sexta-feira, 23 de outubro de 2009

ESCOLA DE SAMBA? DEIXA EU FALAR...

Você talvez ainda esteja rememorando com prazer o recente desfile das escolas de samba na Marquês de Sapucaí. Um espetáculo de encher os olhos. Quer pela garra dos passistas e ritmistas - o samba dito no pé - quer pelo luxo e esplendor das fantasias, carros alegóricos e adereços. A isso, acrescente-se também a harmonia, a criatividade dos enredos, a cenografia etc. Sem favor algum, o maior espetáculo da Terra. Haja vista, entre outras coisas, a afluência de turistas do mundo inteiro para assistir ao desfile. E... como saem eles embasbacados do sambódromo.
Nessa empolgação, você talvez não tenha dado conta de um fenômeno. A cada ano, as escolas de samba vêm se afastando mais e mais dos princípios que nortearam a criação. Em parte, justificada a mudança por terem as agremiações, na medida em que os tempos são outros, se transformado em função de uma nova realidade. Agora, que ficaram diferentes, ficaram. Irreconhecíveis até, quando se recorre - para efeito de comparação - ao referencial de um passado meio cá. E, sobre compará-las com a "Escola de Samba Deixa Eu Falar", dos saudosos Ismael Silva e Heitor dos Prazeres, ah, então nem falar...


Mas, continua possível uma escola de samba retornar às origens. E eis, quesito a quesito, como ela ficaria.
Bateria - Nada de pessoas com surdos, taróis, reco-recos, pandeiros, cuícas e... que sei eu! Voltaria a ser um conjunto de pilhas eletroquímicas, associadas em série ou em paralelo, para se obter uma maior diferença de potencial ou durabilidade. Uma solução, com o pedido de desculpa pela ambiguidade da palavra, bem a gosto do Dr. Batérico.
Carros alegóricos - Andariam empurrados. Mas aí já não seria por problema de bateria.
Porta-bandeira - Uma base de metal, plástico ou madeira, com um orifício central, no qual se pode enfiar a haste de uma bandeira.
Mestre-sala - Não mais sassaricaria na Marquês de Sapucaí. Lugar de mestre é em casa. E, para ser exato, na dependência onde as refeições são servidas e as visitas recebidas.
Ala das baianas - Só pessoas do sexo feminino e nascidas na Bahia.
Outras alas - À la carte.
Concentração - O momento em que todos os participantes meditariam profundamente pelo Método Silva. Em vez de ficar empostando a voz, afinando algum instrumento, ajeitando adereço ou dando um arremate de última hora na fantasia.
Fogos - Artifício suprimido a fim de não papocar o espetáculo.
Carnavalesco - Novamente equiparado a papa e rei. Joãozinho XXX reabriu o processo.
Comissão de frente - O júri sendo corrompido de maneira clara na frente de todos.
Enredo - Ficaria sob a responsabilidade de quem sabe mexericar, dedurar, futricar etc
Destaques - O sujo falando do mal lavado. E com que folga, hein!
Puxador - O ladrão de automóveis, o viciado em maconha. Para testar o método sincopado da ressocialização pelo samba.
Fantasia - Nenhuma vestimenta. Apenas imaginação, devaneio... Remember o rei que desfilou nu. E, no tocante a isso, já tem o mulherio que entra na avenida só de tapa-sexo.
Adereços - Ampla utilização dos arreios de cavalo. O que, aliás, é bem melhor do que pegar em rabo de ginete.
Evolução - Sem essa! E, por já ter causado problema bastante, fique a evolução restrita às Ciências Naturais.
Bicheiro - Um frasco cheio de bichas (sanguessugas, no sentido antigo). Já que as bichas de hoje não podem ser assim contidas, ainda mais durante o período da folia.

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