sexta-feira, 11 de novembro de 2011

FANTASMAS

Antigamente, os fantasmas viviam assombrando as residências. Gemiam, arrastavam correntes e faziam uma sonoplastia infernal, tudo com a finalidade de atemorizar os moradores. E estes, por sua vez, passavam as noites em claro. Claro. Principalmente, quando os fantasmas - serem luminosos, proteiformes e avoaçantes - se davam à mostra para contatos imediatos do terceiro grau, como que coroando as suas sessões de assombração.
Feio costume, esse. Digamos que fosse da natureza de um fantasma atemorizar os viventes. Como é da índole do escorpião ferroar as baratas. Tem que fazer isso e pronto! Embora se possa identificar nesse comportamento de um fantasma os ressentimentos de uma vida humana pregressa. Do tempo em que flanava num corpinho de 20, quando foi inesperadamente jubilado por bala, facada ou porretada.
Uma lógica fácil de compreender. Agora, o que não dá para entender é o que vem acontecendo ultimamente. Numa espécie de perversão dos instintos, alguns fantasmas pararam de assustar as pessoas. E não apenas isso. Como trazem os jornais, passaram ao exercício de uma filantropia desbragada. Imagine você que dois deles, da escuderia do PC Farias, acabam de bancar a reforma e a decoração da casa da Zélia, no Morumbi, em São Paulo.
Com quanto esses fantasmas "morreram" para tocar essas obras na casa da Zélia? A troco de quê? E a cama da Zélia entrou no rol das coisas reformadas?
São perguntas que permanecem sem respostas.
E a cama foi aquela que a czarina da Economia botou na rua para o Bernardo sentar a pua?
* * * * *
Ao deixar o importante cargo que ocupava, Zélia manifestou um desejo: ter um filho no próximo ano. O que, salvo melhor juízo, não se consegue na espécie sem passar pela interessante experiência de uma gravidez.
Dei tratos à bola (nome sugestivo em se tratando do assunto) para imaginar como poderia ser essa gravidez de Zélia.
Antes de tudo, ela não aceitaria aplicações na poupança: são improdutivas. O aplicador, no caso, teria de fazer um investimento de risco. Para começar, um depósito de uns duzentos milhões de, digamos, ativos espermatozóides. Os quais seriam, pelo caráter inflacionário, logo bloqueados. Menos um que, após um período de nove meses, seria devolvido sob a forma de um filhote.
Sentir uma contração no meio circulante seria o primeiro sinal. Zélia se dirigiria a uma maternidade, onde uma ultrassonografia mostraria perda de liquidez. Então, os médicos realizariam uma cesariana na czarina...
* * * * *
Ele aprendeu o ofício de fazer rir; ela, de fazer chorar.
Ela administrou um orçamento de trilhões; ele, como professor de uma escolinha, tinha um salário, ó...
Ele, cabeça chata; ela, chata da cabeça aos pés, principalmente quando usa o "economês".
Ele, nordestino; ela, sem norte magnético e... sem destino.
Tiveram um filho - que, evidentemente, não se chamou Bernardo - e foram felizes para sempre. Se bem que estas últimas palavras, para o humorista de Maranguape, tenham o significado de um... vapt-vupt.

Nenhum comentário: