Em Paris (59, rue des Petits Champs) existe uma instituição única no mundo: a Fundação para o Estudo e a Informação sobre os Boatos. Criada pelo psicólogo Jean-Noël Kapferer, essa fundação se dedica a estudar o mecanismo de formação dos boatos bem como o incrível poder de comunicação que eles apresentam.
Nos telefones da Fundação, as secretárias eletrônicas registram os boatos que são transmitidos pelo público. A partir dessa coleta de dados, cada boato é dissecado. Para receber o foro de boato é preciso que haja de 100 a 150 chamadas sobre o assunto.
Os franceses se ligam principalmente nos boatos da área da saúde pública, enquanto os norte-americanos têm uma especial predileção por boatos que falem de sexo.
Bush, quando foi visitado por Collor, pediu a este que levasse uma carta para o Japão (aproveitando a continuação da viagem do presidente brasileiro). Bastou isso para circular o boato que a Casa Branca não tinha mais dinheiro para comprar selos.
No Brasil boato é diversificado. Ora é um pacote econômico que vai sair, ora é um ministro que vai para a frigideira... O país ficou tão sensível a congelamentos que, ao menor zumzum de que haverá um, já começa uma remarcação de preços preventiva. Ah, seu Funaro...
E esses boatos, quer na área financeira quer na área política, elegem as quintas-feiras para semear algum tipo de pânico. O mais recente deles dava conta de um feriado bancário para carimbar as cédulas, de modo a tirar de circulação aquelas que estivessem guardadas em casa. Como se isso fizesse o menor sentido e, do ponto de vista operacional, fosse possível realizar!
Dizem que um incorrigível boateiro foi preso. Para assustá-lo, colocaram-no diante de um pelotão de fuzilamento. Mas era só uma simulação e o homem a seguir foi solto. De volta à prática, a sua primeira ação foi anunciar:
- Não espalhem, mas o exército está sem munição.
Há boatos quando há segredos. Há boatos porque as pessoas precisam fantasiar a realidade. E há pessoas que são propensas a certos boatos porque estes vão ao encontro de seus interesses. Os boatos são encontrados sempre que as circunstâncias são ambíguas, as questões são importantes e a capacidade crítica é baixa.
E como disse a cantora francesa Amanda Lear (supostamente nascida em Saigon ou Hong Kong ou Hanói ou Cingapura e até mesmo na Transilvânia): "Eu odeio espalhar boatos, mas o que mais se pode fazer com eles?"
Então, como neutralizar um boato quando se sabe que o ato de desmenti-lo pode reforçá-lo?
Não passem adiante, mas há uma falação de que a fundação de Kapferer está para fechar as portas...
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Um comentário:
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