sábado, 27 de outubro de 2012

DIAS DE SOL, DE CHUVA E DE NADA

1
Num dia de sol
Encontrei Marina,
A cútis a dourar
Na praia; de anilina,
o mar era tépido
Como as suas carícias.
Recordo-me bem
das febris delícias
De um amor-selvagem.
2
Num dia de chuva
Encontrei Helena,
Que me aprisionou
Com a boca serena,
Beijando-me o rosto
E a todo meu ser.
Inundei-me, então
(por puro prazer)
De um amor-selvagem.
3
Num dia de nada
Eu senti as agruras
De ter solidão,
gripe e queimaduras
No corpo; e ainda
De ter uma doença
Que me vivifica:
Persisto na crença
De um amor-miragem.

sábado, 20 de outubro de 2012

A VERDADE SOBRE A AVENIDA SEBASTIÃO DE ABREU

Este manifesto foi distribuído aos participantes de uma caminhada (foto DN), em 1991, a favor da construção desta Avenida.
Quando Prefeito o General Cordeiro Neto, há mais de 30 anos, vislumbrou-se que Fortaleza teria que crescer, inexoravelmente, na direção Sul. Por isso, foi projetada e construída a Perimetral, atualmente uma via de grande tráfego.
Aquela previsão é hoje uma realidade: Unifor, Seis Bocas, Água Fria, Santa Luzia do Cocó, Edson Queiroz, José de Alencar e adjacências, são núcleos onde vivem dezenas de milhares de famílias.
Em 1975, o Prefeito Evandro Ayres de Moura sentiu a necessidade de abrir outra via de acesso para aqueles bairros e fez constar de seu Plano de Ação Municipal a Avenida Sebastião de Abreu, não a construindo por falta de recursos.
Agora, o Governo estadual se dispõe a abrir a avenida, mas tem encontrado a resistência de alguns ecologistas, que temem possa aquela artéria causar um desequilíbrio ao ecossistema e ferir o manguezal do Cocó.
Esse zelo dos ecologistas, porém, não tem razão de ser. Há 15 anos atrás, não havia manguezal no Cocó. A região era ocupada por várias salinas e o que se via eram quadras e mais quadras desnudas para o preparo do sal. Nem por isso o ecossistema foi abalado.
As salinas foram embora e a Natureza se encarregou, sozinha, de formar aquele lindo manguezal que hoje podemos contemplar quando trafegamos pela Avenida Engº. Santana Júnior ou quando adentramos, de barco, o rio Cocó.
Os ecologistas - os verdadeiros - exercem um papel importante na comunidade. Eles são um freio contra os excessos que governantes e particulares se disponham a praticar contra Natureza. Mas a verdadeira ecologia não pode estar atrelada a ideologias nem deve abrigar atitudes preconceituosas contra o progresso.
No caso da Av. Sebastião de Abreu, todos sabem que ela não vai causar nenhum desequilíbrio ecológico pois se trata de um filete dentro de extensa área.
O acesso a Unifor, Água Fria, Edson Queiroz, Santa Luzia do Cocó, Seis Bocas, José de Alencar, Messejana e outros bairros naquela direção não pode continuar sendo feito apenas pela Av. Engº. Santana Júnior e pela BR-116. Se novas vias de acesso não forem abertas, aqueles bairros serão estrangulados.
O crescimento de Fortaleza é uma coisa inevitável. Não podemos esquecer que, em 1960, tínhamos apenas 8 ou 10 edifícios, todos no Centro. Hoje, a cidade tem milhares de grandes prédios e, a cada dia, novos são construídos. Naquele mesmo ano de 1960, a população da cidade era de 507 mil habitantes; em 1970, 893 mil; em 1980, um milhão e 307 mil; em 1990, dois milhões e 308 mil, segundo estimativa do IBGE. As projeções para o ano 2000 - daqui a 9 anos - indicam que Fortaleza terá 4 milhões e 200 mil habitantes (sic). Como poderemos nos locomover se não forem abertas novas ruas e avenidas?
Defendemos a construção da Avenida Sebastião de Abreu como um imperativo de progresso. Ela pode conviver muito bem com a ecologia. Se você também é a favor não deixe que outros decidam por você. Participe da caminhada que será realizada domingo, 3/11, às 10 horas, ao local das obras. Veja o mapa no verso.
COMITÊ PELA ECOLOGIA COM PROGRESSO

sábado, 13 de outubro de 2012

SEBASTIÃO DE ABREU

(PELA CONSTRUÇÃO DA AVENIDA)
Sr. redator,
Desculpe o chavão: já não há ecologistas como antigamente. Nos últimos tempos, talvez pela retração dos verdadeiros representantes da categoria, os espaços da mídia estão sendo ocupados pelos ecoxiitas. Fanáticos, sectários, intolerantes, estão sempre a combater tudo que lembre o progresso.
No entanto, não vão morar nos grotões onde, longe da civilização e dos confortos da sociedade de consumo, poderiam cultivar o ideal bucólico. Ah, não! Preferem as neurastenias das grandes cidades, nas quais montam o picadeiro para o grande show. Eles jamais suportariam aqueles locais onde, no dizer de um humorista francês, os frangos passeiam crus.
A última deles é considerar a Avenida Sebastião de Abreu, em construção no Cocó, uma série ameaça à existência do Parque. Sem levar em conta a argumentação de que a nova avenida, que surge como alternativa à congestionada Santana Júnior, encurtará o percurso Água Fria - Praia do Futuro, e vice-versa, em DOIS QUILÔMETROS.
Os candidatos ao benefício viário/diário fomos ouvidos?
Não. Mas os caranguejos do mangue, com os quais os ecoxiitas aprendem a dar seus passinhos... para trás, decerto o foram.
Afinal, o homem é o câncer da natureza, e eles, os anticorpos salvadores.
Aí, esquecem as toneladas - adicionais - de gases e fumaças que os carros vão despejando na atmosfera enquanto percorrem a longa curva do Iguatemi.
Dar objetividade ao fluxo de veículos na região é algo inadiável.
De desatino em desatino, vai que um dia esses senhores resolvem parar de respirar. E eu não seria contra uma decisão do tipo, que preserva o oxigênio para fins mais nobres enquanto, ao mesmo tempo, reduz os níveis de gás carbônico na atmosfera e, por via da consequência, o efeito estufa.
Em tempo:
O projeto de construção da avenida contempla os interesses dos caranguejos do mangue.

