O maior segredo, correspondendo ao terceiro dos que foram revelados aos pequeninos de Fátima, o qual versaria sobre o Fim do Mundo.
Como, porém, estabelecer a conexão do tal segredo com a viagem do monge sequestrador à cidade iraniana?
Complexo, meu caro Watson.
Antes de tudo, façamos uma análise dos antecedentes de L. J. Downey:
1) Monge trapista em um convento romano, cumprindo voto de silêncio, enquanto apurava os ouvidos para compensar a desativação das cordas vocais. Com o passar dos tempos, é provável que a sua audição tenha-se desenvolvido a ponto de perceber até os passinhos de uma formiga em sua roseira de estimação. Durante a vida monástica, consta ainda que ele gozou o direito de emitir duas palavras, para cada dez anos de silêncio, do seguinte modo: "cama dura", "comida fria" e "eu desisto". Deixando feliz, com estas duas últimas palavras, o superior da congregação assim que viu partir um espírito tão quereloso. Um péssimo exemplo!
Prosseguindo: 2) Guia turístico no santuário de Fátima, um local perfeito para fazer espionagens místicas. 3) Temporada em Dublin, pois, afinal, é na terra dos outros que um profeta solta as transas.
Juntemos agora o que foi exposto acima à pretensa viagem dele a Teerã. Pois bem, perto desta cidade, em Qom, é que deita e rola o aiatolá Khomeini, o qual, por muito tempo, vem representando o Anticristo para o mundo ocidental.
Convencido de que Khomeini era mesmo o Anticristo, L. J. Downey - é o que supomos - tencionava ir ao encontro dele. A fim de que o aiatolá agenciasse o que poderia ser "A Luta do Século". A Luta do Século para Todos os Séculos, Amém, entre o Falcão da Califórnia e o Urso da Sibéria, dois contendores que há tempos vêm aquecendo os músculos.
Mas, o ex-monge trumbicou-se na missão. E ninguém logrou assistir, por enquanto, a uma justa que - sejamos justos - só poderia terminar em nocaute. Nocaute generalizado: dos lutadores, dos segundos, do juiz e de todos nós, espectadores interessados ou não.
Mino,
Para evitar o nocaute use a saída de emergência. A arca de Noé não será "reeditada".
Publicado em "A Ferragista", de maio de 1981, e nas "Cartas do Povo", de 26 de maio de 1981
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