sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

A ROUPA SUJA DE BRASÍLIA

O dono de uma lavanderia em Belo Horizonte encontrou a fórmula para diminuir a capacidade ociosa de sua empresa. Consiste ela de buscar clientela na cidade do Rio de Janeiro. Quanto ao fator distância, representado pelos 327 quilômetros em linha reta entre as duas capitais, para ele, não é problema. A roupa é transportada em aviões de carreira e, três dias após, o cliente carioca pode retirá-la em sua cidade, pagando taxas de serviços iguais às das lavanderias locais. Com os sucessos logístico e financeiro da operação, o empresário planeja estender os negócios à Brasília.
Fico a imaginar como seria um rol de roupas sujas de Brasília:
1 babador pertencente ao deputado Edison Lobão.
1 calça listrada seguindo junto com o proprietário, Sr. Agamenon, aspone da Funai, que precisa ver uma tia em Belo Horizonte.
125 uniformes de campanha. Cuidado com o de nº 7, porque pode danificar a calandra da lavanderia. Caso isto aconteça, anexar um formal pedido de desculpa a seu proprietário, o general Cruz Credo!
48 smokings. O de nº 36, de propriedade do sr. Carlos Átila, tem dispositivo especial para mágicas de pequena voltagem.
2 camisetas com a inscrição "eu quero votar em mim para presidente" do deputado Paulo Maluf.
1.800 lenços, todos da bancada órfã do PTB.
5 bermudas do "major" Curió. Lembrar de passar a bateia na água de enxágue onde vai ter ouro em pó.
1 gravata. Recomendação de não desfazer o nó da gravata, porque ela pertence, ó, ao cacique-deputado Mário Juruna.
22 camisas esportivas do Clube dos Safenados em Cleveland.
1 gibão de couro do ministro André Asa, com os bolsões de miséria trabalhados à mão.
1.551 vestidos para a higienização ultra-rápida. Sábado próximo haverá baile na Ilha Fiscal.
1 vestido longo da Sra. Mustafalla, esposa do Sr. embaixador turco no Brasil. A "turquesa" pede urgência, porém respeitando a sexta-feira muçulmana.
1 meio-fraque do ministro Galveas, seguindo ambos em voo extra.
200 camisetas com a efígie de "Che", circundada pela frase "hay que endurecerse sin perder jamás la ternura", do pessoal do quadro suplementar do SNI. Vestidura ultra-sigilosa.
400 lençóis. O lote de 1 a 50, cujo dono é o Sr. Netto, ministro do Planeja Aumentos, apresenta-se com muita sujidade "por debaixo dos panos". Sabão em dobro.
1 faixa verde-amarela, modelo presidencial.
1 faixa preta do quimono do vice-presidente Aureliano. Em caso de dano ou extravio, o dono exige como reparação a  verde-amarela.
765 ternos convencionais, aqui por engano. São "presentinhos" da mãe do Maluf (adivinhem para quem?).

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