homem que, quando passeava em um lago congelado no Canadá, foi surpreendido por um grande urso branco. Tentando não mostrar sinais de desespero, ele joga seu casaco em direção ao urso, o que detém o animal por algum tempo. Mas a curiosidade não matou o urso. Ao contrário, a fera assim que se desinteressou pelo casaco passou a se aproximar dele. O homem então atirou a camisa para a fera. Depois de cheirá-la, o urso tornou a vir para cima dele. O homem jogou a camiseta e a calça moleton, e chegou a vez dos acessórios: gorro, cachecol, meias, botas e óculos. Ele fazia aquilo tudo com graça e desenvoltura (um flashback mostra que o mesmo é stripteaser de um clube de mulheres em Ottawa) até ficar apenas de cueca, naquele frio congelante. Nisso, o urso mete a enorme pata em sua underweaver... Considerou-se um homem morto. O que não aconteceu, pois o urso, aliás, a ursa se retirou. Deixando uma cédula de 100 dólares em sua cueca.

quarta-feira, 30 de setembro de 2020

MARINHEIROS DE ÁGUA DOCE

O mundo tem hoje 43 países sem acesso ao mar. Segundo dados da CIA, apenas oito deles possuem marinhas militares. É o caso do pequeno Malauí, no centro do continente africano, que tem uma Marinha com 225 homens dentro do Lago Niassa, com os canhões apontados somente para Tanzânia e Moçambique. Uganda, também na África, conta com uma força naval de 400 homens que virou motivo de anedotas internacionais. Na década de 70, o ditador Idi Amin começou a aparelhá-la para exibir seu poderio militar frente aos americanos. A única dificuldade era o fato de a Marinha estar cercada no interior do Lago Vitória. A Mongólia, na Ásia, mantém uma força naval dentro do Lago Hovsgol, na fronteira com a Sibéria, que permanece congelado seis meses por ano, impedindo a navegação. Segundo um documentário feito pelo americano Robert Stern, ela tem somente um navio e sete marinheiros, sendo que apenas um deles sabe nadar. Na lista das marinhas sem saída para o oceano também estão a do Cazaquistão, a do Azerbaijão e a do Turcomenistão, na Ásia, e a do Paraguai, cujo arsenal tem 3.600 oficiais, vinte embarcações, dois aviões e dois helicópteros.
De todas essas, a Marinha boliviana com cerca de 5 mil membros salta aos olhos por ser a maior força naval ribeirinha do planeta. Nasceu na década de 60, quando o então presidente Víctor Paz Estenssoro, entusiasmado com o projeto de recuperar o litoral perdido para o Chile na guerra de 1879, povoou com navios militares o Lago Titicaca e os rios que fazem fronteira com o Brasil e o Paraguai. A perda da costa marítima é um assunto de forte sentimento na Bolívia, onde foi também instituído o "Dia do Mar". Escolares são ensinados que recuperar o acesso ao oceano é um dever patriótico e, dentro desse espírito, a existência de uma Marinha boliviana "serve para não deixar a idéia morrer".
http://blogdopg.blogspot.com/2012/12/marinheiros-de-agua-doce.html
Frota do Titicaca
Em 1861, o governo peruano empreendeu uma tarefa inusitada: construir dois navios de guerra no Lago Titicaca - o lago navegável mais alto do mundo. O lago fazia parte da fronteira Peru-Bolívia e o Peru queria estar preparado para futuras hostilidades.
O Peru contratou dois construtores navais britânicos para esse fim. Não havia à época estradas que pudessem levar os navios ao lago. Assim, os construtores trouxeram em mulas os componentes dos navios, por uma região desértica de 225 quilômetros até às margens do Titicaca, onde os navios foram finalmente montados.
Nenhuma peça poderia pesar mais de 175 quilos - o peso máximo que uma mula conseguiria carregar.
Os construtores dos navios completaram o Yavarí em 1870 e o Yapura em 1872. O Yavarí é agora um navio-museu. Mas o Yapura, que está na foto acima, ainda está em serviço. Por um longo período de tempo, seu motor foi alimentado por caca de lhama, embora eu não tenha conseguido determinar se ainda o é.
http://blogdopg.blogspot.com/2020/07/frota-do-titicaca.html

domingo, 30 de agosto de 2020

EU, 72

A idade é um número, não uma sentença de morte.
\o/ \o/ \o/
Toda a vida é vivida à sombra de sua própria finitude, da qual estamos sempre conscientes - uma consciência que sistematicamente embotamos através da distração diária da vida. Mas quando essa finitude é iminente, de repente alguém se depara com uma consciência tão aguda que não deixa outra opção a não ser preencher a sombra com a luz que um ser humano pode gerar - o tipo de iluminação interna que chamamos de significado: o sentido da vida.
\o/ \o/ \o/
Deixando a filosofice para lá. Sou eu um investimento que vale a pena?
Se meu pai fosse vivo (ele era advogado e contador) poderia fazer com correção os cálculos. Na ausência dele, utilizo-me da regra dos 72.
Essa regra é usada na área de finanças para fazer uma estimativa de quanto tempo — medido em anos — determinado valor de capital demora para ser duplicado, considerando determinada taxa de juros anual.
Não interessa o valor do capital (a regra é só para fornecer o tempo em que o valor dobra).
Seu cálculo é feito da seguinte forma:
72/taxa de juros da aplicação = anos para o patrimônio duplicar.
Supondo-se que eu seja um investimento com a rentabilidade da caderneta de poupança (4,34% em 2019). Logo, para que meu valor dobre, será necessário um período de:
72/4,34 = 16,6 anos ou 16 anos e 7 meses.
O problema é que eu não tenho um fundo garantidor como  a caderneta.
\o/ \o/ \o/
No Preblog: ANIVERSÁRIO
Saiba por que presentear com dinheiro é o modo de não se equivocar jamais.
Original: Blog EM, 06/06/2020

quinta-feira, 30 de julho de 2020

O JOGADOR DE XADREZ TURCO

O jogador de xadrez turco de Maelzel era uma máquina que realmente existia. Construída em 1769, por Wolfgang von Kempelen, foi exibida nos séculos XVIII e XIX em feiras e teatros em Paris, Viena, Londres e Nova Iorque.
Em 1783, em seu hotel em Paris, Benjamin Franklin recebeu uma carta de Wolfgang von Kempelen,  convidando-o a ver e jogar contra o autômato que jogava xadrez turco, além de caso quisesse inspecionar a máquina.
Franklin aceitou o desafio e, alguns dias depois, jogou xadrez turco contra a máquina no Café de la Regence e perdeu. Embora Franklin fosse um amante do xadrez, ele não mencionou esse evento em nenhuma de suas correspondências, talvez, alguns explicam, porque ele era conhecido como sendo um mau perdedor.  [Tom Standage, The Turk, 2002 Walker Publishing]
Quando Von Kempelen morreu, seu filho vendeu a máquina para Nepomuk Maelzel, um violinista de Viena que também inventou dispositivos musicais como o metrônomo.
Edgar Allan Poe testemunhou uma demonstração do funcionamento da máquina e escreveu o ensaio "Maelzel's Chess Player"  para demonstrar que era uma fraude.[Poe, EA. Cuentos completos (tradução por J. Cortázar), Alianza Editorial, Madri, 2002]
Os aficionados por Poe notaram que o artigo tem um tom, uma voz notavelmente semelhante ao discurso de Dupin em "Os assassinatos na rua Morgue". Na verdade, existem muito mais interseções entre o artigo e o conto. Vários elementos em comum levam a acreditar que houve uma transposição de um para o outro:
Nos dois casos, temos uma sala trancada. Na história, a polícia não sabe explicar como o assassino poderia ter entrado ou saído do local, já que todas as portas e janelas estavam trancadas por dentro. No artigo, o objetivo de Poe é determinar se, dentro da máquina, um ser humano estavria escondido ou se ela continha, como Maelzel gostaria de que sua audiência acreditasse, apenas mecanismos.
Poe descreve em detalhes o ato de Maezel no palco: antes de fazer a máquina jogar xadrez, ele andava pelo palco rolando o autômato à sua frente, enquanto abria e fechava compartimentos e gavetas na máquina para mostrar que ela continha apenas elementos mecânicos. Ele propõe que Maelzel abria e fechava esses compartimentos e gavetas em uma ordem precisa, que permitia que uma pessoa no interior da máquina deslizasse um painel interno e se movesse no momento certo, e assim permanecer oculta. E conclui que, apesar da mecânica da máquina sempre à vista, sempre havia um espaço trancado em seu interior.
Este painel deslizante interno constitui parte da solução de Poe para a farsa no artigo. Ele é transposto para o conto, onde se torna uma janela deslizante que também constitui parte da solução para o mistério da sala trancada de Dupin. Descobre-se que o orangotango entra no apartamento por uma janela e, por acaso, um prego na moldura da janela trava a janela ao sair. O animal, em outras palavras, como a suposta pessoa dentro da máquina, se move graças a um mecanismo deslizante e, portanto, permanece oculto aos vizinhos que chegam ao local no momento em que o assassinato estava ocorrendo. [http://epistemocritique.org/why-an-ourang-outang/]
De fato, como foi mostrado mais adiante, não era a máquina que jogava xadrez, já que havia uma pessoa dentro dela - o jogador de xadrez francês Jacques Mouret - que era quem realmente a controlava.

terça-feira, 30 de junho de 2020

MATÉRIA RIMA

(quase poesia)
o hidrogênio e o ardor do gênio
o lítio e a vida no sítio
o berílio e o início do idílio
o boro e a serpente Ouroboros
o carbono e a evolução do mono
o sódio e o próximo episódio
o magnésio e a Carta aos Efésios
o alumínio e a reserva de domínio
o silício e o caráter vitalício
o fósforo e o Estreito de Bósforo
o argônio e a sedução do demônio
o potássio e que fim levou o Cássio?
o cobalto, de salto alto
o zircônio atraído pelo ferormônio
o ferro se conhece pelo berro
o zinco e o leite do ornitorrinco
a prata e a rádio pirata
o mercúrio por entre murmúrios
o chumbo e a batida do bumbo
o ouro e a Ilha do Tesouro
o polônio com uma fissura no perônio
o tório, rato de escritório
o actínio em novo escrutínio
o urânio e que fim levou o Afrânio?
Vídeo
Um grupo de químicos acrescentou novos trechos à canção "The Elements", de Tom Lehrer.

sábado, 30 de maio de 2020

O PODER DE DEUS

Há cerca de seis mil anos o poder de Deus era incomensurável. Criou todo o Universo em apenas seis dias para, daí em diante, dar-se ao desfrute do que Cícero chamaria de otium cum dignitate.
Algumas gerações bíblicas após, teve que deixar a dolce vita para reassumir o comando da Terra. Insatisfeito com os rumos que a humanidade vinha tomando, submergiu-a com as demais espécies no terrível Dilúvio Universal. Ficaram fora da punição Noé, a família deste e um casal de cada espécie. Naquilo que, aliás, foi uma demonstração de força e tanto, já que não havia (nem degelando os polos) água suficiente para cobrir as mais altas montanhas do planeta.
Depois disso, os descontentamentos divinos ficaram reduzidos ao envio de pragas. Como fez aos egípcios que relutavam em dar a baixa nas carteiras de trabalho do povo judeu.
No início da Era Cristã, os milagres ficaram ao cargo do Filho que veio à Terra. Sendo o mais espetacular deles o episódio em que o Filho andou sobre as águas para impressionar o apóstolo Pedro. Outro momento inesquecível foi o dom de línguas em que o Espírito Santo fez uma ponta.
No século 17, Deus iluminou a mente dos cientistas. Mas foram estes que, de fato, deram os primeiros passos para a cura da sífilis.
De uns tempos para cá, Ele anda meio disperso. Com tanta gente ávida por milagres e com os pastores que apascentam seus rebanhos com o discurso da teologia da prosperidade, também pudera!
Agora, para que ninguém diga que se esconde do mundo, de tempos em tempos, Deus faz aparecer sua imagem em torradas, parede e até em fiofó de cachorro. Mas como sarça ardente... bom, deixa pra lá.

quinta-feira, 30 de abril de 2020

REMATE DE MALES

1
Para Coelho Filho e colaboradores, não se sabe com precisão como surgiu o nome "Remate de Males". Em "A economia gomífera da cidade de Remate de Males na configuração do território amazônico", eles conjeturam algo a respeito: "remate" significa o último retoque na conclusão de uma obra- prima, o seu retoque final; "males" podem ser atribuídos às lendas que povoavam as mentes dos moradores dos seringais. Matinta, curupira, mapinguari, entre outros, os seres que habitavam as matas e que representavam uma ameaça a quem lhes cruzasse o caminho, e desse modo receavam todos dar de encontro com um deles por aí.
O principal deles seria a "cobra grande" que habitava justamente a foz do Rio Itacoaí (Itaquaí), em frente à cidade Remate de Males, onde todos temiam atravessar de uma margem para outra. Há relatos de um senhor que, ao estar atravessando o rio em direção ao lago Domingo, bem em frente à cidade, uma onda levantou-se atrás dele, que logo acelerou suas remadas até chegar ao canal de entrada do lago onde a onda se desfez. Assim, concluíram estes autores, que o nome Remate de Males teria este nome pelos "males" que ali existiriam.
2
Anísio Jobim, em "Panoramas Amazônicos”, informa que a cidade se originou de uma cabana à margem do Itacoaí, onde habitava o filho de um oficial superior brasileiro, e que a denominação de Remate de Males foi dada em 1890, pelo maranhense Alfredo Raimundo de Oliveira Bastos, que encontrou neste local um relativo bem-estar, resolvendo fixar-se ali como um remate a seus males. Colocou, então, na fachada de seu barracão, o letreiro "Remate de Males", cuja designação se estendeu a todo o lugar.
Com a queda do Ciclo da Borracha, Remate de Males, que chegou ser a terceira cidade do Amazonas, teve o crescimento estagnado. Muitos de seus moradores migraram para o então seringal Cametá, onde ajudaram a formar um povoado que hoje é o município de Atalaia do Norte, e outros foram para onde é hoje o município de Benjamin Constant. Restando-lhe poucos moradores, Remate sofre mais um declínio, este agora de causa natural: a queda dos restos de um cometa que atingiu a Terra em meados de 1930, produzindo um terremoto de 6,5º na escala Richter, registrado em La Paz, em que uma de suas partes, um imenso bloco de gelo, abriu uma cratera de 1,5 km, no rio Curuçá. Com o desbarrancamento do rio, a força da água foi maior que a estrutura de terra que sediava a cidade e, em pouco tempo, a cidade desapareceu debaixo das águas do Rio Itacoaí.
Resultado: nessa catástrofe, que ficou conhecida como o evento do Curuçá (nome de um afluente do Javari), o barranco de Remate cedeu, e a cidade foi engolida pelo rio Itacoaí, em 12 horas. Sua população fundou a nova Atalaia do Norte e distribuiu-se também por Benjamim Constant.
3
Em 1927, ao desembarcar em Atalaia do Norte, à época chamada de Remate de Males, Mário de Andrade anotou em sua caderneta que fazia um calor de "rematar", a malária atacava os moradores e não tinha "coisa nenhuma" no comércio para comprar. Essas observações foram mais tarde publicadas no livro "Turista Aprendiz".
Ele era o poeta do bom humor e da simplicidade. "Remate de Males", publicado em 1930, seria o título de um livro de poesias que mostraria o esforço do escritor em compreender um país contraditório e plural, como ele mesmo, poeta, etnógrafo, folclorista, pesquisador de música, romancista. "Eu sou trezentos, sou trezentos e cinquenta", escreveu o poeta na abertura dessa obra inspirada na pequena vila à margem do Javari. A figura do regatão, os mitos indígenas, os pilantras, o sujeito sem caráter e o homem brasileiro numa interminável febre de "maleita" entrariam definitivamente em seus livros, com suas características boas e ruins.
Webgrafia
http://periodicos.uea.edu.br/index.php/revistageotransfronteirica/article/view/778/673
http://infograficos.estadao.com.br/especiais/favela-amazonia/capitulo-10.php
http://www.facebook.com/pardieiros
http://gurgel-carlos.blogspot.com/2019/10/a-perola-do-javari.html
http://www.literaturabrasileira.ufsc.br/documentos/?action=download&id=37935 (textos literários em meio eletronico / Remate de Males)

segunda-feira, 30 de março de 2020

PRATOS POR ASSIM DIZER IMPRATICÁVEIS

Recebo em meu correio eletrônico mais uma das postagens de "TudoPorEmail". Desta vez, o site  reporta-se a algumas maneiras impraticáveis de servir comida.
Entre elas, destacamos: bacon em varal para secar, sorvete em vasos de flores, macarrão em cone de papel (com o pedido de nunca mostrar esta inovação para um italiano), café da manhã inglês numa pá, anéis de cebola no funil, ostras sobre o tijolo etc.
Last but not least, frutos do mar servidos num pequeno aquário com um peixe ornamental vivo.
Lembro-me de ter existido em Fortaleza um restaurante que tinha como atração culinária principal o "peixe na telha". Os peixes (podia ser também uma lagosta ou outro fruto do mar) assim como os demais ingredientes da peixada eram cozidos na própria telha em que vinham para a mesa.
Ficava esse restaurante no Morro de Santa Terezinha, de onde se tem uma visão panorâmica de nossa cidade. Era o "Tudo em Cima".
(TudoPorEmail não informa o nome dos seus restaurantes.)
Mas ninguém ousou tanto quanto o falecido Hugo Leão de Castro, um inveterado boêmio da Ipanema dos anos 1960. Em seu apartamento na rua Jangadeiros, Hugo deu na telha de promover uma feijoada para 50 pessoas. E, por falta de panelas e de juizo, serviu a feijoada num bidê que acabara de comprar. Virou o Hugo Bidet.
[http://www.tudoporemail.com.br/content.aspx?emailid=14518]
[http://preblog-pg.blogspot.com/2013/02/tudo-em-baixo.html]
[http://simaopessoa.blogspot.com/2010/10/causos-de-bambas-hugo-bidet.html]
[http://blogdopg.blogspot.com/2020/01/pratos-impraticaveis-de-servir.html]

