quarta-feira, 5 de junho de 2013

A SÍNDROME DE ESTOCOLMO

Segundo a lenda, os fundadores de Roma, provenientes de Troia, após convidar os sabinos a um banquete, sequestraram as mais belas mulheres sabinas para povoar a nova cidade. Para recuperar as mulheres, o rei sabino declarou guerra a Roma; porém, as mulheres preferiram ficar com os seus esposos e filhos. Diante disso, os sabinos desistiram de pelejar com os romanos.
A lenda ilustra como o crime de sequestro é coisa antiga. É do tempo em que a cobra fumava de verdade.
Em tempos recentes, Paul Getty, um rapaz de vida desregrada, foi vítima desse crime. Não dando ouvidos ao avô, um dia viu-se obrigado a mandar uma orelha inteira ao unha-de-fome. Através do "Sequex".
Como é o tal "modus sequestrandi"?
Primeiro, formam uma quadrilha (com uma clara divisão das tarefas). Escolhem a futura vítima. Estudam seus hábitos. Ela faz uso contínuo de algum medicamento de alto custo? O diabo e o sucesso de uma operação estão nos pequenos detalhes.
Montam o plano. Onde será a abordagem da vítima? Alugam - por temporada - o imóvel que servirá de cárcere privado.
Depois, vão às compras: capuz, cordas, mordaça, colchonete e uma fita-cassete com ruídos ambientais para confundir a polícia.
Dois meliantes, aos quais chamarei de X e Y para que a quadrilha não se sinta ameaçada, fizeram um sequestro. Com a vítima em boas mãos, ligaram para os familiares dela e informaram as condições de resgate.
O valor era exagerado, 20 milhões, e o o interlocutor se mostrou espantado:
- Vinte milhões?! Eu não tenho esse dinheiro todo, a menos que eu também sequestre alguém!
- Ah, somos colegas! Nesse caso, damos-lhe um desconto.
- De quanto?
- Dez milhões.
- Aceitam fichas telefônicas?
Um comentário sobre a polícia: é uma estraga-prazeres. Tem que ficar de fora em todas as etapas do sequestro. Cartesiano, meu caro Watson. Se a polícia conhece X e conhece Y encontra no gráfico a localização do cativeiro.
O sequestro pode ser relâmpago ou às escuras. Na segunda categoria está o de sogra (cujo sequestro até chega a comemorar aniversário).
A vítima para cá, o dinheiro para lá. O negócio só é bom quando é bom para um lado e melhor para o outro. Como aconteceu com a Bela e a Fera.
Por fim, e como é de praxe, a história termina com o sequestrado dando uma entrevista coletiva para falar bem dos sequestradores. Chamam isso de síndrome de Estocolmo.

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