quarta-feira, 10 de julho de 2013

LISO, LESO E LOUCO

"Exatamente. Eu já havia corrido uns dez minutos para me livrar de uns porto-riquenhos que estavam em meu encalço. Nos braços, rosto e pescoço, os inúmeros arranhões causados pelos galhos das árvores que, em minha desabalada carreira, eu tinha deixado para trás. Lembro-me, especialmente, de um corte profundo, abaixo do queixo, pelo que ele muito ardia. Era digno de uma sutura de dez pontos, talvez cinco.
"Felizmente, eu já estava a me refazer do cansaço sob a copa de uma frondosa árvore. Não via mais os porto-riquenhos, mas não estava certo de que eles não estavam nas proximidades. Enquanto isso, era recuperar minhas forças, apreciar a beleza vegetal, sentir o cheiro da relva molhada, ouvir o canto dos pássaros... Ei, quando eu pensasse em voltar, encontraria o caminho de volta?
"Forçoso era admitir, eu me encontrava: numa de horror, diante de uma sinuca de bico, sem lenço nem documento, liso, leso e louco e sem dinheiro pro troco, na corda bamba, de mal a pior, dando nó em pingo d'água, vendo urso, matando cachorro a grito, aliás, no mato sem o tal cachorro, chamando Jesus de Genésio, urubu de meu louro, fugido e mal pago e não me peçam para corrigir a última expressão.
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