sexta-feira, 11 de junho de 2010

DOM FULANO X DOM BELTRANO

Há os que defendem a monarquia de um modo equivocado desde o início. Propondo o nome de Dom Beltrano para ocupar o trono do país, caso o plebiscito realmente decida que o Brasil vai virar reino. E que, com isso, lesam os interesses de Dom Fulano, o qual, na linha da sucessão, tem precedência. Ainda que Dom Fulano, força é reconhecer, seja um que se perde pelo nome. O que ele tem não condiz com a pompa e a circunstância do cargo real, é demasiado vulgar.
Se é pelo passado de dedicação à TFP, também vence Dom Beltrano. Cuja militância em prol da Tradição e da Propriedade, fê-lo até esquecer a Família. A ponto de Dom Beltrano, apesar de madurão, ainda não ter um descendente - e isso é mau! Na medida em que a dinastia para ir em frente vai ficar na dependência de primos, cunhados e outras lástimas.
Bem, a culpa disso cabe ao próprio Dom Beltrano que, em algum lugar do passado, fez voto de castidade. Não sabendo ser, naquele momento, sábio como Salomão foi. Embora se diga que Dom Beltrano tende hoje a revisar a antiga decisão. Quer dizer, se é para ganhar a coroa ele topa encarar uma outra - de carne e osso. Mandando buscar essa coroa de sangue azul lá "nas Oropas", para o bem da Casa de Bregança Bragança.
E por falar em coroa, como anda a coroa real? Dizem que, numa oficina de reparos, desfalcada dos brilhantes que foram doados para acabar de vez com a miséria do Nordeste. Agora, que a hora de colocá-la na cabeça já se aproxima, justo é que ela fique outra vez "joinha". Pois Dom Beltrano promete usá-la, em grande estilo, no primeiro baile que houver na Ilha Fiscal. Para provar inclusive que é melhor anfitrião do que o seu antecessor na época do Brasil império.
Como palavra, plebiscito soa desagradavelmente: evoca plebe. Mas, paciência, é através dessa forma popular de consulta que o Brasil pode voltar a ser monarquia. E integrar o fechado clube onde já se encontram Lesoto, Tonga, Nepal, Suazilândia... Com essas nações o Brasil tem muito a aprender. Por exemplo, conseguiria o brasileiro sobreviver caso tivesse uma renda anual per capita de 170 dólares? Não? Pois o nepalês consegue isso e ainda saúda o seu rei.
Mesmo detestando a carcomida república, Dom Beltrano não pretende discriminar quem o serve lealmente. A prova é que ele carrega, no bolso do colete, o nome do ex-ministro Magri para o cargo de bobo da corte. Magri, que acredita piamente que do céu chovem dólares, está compenetradíssimo. Em conversa reservada com o futuro monarca, já lhe prometeu não inventar neologismos. Só arcaísmos, daqueles que nos façam lembrar os bons tempos d'antanho.
(rascunhado em 1993 e reescrito em 2010)

Nenhum comentário: