Pra respirar o nariz
nem liga pro dono agônico,
funga o gás, fica feliz
quando o descobre: carbônico!
Os pulmões, aqui se frise,
pois trinta e três vezes sei:
só pensam na hemoptise
que algum dia eu terei.
E o coração é o tropeço
de quem comete infração.
Absolvido ao avesso,
minha pena é a solidão.
E as mãos? Com essas mãos
que crescem de mim agora,
varo o bidimensional,
pego a moldura por fora.
Assume a boca o poder
fenomenal, absoluto
de expressar o ser-não-ser
à base do anacoluto.
Já o estômago, essencial
que se mantenha famélico.
Acima do bem e do mal,
Não é ele pantagruélico?
Enquanto vão os intestinos
com fúria iconoclasta
desdobrando os mais divinos
manjares... em uma pasta!
Pra não esquecer (desvario!)
o meu passado abissal,
gota a gota, enfim eu crio
um dilúvio vesical.
sábado, 10 de novembro de 2012
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