A verdade é que, quando votamos, nós assinamos uma espécie de cheque em branco. O que o portador vai fazer depois com o cheque só Deus sabe. E o governante que, em princípio, deveria governar em função dos interesses da maioria nem sempre o faz. Começam as dificuldades pelas formas divergentes quanto ao momento certo de partir o bolo (PIB). Uns acham que o bolo deve primeiro crescer para depois ser repartido, enquanto outros... que o bolo deve ser repartido já! Para não dar bolo nem bololô. Mas... o que deixa no ar esta pergunta: quem parte e reparte deve ficar com a melhor parte? E, mais, est'outra: quem parte e reparte e não fica com a melhor parte é tolo ou não entende dar arte?
Que votemos, tudo bem. Mas parece que o [X] da questão está em controlar o que acontece depois. Os atenienses sabiam-no como. Ao escreverem em peças de barro cozido, com forma de ostra (daí haver surgido o termo ostracismo), o nome do cidadão a ser desterrado. No entanto, por nos acharmos na era da tecnologia, alguém já sugeriu outro método. Implantar no peito do líder, à maneira de um marca-passo cardíaco, um artefato que pudesse implodi-lo - quando esse fosse o desejo dos liderados. Assim, para tanto, cada cidadão disporia de um botão detonador que, em período de insatisfação com o desempenho do líder, pudesse então ser apertado. Aí, quando a soma desses insatisfações alcançasse os cinquenta por cento mais um, o líder seria mandado para o beleléu.
(Na espera do governante seguinte, veríamos na televisão o Carlinhos do Bom-Bril. A limpar o trono com uma esponja de aço Assolan e a recomendar, através de seus trejeitos, juízo ao povo brasileiro.)
Pois bem, mas até que o IBGE nos informe o verdadeiro número de sádicos que existe no país, convém sobrestarmos o tão engenhoso método.
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