sexta-feira, 12 de março de 2010

PEDILÚVIOS, JÁ

Parreira ("o gol é apenas um detalhe") e Zagalo ("o empate é um bom negócio") tinham razão o tempo todo. A prova é que, com um 0 x 0, o Brasil decidiu a partida final da Copa de 94. Ainda que precisássemos da prorrogação e da disputa nos pênaltis para não termos que dividir com a Itália o título de tetracampeão do mundo.
Os italianos, por sinal, já nos fizeram passar um grande vexame em 70. Obrigando-nos a que lhes aplicássemos um 4x1 de tristíssima memória, uma vitória da qual, até hoje, nos envergonhamos.
Mas é com a Itália que temos muito a aprender. Não no soccer, mas no plano dos costumes. Haja vista a bem sucedida luta anti-corrupção que o país vem promovendo com a chamada operação mãos limpas. E cujos resultados são os xilindrós italianos cheios à cunha de políticos e empresários corruptos.
Aqui, com a honrosa exceção do PC, não temos levado sorte. As enxovias até botam gente pelo ladrão, mas é tudo pé-de-chinelo. Em pé de igualdade não se vê um sujeito de alto coturno. Criamos inclusive o Catão descartável, o que dura uma temporada e vai para a berlinda.
Por isso, desacredito que uma operação mãos limpas tupiniquim possa dar certo. Apresentar-se-iam Pilatos, mas aqueles que realmente deveriam ser alcançados pela bacia de água, não. Continuariam com as mãos sujas como dantes. Talvez porque aquilo que está a acontecer na Itália precise de uma adaptação à nossa realidade para nos dar uma operação pés limpos, a qual está mais de acordo com a alma nacional.
Não é aqui o país do futebol, da capoeira e do samba dito no pé?
Portanto, não aceitemos as desculpas daqueles que têm os pés no atoleiro moral. Sem capachismos e sem meter as mãos pelos pés, sejamos inflexíveis com eles: pedilúvios, já.

Nenhum comentário: