domingo, 25 de janeiro de 2009

O MAIOR ARTILHEIRO

O nosso país é habitado por 125 milhões de técnicos de futebol (1), sendo eu um deles. O que me credencia a emitir palpites e opiniões sobre o esporte bretão que um dia radicou no Brasil. 
Se me perguntam, por exemplo, quem é o maior artilheiro do futebol nacional de todos os tempos, eu não hesito em apontá-lo.
O maior artilheiro de meu país tem uma longa carreira futebolística. Só que, avesso ao estrelismo, ele é menos citado do que na realidade merece. O caso de dizer: vive no chão.
É disciplinado, jamais recebeu cartão amarelo, vermelho ou de outra cor. Não comanda à base do palavrão, não cospe no rosto do adversário e não faz gesto obsceno para a torcida rival.
Não mandinga, não faz cera, não simula contusão. E nem chuta - com raiva - a bola para as laterais. Em súmula, nada faz que comprometa o espetáculo do futebol.
Em campo, posta-se muito bem, a ponto de confundir a defesa antagônica. A forma física é única do primeiro ao nonagésimo minuto; ou, por mais tempo, se houver prorrogação.
Objetivo em tudo, não dá drible desnecessário. Intervém sempre à base do "bate-pronto", que é quando a bola fica dificílima para o goleiro.
E não é mercenário: fora o rendimento em campo não se interessa por mais nenhum. Se todo jogador fosse como ele o futebol brasileiro não estaria tão "estagflacionado".
Respeita ao máximo os princípios do torcedor "doente". O artilheiro jamais foi (nem será) um garoto-propaganda (2) em comercial de televisão para vender saúde (vitaminas) ou doença (cigarros) - cara e coroa do consumismo deslavado.
Explorando o fator surpresa, ele é simplesmente inexcedível na finalização de uma jogada. Sem exagero, ele já balançou as redes de praticamente todos os estádios de futebol do Brasil.
Pois bem! A esta altura do campeonato, presumo que uma coisa já tenha ficado fácil: levantar a identidade dele. É... o montinho-artilheiro (3).

(1) em 1982
(2) Pelé e Gerson
(3) in cauda venenum

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