Domingo. J. Natura, ainda sonolento, dirige-se à janela do "apto" para concluir o seu despertar. Nada como iniciar o dia enchendo o peito da boa brisa que vem do Parque do Cocó.
Escova os dentes com raspas de juazeiro e mete-se numa ducha fria e rápida. O sabonete biodegradável deixa-lhe um frescor bio-agradável na pele.
Passa um antitranspirante nas axilas. De bastão, pois detesta qualquer desodorante em spray. Sabido é que o spray tem fluorocarbonos que podem afetar a camada de ozônio da atmosfera.
Apanha a roupa passada num armário onde passeiam baratinhas jamais dedetizadas. Vai-se vestindo.
Antes de deixar o quarto, tem tempo de olhar, enternecido, para um pôster na parede, que mostra um filhote de foca nos braços protetores da Brigitte Bardot.
Na cozinha, enquanto apronta o desjejum, ouve rádio. Volume baixo, a menos de 50 decibéis para não ocasionar sobrecarga acústica.
O desjejum: pão de trigo integral e chá de artemísia adoçado com açúcar mascavo. Findo o repasto, noz vômica, a homeopatiazinha para a hipocondria de sempre.
Desce ao térreo. Estacionado entre os pilotis do edifício, o seu fusca a álcool. Comprado numa decisão sábia de não poluir as ruas com chumbo tetra-etila, produto tóxico existente na gasolina.
Ruma para a feira de pássaros do Jardim América., onde J. Natura circula, comprando avezinhas canoras: canários belgas, campinas, periquitos australianos, corrupiões e tudo mais que pipila.
Depois, fora da cidade, liberdade para os emplumadinhos. Solta-os um a um, tendo o cuidado de destruir as gaiolas no final.
O campo! Dependesse dele ficaria mais tempo por lá, a oxigenar os pulmões. Entretanto, tem compromisso marcado para logo mais na Praia do Futuro: coletar, ajudado por amigos, o piche que enfeia aquela praia.
Assim, enche sacos e mais sacos da pegajosa substância, com o plano de levá-los no dia seguinte às autoridades portuárias. Uma espécie de protesto.
Trégua nessa guerra ecológica somente acontece de noite, à hora de dormir. Mas, diabos, J. Natura tem mau sonhar: vê-se em alto mar, arpoando baleias. Que pesadelo, sô!
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