A Geometria nos fala de um cone de revolução, um sólido que é produzido pela rotação de um triângulo retângulo em redor de um dos lados do ângulo reto. E a Ciência Política nos ensina que a América Latina, em sua parte meridional, também tem o seu cone de revolução (ou de revoluções, já que são tantas, meu Deus).
Pois bem, está aí a Mezalândia que não me deixa mentir. Que está de gobierno novo, e cujo presidente acaba de anunciar que "o país vai entrar firme no mercado externo".
- Pode-se saber... com qual produto?
- Com o de sempre, o "sonho".
- Fazendo propaganda para incrementar a venda, imagino.
- Não, é o contrário. Aqui o segredo é a alma do negócio.
- E quem vai garantir uma operação comercial nessa condição?
- O General-Presidente, claro. Quem pode o mais, pode o menos.
- Está se referindo à revolução que ele fez?
- Que ele fez, com o respaldo popular. Pois antes ele ouviu seus parceiros de bridge, seu ajudante-de-ordens e sua esposa. Depois, pensou longamente por uns dois minutos e, abençoado pela nossa padroeira Santa Rita de la Cochabamba, só então decidiu.
- A seguir, em seu discurso de posse, ele calou fundo na alma do povo ao denunciar "os grandes males nacionais".
- Foi engano. Ele leu, por distração, a carta-renúncia do presidente deposto.
- Bem, voltando ao assunto do início, o "sonho". Ouvi dizer que toda a sua produção já está apalavrada com os compradores do exterior.
- É verdade. Não há "sonho" por aqui que já não esteja transformado em pasta, sua forma de exportação.
- A propósito, você fez me lembrar de que não temos a figura do ministro sem pasta.
- Lógico. Todos eles, o General-Presidente e seus ministros, estão perfeitamente sintonizados com o modelo da nossa 205ª revolução.
- Agora, uma pergunta final. Como vai ficar o consumo interno desse produto?
- Não se aflija. Teremos pesadelo de sobra nos próximos anos.
terça-feira, 2 de dezembro de 2008
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