sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

COM BRINCO NÃO SE BRINCA

Deu-se o acontecimento num barzinho da moda na Aldeota. Minha mulher e eu bebericávamos por lá, quando ela, pondo a mão em uma das orelhas, subitamente exclamou: "perdi um dos brincos". E pôs-se a percorrer com o olhar o chão do barzinho, em busca de uma pequenina esfera de ouro que corresponderia ao brinco extraviado. Ajudada por mim que logo considerei um empreendimento difícil, tantas eram as reentrâncias do piso naquele lugar.
Pessoas das mesas vizinhas passaram a olhar com espanto aquele casal da vista baixa, isto é, nós. Reforçado, depois de algum tempo, pela participação do faxineiro da casa na busca, com vassoura e pazinha à mão. Mas o diabo do brinco não conseguia ser localizado para o crescente desespero de minha mulher, em virtude de ser ele um adereço que tinha importância afetiva: o par de brincos pertencia à nossa filha de dois anos.
Em má hora, minha esposa o tomara "emprestado", por combinar com a roupa com que ia sair.
Procura que procura, o brinquinho acabou sendo encontrado. Pelo faxineiro que nos ajudava, espontaneamente, e que assim se fez merecedor de uma gorjeta. Então, minha mulher tratou logo de recolocar o brinco na orelha, quando lá deixou cair... desta vez, a rosca do brinco. Depois do diminuto, íamos agora enfrentar o diminutíssimo.
Fiquei de fora da nova busca. Enquanto pensava sobre o que poderia esperar de alguém que, dias atrás, perdera uma das lentes de contato. Na verdade, não a perdera, a lente apenas migrara da córnea para um dos cantos do olho, deixando a minha mulher "chorosa" até que o caso fosse por fim esclarecido.
Apesar de estar perdida no mais difícil dos terrenos, a rosquinha do brinco também foi encontrada. Pelo bom ajudante que recebeu de minha parte uma gorjeta complementar - do tamanho inversamente proporcional ao do objeto localizado, a regra era essa. Quanto à minha esposa, esta ganhou um conselho meu: somente usar brincos grandes, de pingente, e que tilintassem em caso de queda.
Não é todo dia que a gente encontra por aí alguém com olhos de lince. Vai ver capaz de enxergar até um micróbio de caspa.

2 comentários:

Ynot Nosirrah disse...

Onde fica esse bar? Preciso contratar esse faxineiro que os ajudou a acharem o brinco para trabalhar em minha casa com minha mãe, porque tudo que ela pega ela perde. Ela tem vários pares de óculos, mas dificilmente os encontra, quando deles precisa. rsrsrs
Os blogues dos irmãos Gurgel continuam tinindo como sempre. Estou voltando a blogar também, graças a Deus, em http://jardimdasgarrafasdigitais.blogspot.com/.

Paulo Gurgel disse...

Olá, Ynot.
Para variar, o barzinho teve o destino dos congêneres: sumiu do mapa. E o faxineiro da visão 20/20 tem paradeiro ignorado.
Parabéns pelo novo blogue.