Brasileiras e brasileiros assistiram pela televisão a última fala do presidente José Sarney, durante a qual ele anunciou que aceitaria abrir mão de um ano do mandato. Ele trocaria, de bom grado, os seis anos na Presidência por cinco, conquanto não se falasse mais em quatro ou três. É compreensível o beau geste presidencial: Sarney perde no boi para não perder o boi.
Aí entra em cena o Sr. Júlio Marcondes de Moura, prefeito de Garça, uma cidade do interior paulista, que resolve ganhar no boi. Reúne algumas centenas de colegas prefeitos e vereadores em sua cidade para pedir uma prorrogação de dois anos em seus mandatos. Passariam de seis para oito anos. Porque seria irracional promover eleições municipais em 1988, se haverá outras eleições em 1990.
Pois é, o Sr. Moura, que é prefeito de Garça, agora quer ser prefeito de graça. Ele ambiciona um mandato maior sem precisar gastar um cruzado em campanha eleitoral (em que pode inclusive se dar mal).
Verifica-se uma ampla adesão à tese do prorrogacionismo. Além do conspirador de Garça, um bom número deles, residentes em Minas Gerais, Paraná e Rio de Janeiro, já passaram telegramas de apoio. O que me faz lembrar que pode reproduzir o resultado de uma pesquisa realizada no Congo Belga (Macaco, você quer banana?).
Como cidadão brasileiro (em dia com os impostos) eu aproveito para protestar. Senadorzinho Moura, permita-me que assim o chame em consideração ao que pretende, depois de seis anos de sacrifícios não é justo que a Nação cobre mais tempo de seus representantes municipais. Já se vão seis anos de meias semanas com três meses de férias anuais de grande labor. Para que continuar se matando nesse esquema de "oito e oitenta"? Oito anos de mandato a oitenta salários mínimos ao mês (o que ganha, por exemplo, um vereador em Fortaleza)?
Ora, vá ter o seu merecido descanso, Senadorzinho.
sexta-feira, 17 de agosto de 2012
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