sexta-feira, 1 de abril de 2011

MINHA CASA, MINHA DÍVIDA - 1

O sonho que eu tinha de não morar mais na Aldeota um dia resolvi torná-lo em realidade. Ao comprar uma casa, recém-construída, no Cambeba, antigo Praque Iracema. Seduzido pela ideia de ir morar bem próximo de meu local de trabalho, o Hospital de Messejana.
Agora, apontar outra vantagem que a casa apresentasse, a isto eu não me atrevo.
Para começo de conversa, a aquisição daquele imóvel foi um negócio que eu fechei de forma intempestiva. Sem me submeter a um amadurecimento crítico sobre a relação custo/benefício do bem que estava a adquirir.
Devia inclusive ter desconfiado dos seguintes detalhes: o imóvel tinha sido construído por um corretor, mas estava sendo vendido por um engenheiro!
Apesar da boa aparência e do material razoável utilizado em sua construção, a casa era de uma total incongruência. Um verdadeiro exemplo de como uma delas não deve ser, principalmente quanto ao item divisão: cada dependência fora colocada em um lugar que ofendia o bom senso. Meu Deus, como eu não vira aquilo!
Seria o caso de passá-la em frente ou de reconstruí-la, e eu fiquei com a segunda opção. Não pululavam otários por aí, ainda mais quando um deles acabara de entrar em cena.
No dia seguinte à assinatura escritural, lá estava eu a demolir o imóvel. Querendo transformar aquela coisa em casa.
Ah, como doeu ver a primeira parede vir abaixo, ainda cheirando a tinta fresca!...
Durante meses, eu enfrentei um mestre-de-obras, pedreiros e auxiliares, carpinteiros, pintores... Um pessoal, que eu recrutara na região, a executar um trabalho "perfeito-lento", quiçá em busca de estabilidade no emprego. Também pudera! Com a minha descapitalização por haver comprado o imóvel, mais ligeiro eu não podia tocar as obras.
Em contrapartida, passei a ter contato com um universo novo, povoado de muiracuatira, chibangas, vitrais e lajes volterranas.
Aluguei o meu apartamento no Dionísio Torres. Levei a família para morar em meio às obras, acreditando que assim poderia dar um melhor acompanhamento aos trabalhos em andamento. Sem falar no reforço de caixa que passei a contar com o aluguel do apartamento. Infelizmente, o ritmo das obras não melhorou muito, e eu tive que aceitar aceitar o trabalho "imperfeito-rápido" das empreitadas. Digam o que quiserem, mas foi isso que me permitiu concluir as obras a tempo de mudar para outra casa.

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