A manhã nascia azul quando Cláudio Costa pegou o violão. A vez primeira. Vivia-se o samba-canção, a guarânia, o bolero, a bossa-nova e o rock dos anos 60. Parodiando a célebre frase de Miguel Pereira: o Brasil era um vasto território musical.
Consciente de seu órfico papel, Cláudio entrou em cena. E logo o tínhamos a debulhar sons, divinos sons da magia de seu violão. Sons de carrilhões. E, numa serenata no Parque Araxá, deu-se que Cláudio foi inaugurado.
Canções, quantas canções, a dor resignadamente, eu já desculpei tanta coisa, as saudades nos copos de um bar, porque se revela a maldade da raça, sem retrato e sem bilhete e no sorriso dela meu assunto... Ah, são fragmentos das canções que sempre estiveram no mapa do Brasil.
Trilhos urbanos. E Cláudio foi em busca das harmonias do Brasil Novo. De um Brasil caboclo: Gonzaga, Humberto, Jackson; de um Brasil bossanovístico: João, Jobim, Menescal, Bôscoli, Lyra; de um Brasil afro: Baden, Vinicius, Ben; de um Brasil festivalesco: Chico, Edu, Vandré, Milton; e de um Brasil tropicalista: Gil, Caetano, Duprat.
Reparem todos em suas mãos pequeninas, porém ágeis. Mãos fiandeiras que tecem e retecem as mais lindas melodias, as mais sublimes harmonias. E os contrapontos que desafiam os silêncios da música. Cláudio parece estar nos limites humanos da perfeição. Além, só os titãs podem ir. Mas o que sabem eles da suprema arte do improviso?
Nesta mui leal e heróica cidade de Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção, Cláudio Costa é o seu violonista maior. Dou fé.
sexta-feira, 26 de novembro de 2010
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário