segunda-feira, 7 de junho de 2010

JÁ FOI ASSIM

Para dissipar umas nuvens monárquicas que estão a se formar no horizonte, bata (com cetro, não) na madeira três vezes.
Se isto não der resultado, e tivermos de suportar pompas, circunstâncias e tais, que o anacrônico sistema de governo deverá trazer para o país, sem que em contrapartida algo de bom advenha, oportuna será a seguinte sugestão:
A Corte, por ocasião de sua reinstalação, começar pelo baile da Ilha Fiscal. Era o que estava fazendo quando, para a felicidade geral da nação, foi-lhe dado em 1989 o vade retro.
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O monarca representava o Poder Moderador. E, como tal, indicava os nomes que iam compor o Conselho de Estado e o Senado - este último em caráter vitalício - aos quais competia apenas dizer o que o soberano queria ouvir. Ele também indicava o primeiro-ministro que, por sua vez, montava o Gabinete que ia governar o país.
Havia eleições. Nestas, apenas uma diminuta parte da população votava, a fração constituída pelos grandes proprietários de terras e de escravos, cujos representantes alternavam-se no Poder Legislativo como as duas faces da mesma moeda.
Poder Judiciário tampouco merecia ter este nome, pois os magistrados podiam ser suspensos e demitidos.
E acrescentem-se estas outras mazelas: uma Constituição outorgada; uma população material e intelectualmente desassistida; a tolerância com o câncer social da escravidão; Estado e Igreja imiscuindo-se mutuamente; as reclamações das províncias resolvidas manu militari; uma economia baseada no modelo agrário exportador; a pouca expressividade de sua área científica etc.
Cair na real é constatar que o Brasil já foi assim.

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