quarta-feira, 27 de agosto de 2014

A RESTAURAÇÃO DO REDENTOR

Esta simulação da estátua veio daqui
O Cristo Redentor é uma estátua octogenária. Exposta ao sol, à chuva  e aos ventos, um dia a estátua vai precisar de uma boa restauração.
Chama-se o Didi.
Não. O Didi só sabe limpar uma das mãos do Redentor. É como capixaba: começa e não acaba. E logo, logo cai em prantos diante das câmeras do Fantástico.
A gente está falando de restauração. O que exige experiência comprovadíssima no ramo. Não se pode correr o risco de que o ícone da Cidade Maravilhosa e, por extensão, do Brasil finde os seus dias assim. (V. simulação.)
Mas...
Como vamos escolher um bom restaurador? O melhor, se possível. Ah, sei lá. Só sei que temos de fazer essa escolha com muito tato e diplomacia.
Não podemos deixar que a Cecília Giménez fique ofendida por ter sido descartada.
Original: EM, 30/10/2013

A "restauradora" Cecília Giménez
Há poucos dias, a imagem de uma "restauração" feita por Cecília Giménez, de 81 anos, tomou conta do mundo.
A idosa, ao ver que a pintura estava em mau estado de conservação, decidiu recuperá-la.
Inicialmente, ela contou que decidiu fazer o trabalho por conta própria e sem autorização. Depois, afirmou que o padre da igreja em que a pintura está localizada, em Borja (norte da Espanha), havia dado o sinal verde para que ela o fizesse.
A obra ganhou o apelido de "Ecce Mono". "Ecce Homo" é, tradicionalmente, o nome que se dá às pinturas de Jesus com a coroa de espinhos, antes da crucificação. Na paródia, a palavra "Homo" (em latim, homem) foi substituída por "Mono" (em espanhol, macaco).
Nesta semana, duas restauradoras - desta vez, profissionais - vão examinar a obra para saber se há salvação para o Cristo. Já Cecília Giménez está isolada em sua casa. Segundo familiares, ela teve um ataque de ansiedade ao saber da repercussão de seu trabalho.
Milhares de pessoas já fizeram romaria ao santuário espanhol de Nossa Senhora da Misericórdia, em Borja, na Espanha. Elas precisaram fazer fila na igreja local para ver e fotografar a pintura do "Ecce Homo" "restaurado", que já deu a volta ao mundo e virou febre na internet.
Uma grande série de paródias do "Cristo de Borja", pintura do século 19 feita por Elías García Martínez, já circulam na web. Os ícones parodiados vão desde a "Santa Ceia", de Leonardo da Vinci, passando pela estátua do "Cristo Redentor", erigida no Rio de Janeiro, ao Chewbacca, da série cinematográfica "Star Wars".
Original: EM, 27/08/2012

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

OCORRÊNCIA

Que loucura!
Ontem, uns cinco dias atrás, tive o meu carro, um Ford Pálio, vermelho prata, placas XYL 1234 (dianteira) e XVT 9876 (traseira), furtado de um estacionamento. Um flanelinha, a quem neguei uma boa gorjeta, indicou-me o local em que eu poderia encontrar o veículo. Encontrei-o. O veículo estava sendo inclusive vigiado por outro flanelinha.
Ainda no mesmo dia, ao parar no cruzamento entre as avenidas Alberto Sá e Godofredo Maciel, o furto reavido virou roubo. Porque, pensando que o sinal verde estava prestes a abrir, eu freei o carro, e disso se aproveitaram dois assaltantes. Pude ver que um deles era alto e baixo, enquanto o outro era um branco retinto. O primeiro usava uma arma espacial e o segundo um punhal que não tinha cabo nem lâmina.
Ensinado a não reagir nessas situações assimétricas, além de tratá-los por excelências, entreguei a chave a eles. Disse-lhes que não tinha a intenção de reaver o veículo, pois a polícia faria isso por mim, e recomendei-lhes que não fizessem pegas com os policiais.
Procurei um DP que estava de greve para fazer o BO e posso afirmar que, ao circunstanciar esse delito continuado, quase levei o delegado à loucura. O que me fez refletir se eu não deveria parar, daquele dia para trás, o meu consumo de tanta cerveja sem álcool.
Felizmente, o veículo foi depois encontrado na Gentilândia, nas imediações do estádio Castelão. Ao lado dele, estavam os corpos dos dois assaltantes que, por falta de mediação e arbitragem, devem ter entrado em luta corporal pela posse do manual de instrução do carro.
Foi um caso típico de suicídio seguido de homicídio, como concluiu o delegado, assim que ele debaixo de vara recuperou plenamente o juízo.
Original: EM, 23/11/2012

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

VIVER DE LUZ

O grande pneumologista Mario Rigatto afirmava que "os seres vivos são máquinas biológicas acionadas por energia solar até elas veiculadas pelo processo respiratório".
Em "Brejo da Cruz", Chico Buarque cantou:
"A novidade
Que tem no Brejo da Cruz
É a criançada
Se alimentar de luz.
Alucinados,
Meninos ficando azuis
E desencarnando
Lá no Brejo da Cruz."
Rigatto e Chico têm o respaldo da ciência e da poesia.
Nós, seres humanos, ao contrário dos vegetais que captam diretamente a luz solar pela fotossíntese, necessitamos de cumprir certas formalidades burocráticas como respirar (o que os vegetais também fazem) e comer.
A australiana Jasmuheen, nascida Ellen Greve de Fome e vencedora do Prêmio Ig Nobel de Literatura em 2000, acha que comer não é preciso. Em seu livro "Viver de Luz", ela explica (ou tenta explicar) como é que consegue dispensar o ato de alimentar-se. Agora, numa série de vídeos postados no YouTube, ela volta a defender seu ponto de vista.
Jasmuheen não está só. Os respiratorianos também acham que apenas respirar já é o suficiente. PGCS


Em tempo
Em janeiro de 2011, na cidade de Wolfhalden, na Suíça, uma mulher morreu de fome depois de embarcar em uma dieta espiritual que exigia que ela parasse de comer e beber para apenas da luz solar.
O jornal Tages-Anzeiger, que deu essa notícia, acrescentou que já houve casos semelhantes de morte por auto-inanição na Alemanha, Grã-Bretanha e Austrália.
Original: EM, 25/10/2012

quarta-feira, 6 de agosto de 2014

MALTHUS ALÉM

Lendário personagem, filho de Enoque e avô de Noé. Não só viu o Dilúvio como pisou na lama que se formou depois.
Uma das diásporas judaicas levou esse patriarca para a Polônia. A bem dizer, Malthus, ao levar com ele a família, é que foi a maior das diásporas.
Com a desculpa de estar "apenas de passagem", ele viveu vários séculos na Polônia.
No século 18, transferiu-se para o Reino Unido onde escreveu um famoso ensaio demográfico. No qual divulgava a ideia de que a população humana cresce em progressão exponencial, enquanto os meios de subsistência crescem como rabo de cavalo. O que refletia, de certa forma, o arrependimento do patriarca por haver gerado uma descendência tão numerosa.
A autoria desse ensaio foi depois erroneamente atribuída a Thomas Malthus. Mas Thomas não era um pensador, era um homem totalmente pragmático. Erradicou as plantações de batata na Irlanda como meio de acabar com a população do país. Não chegou a tanto, porém, como deixou o nome associado a uma questão de controle populacional, foi esse detalhe que acabou gerando a confusão.
Os ensinamentos de Malthus Além podem ser resumidos neste conceito lapidar:
Evite nascer, mas se fizer essa besteira, então tente não morrer.
Ele morreu, tentando até o fim... não morrer. O Guinness Book não reconhece sua longevidade porque ele nunca apresentou uma certidão de nascimento. Só uma versão autografada do Velho Testamento.
Mas Malthus Além deixou uma legião de seguidores no Brasil, dentre eles: Oscar Niemeyer, Dona Canô, João Havelange, Hebe Camargo, Suzana Vieira, Caçulinha, Plínio Arruda, Bibi Ferreira e a repórter Glória Maria.
Original: EM, 18/05/2012