sexta-feira, 28 de maio de 2010

ESSES JAPONESES MARAVILHOSOS...

É difícil conversar com um homem
que mantém um relacionamento profundo
com o aparelho de televisão. E. Bombeck

Não é ficção: os japoneses desenvolveram um tipo de TV em cores inteiramente revolucionário em matéria de economia de espaço. Nada convencional, o aparelho é para ser colocada na parede, como um quadro, fazendo parte da decoração da casa.
O que é a relatividade: enquanto os americanos ficaram no "time is money", os japoneses, com tecnologia própria, já estão no "space is money". O mundo do futuro pertencerá mesmo a esses japoneses como suas máquinas eletrônicas - eu, cidadão comum, estou convencido disso. Pode acontecer que algum "discordino da silva" diga que não, assegure que pertencerá aos nipônicos, só que no fim, pelo argumento de minha força, acabará cedendo na ideia.
Metido a sociólogo da televisão, mas sem ter as polegadas de um Artur da Távola, eu dei de fazer um questionamento. Até que ponto o comportamento das pessoas será afetado pelo advento do novo televisor? Será bastante afetado, respondo, pois só o coroa aqui, de cara, já está prevendo três ou quatro distorções no comportamento do homem partícipe dessa aldeia global.
O televisor, por não ter quase espessura, ninguém poderá mais dar nele um soco no tampo para fazer voltar som e/ou imagem. Terá que descarregar a "frustração reparadora" no rádio, no relógio digital ou, quem sabe, no liquidificador.
É possível que um ou outro desavisado, perfeito "videota", desperdice preciosas horas contemplando uma gravura de peixinhos ao tempo em que pensa estar assistindo a um programa da televisão educativa.
Alguém, pela madrugada, poderá desligar o televisor de um apartamento vizinho. Um pontapé na parede e... pronto! Fica dispensado do trabalho de vestir o quimono para ir enfrentar o dono do barulhento televisor.
E, pedra importante a gente canta é no final, o que ainda pode acontecer a fulano, um sujeito casado no civil, no religioso e no monótono. F. chega a sua residência e encontra o famigerado televisor-lagartixa, não na parede, mas sim no teto. E, naquela hora das coisas impróprias, vai, descobre que o que está dando prazer à esposa não é ele, pelo vão do ombro é a sessão-coruja.
Colocado numa situação dessas, só para efeito de hipótese, Antonomásio foi enfático quanto ao que faria: "mudo de canal". Sei não, mas o que Antonomásio disse, cabe ser bem meditado, pois tudo que o desbocado fala tem mais de um sentido.
(publicado no Jornal O Povo, aí pelos anos 80)

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