sábado, 29 de fevereiro de 2020

GÍRIAS DO PASQUIM

para o jornalista JB Serra e Gurgel
autor de DICIONÁRIO DE GÍRIA
Famoso por seus textos debochados, irônicos e irreverentes, o Pasquim inventou modismos como "pô", "paca", "sifu", "duca", "putsgrila", "quiuspa", "podiscrer" e "cacilda". Levou as gírias ipanemenses para as páginas do tabloide e tirou o "paletó e a gravata do jornalismo", deixando os textos mais próximos da linguagem coloquial.
[http://blogdopg.blogspot.com/2017/11/falou-e-disse.html]
Anta, pessoa lerda, pesada. Neste período,por exemplo: Eu sou uma anta.Tenho DOIS pares de tênis. Dizem os "pasquinófilos" que a frase era uma alusão aos basbaques da época. Quando possuir UM par de tênis era coisa de rico, e eles estufavam o peito para proclamar:– EU tenho DOIS pares de tênis!
[http://blogdopg.blogspot.com/2019/01/a-anta-de-tenis-e-o-cidadao-de-bem.html]
Barato, momento, coisa ou pessoa capaz de inspirar prazer ou simpatia.
Bicha, pederasta.
Bicho, amigo, cara, um interlocutor do sexo masculino.
Bicho grilo, pessoa de aparência extravagante.
Bilouca, contração de "bicha louca".
Cacilda, variante de "caceta". Indica espanto.
Coisa de veado, moda ou comportamento de homossexual.
[http://blogdopg.blogspot.com/2009/05/coisa-de-veado.html]
Duca, contração de "do caralho", muito bom.
Falou e disse, concordo.
Hebdô, abreviatura de hebdomadário, uma publicação semanal.
Jáco, já comi.
Mocotó. Nesta frase: Eu quero mocotó!
[http://blogdopg.blogspot.com/2019/04/eu-quero-mocoto.html]
O Pasca, O Pasquim. Nem mesmo o jornal escapou de sua terminologia.
O virundum. Inspirado no primeiro verso (O VIRUNDUM Ipiranga) do Hino Nacional, cuja letra é hors-concours em matéria de "virunduns" (do que terra MARGARIDA, verás que um FILISTEU não foge à luta etc). Dizem que foi criado pelo jornalista Paulo Francis.
[http://blogdopg.blogspot.com/2008/09/o-virundum.html]
Paca, contração de "pra caralho", muito, demais.
Patota, turma.
Pô, abreviação de "porra".
Podiscrer, pode acreditar, usado para introduzir qualquer afirmação.
Putzgrila (ou putsgrila) é uma abreviação de "puta que pariu, isso grila". Muito usado pela juventude, nas décadas de 1960 e 70, para expressar susto ou admiração quando um assunto complexo era comentado numa roda.
[http://blogdopg.blogspot.com/2018/01/do-prefacio-ao-posfacio.html]
Qiuspa, abreviação de "puta que os pariu".
Sarro, gozação, "casquinha". Nesta expressão: Tirar um sarro.
Sifu, contração de "se fodeu", se deu mal. Havia as variações "mifu", "tifu" e "nosfu".
Vôco, vou comer.
Em suma, um órgão disseminador do humor e do estilo de vida cariocas, essencialmente provindos da elite intelectual do bairro de Ipanema, O Pasquim modificou a linguagem jornalística. Nele escrevia-se como se falava.
Artigos recomendados:
A breve história e a caracterização d'O Pasquim, por Bruno Brasil
O pingente que deu certo, por Sergio Augusto
Original: EM, 27/12/2019

quinta-feira, 30 de janeiro de 2020

O PODER DE LIMPEZA DA SALIVA HUMANA

Uma pintura com laca sofreu 30% de danos devido à falta de conhecimento dos profissionais da área da limpeza
A pintura, "Vuon Xuan Trung Nam Bac" (Jardim da Primavera do Centro, Sul e Norte), é uma proeminente obra de arte exibida no Museu de Belas Artes da Cidade de Ho Chi Minh. No ano passado, ao limpar esta pintura, os faxineiros do Museu danificaram-na seriamente com detergente líquido, pó de polimento e lixa.
Original: EM, 22/11/2019
Com cuspe teria sido melhor?
No artigo "Saliva humana como agente de limpeza para superfícies sujas", Paula MS Romão, Adília M. Alarcão e César AN Viana, descrevem o valor do cuspe como agente de limpeza.
O uso da saliva humana para limpar superfícies sujas tem sido uma prática intuitiva por muitas gerações. Os autores estabeleceram as bases científicas para essa prática por meio de testes qualitativos e técnicas cromatográficas. A α-amylase foi o constituinte principal responsável pelo poder de limpeza da saliva. As preparações amilásicas obtidas do pão ou de microrganismos foram também testadas como substitutos da saliva.
In: Studies in Conservation, vol. 35, 1990, pp. 153-155.
Encômios
Parabéns aos três pesquisadores lusitanos por este prêmio que merecidamente receberam. Suas conclusão foram validadas aqui no Blog EM desde que eu fiz uma limpeza na tela do meu notebook. Os restauradores usam há muito tempo a própria saliva no lugar de outros solventes quando trabalham com materiais delicados como folha de ouro e cerâmica. [PGCS]
Original: EM, 18/09/2018