sábado, 6 de outubro de 2012

FANTÁSTICO, O XÔ! DA VIDA

"É um alívio saber que o fantástico existe e que os forasteiros que passam pela nossa província nem sempre estão mentindo." Paulo Mendes Campos
A maioria das pessoas não acredita que o Câncer possa entrevistar o Lucas Mendes ou o Hélio Costa para a Rede Globo de Televisão. Fincará o pé no chão e defenderá - com ânimo e animosidade - a ideia de que tais acontecimentos são impossíveis. Mas... domingo à noite, o que parecia non sense é mostrado no vídeo da televisão. Aí, o que acontecerá com a maioria da maioria das pessoas? Por certo, elas darão um giro de 180 graus, desses de cantar o solado das havaianas, que a ideia, "coitadita", irá se espatifar no chão da sala. Afinal, Globo dixit.
E o que ela não diz? Pois há muita gente, aqui e alhures (mais alhures), dando o seu "showzinho" da vida, que a Globo nem dá sinal de. São pessoas que fazem do coração tripas e que a Globo não as "fantastiquiza". Quem sabe lá o que é fantástico segundo o gabarito global? Fantástico, para mim, é quando alguém faz das fraquezas força e, não bastando isso, ainda precisa das nossas. Sim, mas a credulidade, acreditem, não é uma delas. Pelo menos para efeito deste artigo.
Kevin O'Hagan, físico irlandês - Conseguiu virar num passa-paredes, façanha até então colocada no rol das impossibilidades. E, assim, atrair a atenção dos órgãos de espionagem, contra-espionagem e contra-contra-espionagem do mundo inteiro. Um dia, desapareceu do mapa: CIA e KGB trocaram acusações de sequestro (de cárcere privado, não). Entretanto, o que houve foi que O'Hagan, sem saber dosar bem essa concessão da Física, foi parar no centro da Terra.
Pablito Navarro, criança espanhola - É, para muitos, o principal símbolo da resistência à escola moderna. Pablito, certa vez, ofereceu uma inocente (porém envenenada) maçã à sua professora. Envenenada, nada: a mestra saiu ilesa daquela refeição, digamos, frugal. E Pablito teve de assistir, inúmeras vezes, ao filme "Cria Cuervos" para aprender onde é que tinha errado.
Barry Williams, militar inglês - Durante a II Guerra Mundial, integrando um grupo de elite, Barry participou de temerárias missões em pleno território alemão. Numa delas, furtou todo o estoque de repolhos em conserva da dispensa particular do Führer. Lembrado até hoje por sua grande coragem, o militar inglês só fazia corpo mole para missões no norte da África. É que lá havia a única coisa capaz de detê-lo: coice de girafa.
Toh Lokoloko, filólogo papuásio - Dedicou a vida à "esperantização" dos setecentos dialetos de Papua-Nova Guiné, seu país natal. Em princípio, bem-sucedido (a palavra barafunda, por exemplo, já era compreendida de costa a costa) quando, por motivo desconhecido, resolveu se matar, deixando uma carta-testamento indecifrável. Quanto à palavra barafunda, esta se manteve na tradição oral de sua gente embora com setecentos significados diferentes.
B. Abbas, faquir indiano - Abbas foi o mais famoso faquir da região do Bangalore. Deixava-se encerrar num esquife de vidro onde dava concorridos jejuns de noventa dias corridos. Num desses espetáculos jejunos, que azar, ele foi visto com dois chifres de vaca assomando da boca, e mais gordo do que nunca. "Abbas jiboiava", no parecer de um crítico do faquirismo. Desacreditado, sem bilheteria, tempos depois ele morria de fome.
Estel Trudeau, estelionatário francês - Vendeu oito vezes a Torre Eiffel. Um dos compradores, o sexto, de nome Pierre, encontrando-se depois com ele num café parisiense, e querendo reaver o dinheiro perdido, pensou em surrá-lo com uma baguette. Mas Trudeau, habilmente, não só convenceu Pierre da lisura daquela transação como ainda lhe vendeu, por uma pechincha, o Arco do Triunfo. Assim, ficou o escrito pelo não escriturado, e Pierre, o bom Pierre, é hoje o feliz proprietário dos dois monumentos históricos. Falta apenas se acostumar com o riso ostensivo das autoridades francesas.
André e Luf, xifópagos do País de Tangas (que vai mal, obrigado) - É voz geral que eles são assim-assim por influência dos miasmas teratógenos existentes no país, nos últimos vinte anos. Unha-e-carne. Nas veias do primeiro corre sangue italiano, nas do segundo, sangue árabe. Contudo - Dio e Allah são grandes! - podem se separar. No comenos (quando um come menos) de uma briga de foice CONVENCIONAL. Vamos conferir, torcida.