sexta-feira, 21 de outubro de 2011

JORGE GEORGE EM RITMO DE DESVENTURA - 2.ª PARTE

E prosseguiram a viagem. Com o taxista chupando uma ponta de cigarro vitalícia, um sufoco. Até que... a fumaça começou a mudar o odor para melhor, haviam chegado à churrascaria. Desceram. Pensando na etapa seguinte, Jorge não dispensou o táxi.
E comeram e beberam e conversaram. Ao fim de uma picanha, e também querendo ser picante, Jorge falou de sua doença. "Priapismo. Em Marrocos me curaram em excesso." Embevecida, Petúnia abriu as pupilas que um dia fizeram a desgraça do Sr. Reitor. Com isso, ele sacou logo: a fêmea topava ir a um motel de classe; mais: queria suíte com hidromassagem e cascata. Era um desejo tão evidente que, vamos mas não venhamos, seria grossura da parte dele pedir uma confirmação no plano verbal.
Jorge foi apresentado à conta. "Quinhentos cruzados, senhor, com o frete já incluído." Na nova profissão o garçom vinha passando por um período de adaptação. E Jorge George autografou um cheque de quinhentos cruzados de frente, mas sem fundos. Até o dono da casa veio pessoalmente agradecer. "Compraremos uma carne de moita de referência para o caso de o senhor voltar aqui."
- Ótimo. Mas troquem também o óleo de fritar batatas, sugeriu Jorge.
Agora, era sair dali conduzindo a mulher. Mas Petúnia pediu tempo. "Preciso retocar o batom."
Meio nervoso, Jorge a viu desaparecer no rumo do toalete.
"Meu Deus, como ela demora. Depois do batom vem o rímel? E depois do rímel?..." Petúnia remanchava...
- Ei, amigo...
Era o garçom que interrompia o benemérito Jotagê em suas divagações. Umas divagações que terminavam sempre no saguão do Banco Central.
"Bem, pelo tratamento amistoso que ainda me dispensa, não deve estar pondo meu cheque... em idem", pensou Jorge.
O garçom prosseguiu:
- A moça se mandou.
- Mas como?
- Arrodeou a churrascaria pelos fundos e pediu carona a um motoqueiro.
Desgraçou geral. Foi ele se fiar na fidelização de Petúnia, e viram só no que deu. Ainda bem que o táxi o esperava para levá-lo de volta.
Deu o toque de retirar:
- Pela Mister Rau, motorista. E não precisa respeitar as motocicletas, não.
Ninguém julgue a madrugada pela boca da noite. Por essa desfeita, ele passou o metazoário, isto é, a esponja. Enquanto espera o dia em que vai penetrar o coração de Petúnia, nem que seja usando uma chave mestra.

Espero que tenham gostado deste conto em duas capitulações. Não haverá para ele uma versão cinematográfica de que venham a gostar mais. PGCS

Nenhum comentário: