É uma cena romântica: um rio (ou será um lago?), um barco, um poeta e três raparigas em flor. O poeta faz um recital dos últimos poemas que escreveu. Cada uma das moças deve se imaginar a própria musa inspiradora de um, vários, muitos desses poemas... Até de todos, se uma delas for bisavó da Luana Piovani.
A propósito, não é uma cena contemporânea. O figurino das pessoas mostra que não pertencem ao nosso tempo. O bardo mantém uma distância respeitosa das três raparigas, que se acotovelam num dos cantos da embarcação. A qual, por sua vez, está quase encalhada no capim aquático.
Mas... há remos no barco à espera de braços dispostos. Não se faça de rogado, meu poeta. Está a terminar a leitura do livro em suas mãos, agora é empunhar os remos. E levar o barco, as moças, a si próprio para novas paisagens. Onde o enlevo, o encanto, o arrebatamento, tudo é feito sem palavras.
Sim, faça isto. Para não ser depois recomendado à Sociedade dos Poetas Mortos nas Calças.
Original: EM, 22/06/2007
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