Os restos mortais de John Merrick não se encontram num campo-santo qualquer. Tampouco num cemitério de elefantes. Repousam num hospital de Londres, onde se prestam ao ensinamento médico. Quer dizer, não repousam. O esqueleto é famoso por suas grandes deformidades. Uma coluna vertebral retorcida que sustenta (haja Atlas!) um crânio descomunal. Muitas outras alterações também enfeavam o pobre John Merrick. No entanto, por terem sido das partes moles, voltaram ao pó.
Um milhão de dólares não fez com que o esqueleto humano mudasse de proprietário! Perdão, de intermediário. E olhem que o hospital londrino tem sérios problemas de caixa. Está no osso. Mesmo assim não vende os restos de Merrick. Principalmente para Michael Jackson que os deseja ter para o seu deleite. Como a um brinquedinho articulado. Não são ossos de borboleta (ninharia) a soma oferecida pelo cantor, mas o hospital não vende o esqueleto. Razões morais são alegadas.
O esquésito (a palavra existe) Michael Jackson está para ler de "Merrickesh"! Será que ele deseja fazer o Príncipe Hamlet, o craniólogo, em sua tragédia de dúvida e desespero? Androginia dá dúvida, mas desespero só às vezes. Ou será que ele pretende copiar da pretendida ossatura apenas um novo passo de discothèque? Pois, literalmente, JM é espelho de MJ. Nesta hipótese, fãs do mundo inteiro, sacudi-vos! Nada tendes a perder, senão o vosso suor! Michael contasse com o esqueleto, então o balanço seria tremendo.
Imagino que um anjo torto, desses que vivem à sombra, haja lhe aparecido e dito: "Vai, Máiquel, ser musicólogo na vida..." E Michael Jackson foi sê-lo, só que no Museu da Teratologia. O museu, ô Michael, se ainda não tem o horrífico estandarte, eu aproveito para sugerir um deles. Um que tenha uma caveira a encimar duas tíbias cruzadas. Não, MJ, os velhos bucaneiros não cobram direitos autorais.
E quem não se recorda de Michael Jackson em seu videoclipe mais famoso? No qual ele aparece dançando ao lado de hediondas criaturas da noite, recém-saídas de suas tumbas etc. É Michael Jackson em seu elemento. E quem não sabe de seu hábito, meio believe it or not, de dormir numa esquife hiperbárica? Como se isso lhe prolongasse a vida. Pois bem, qualquer semelhança com o hábito de um certo conde da Transilvânia não é mera coincidência...
Dear Michael Jackson: Venham de lá esses seus ossos que eu quero apertá-los. Mas... se, numa dessas contorções que você tanto gosta de fazer, o seu esqueleto, vai, assume uma posição bem bizarra de não mais voltar ao normal, hein? E, tempos depois, aparece outro excêntrico querendo comprá-lo, hein, hein?
Já sei, meu tangará, são os ossos do ofício.
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