quinta-feira, 20 de agosto de 2009

A CRÍTICA PUBLICADA SOBRE A OBRA LITERÁRIA DE PAULO GURGEL

UMA ANTOLOGIA DE POETAS MÉDICOS
I
São oitenta e três poemas e dez poetas médicos reunidos numa antologia ("Verdeversos"), numa bem apresentada edição do Centro Médico Cearense, com os respectivos cuidados de edição, paginação e ilustração. (...)
II
Finalmente, Joâo Bosco Sobreira e Paulo Gurgel Carlos da Silva. O primeiro participou da antologia "Queda de Braço" e tem um livro de poemas inédito "A Pedra e a Fala". Do segundo há uma curiosa e irreverente minibiografia que antecede os seus dez poemas. (...)
Humor e irreverência , talvez um toque de non sense, encontramos nos poemas de Paulo Gurgel "Vesperal" e "Profética". Bem anda o poeta, em tempos "reaganianos" - como escreve Millôr - em aludir ao mito do caubói invencível John Wayne. A preocupação social nos poemas "Desfazenda" e "Auto do Compadecido". No final deste poema, o entretexto cresce na medida em que o poeta escreve: "As minhas mãos / Uma sabia da outra". Um momento de evocação da infância recuperada aparece no sugestivo poema "Quintal de Infância".
Carlos D'Alge
In: Jornal "O Povo", fevereiro de 1981.

ESTANTE DE LIVROS
Dez médicos puseram as mangas de fora e reuniram em "Verdeversos" as suas poesias: Airton Monte, Alarico Leite, Caetano Ximenes, Emanuel de Carvalho Melo, João Bosco Sobreira, José Jackson Sampaio, Maria Irene Nobre, Lucíola Rabelo, Paulo Gurgel e Winston de Castro Graça.
Os poemas de Paulo Gurgel, quase todos, trazem a marca do grande poeta. (...)
Paulo Gurgel é, para mim, uma revelação poética admirável. O poema "Quintal de Infância" é um quadro estético, e espelho de uma sensibilidade artística incontestável: (...)
A Paulo Gurgel, que se ocupa aqui de cousas triviais, pode-se aplicar as palavras de Otto Maria Carpeaux: "A arte é um dom do Céu, mas tem que servir à Terra".
"Oriental" é um poema que mostra a radiografia do homem: (...)
Estou certo de que Paulo Gurgel ainda nos vai fazer surpresas maravilhosas no campo da poesia.
Abdias Lima
In: "Tribuna do Ceará", 18 de março de 1981.

LIVROS
"Encontram-se" neste livro quatorze luminares da medicina brasileira: Beto Bezerra, Dalgimar Meneses, Emanuel Carvalho, Francisco Nóbrega, Francisco Sampaio, Heitor Catunda, Jackson Sampaio, Lucíola Rabello, Paulo Gurgel, Ricardo Augusto R. Pinto, Rose Mary M. da Silveira, Sérgio Macedo, Wilson Medeiros e Winston Graça.
Encontram-se para, em verso e em prosa de claridade lunar ou solar, nos dar conselhos sobre a saúde, falar sobre o mistério da vida, sobre os problemas da carne, as saudades dos cais, para protestar contra um mondo robotizado ou rir (Paulo Gurgel) de tudo, inclusive de si próprio.
PAULIFICANTE
PAULO, não é que nasci? Tinha um grande projeto,
-----fluvial, de atravessar caudaloso o
PAUL da humana existência, mas
-----represo-me, estagno-me - sorte
PAU - termino por saber que me espreita uma
PÁ de terra e que, dia qualquer,
-----eu morro
P... da vida.
Paulo Gurgel é um humorista à Leon Eliachar. É pena que não esteja enriquecendo as revistas do Sul.
Abdias Lima
In: "Tribuna do Ceará", 15 de junho de 1983.

CRIAÇÕES
"Criações", a nova antologia que o Centro Médico Cearense acaba de publicar, é um livro que mesmo não se destinando à realização de uma ambicionada carreira literária, enfeixa em suas páginas a virtude de provocar outras reflexões. No geral, trata-se de um projeto que, se por um lado peca pela falta de unidade estética e mundividencial, por outro assombra pela qualidade de alguns textos que apresenta, assaltando, muitas vezes de surpresa, a sensibilidade literária do próprio leitor. (...)
Sobre a irreverência do discurso de Paulo Gurgel, eu teria muita coisa a dizer, mas, contraditoriamente, eu diria que nada tenho a acrescentar. Gostaria que os seus textos fossem assimilados tal como ele os concebeu, assim de forma tão irrecusavelmente metafórica que parecem espreitar a sua própria decodificação.
No mais, gostaria de aqui registrar a importância dessa iniciativa do Centro Médico Cearense, no sentido de divulgar, através de sucessivas edições, a produção literária de seus associados, erguendo um empreendimento inquestionavelmente pioneiro no âmbito das associações profissionais existentes no Ceará.
A Editora do Centro Médico Cearense, portanto, está de parabéns, como de parabéns estão os seus articuladores, especialmente os médicos Emanuel Carvalho e Paulo Gurgel, responsáveis pelo seu programa editorial. E se mesmo, como insinuei, ainda não atingiu um estágio capaz de polarizar a ambivalência por mim reclamada, no início desta apresentação, isto se deve ao fato de o Centro Médico Cearense, antes de ser uma sociedade de escritores, se constituir numa escola que apreende a vida exatamente ao contrário daquilo que aprendemos na escola, dando-nos, assim, a lição de que literatura é vida e de que viver nem sempre representa uma opção pelos descaminhos da realidade.
Dimas Macedo
In: "Diário do Nordeste", 28 de fevereiro de 1986, e nas páginas 40-42 do livro "Ossos do Ofício", publicado pela Editora Oficina, em Fortaleza, 1992.

DIAGNÓSTICO POÉTICO E FICCIONAL
Paulo Gurgel e Emanuel de Carvalho reuniram-se com médicos seus amigos e, através da Editora Centro Médico Cearense, publicaram "Criações" - um belo e sugestivo título para a antologia que ora apresentam ao público cearense. Cearense, dizemos nós, porque dificilmente esta equipe de poetas ultrapassará as fronteiras do Estado, não pela qualidade dos poemas, que são bons, mas por falta de distribuição, que é esse, ainda, o maior problema para quem escreve e reside na província. (...)
Voltemos, agora, ao livro - "Criações". Há um fato de muita singularidade neste livro: são as "biografias" dos autores apresentadas (e animadas) pelo poeta Paulo Gurgel - um homem muito inteligente e portador de um espírito de observação fora do comum, dotado de um senso de humor raro entre escritores, mesmo ao nível nacional. O livro não faria sentido algum se o leitor não começasse pelas orelhas - orelhas de bom sinal, por sinal, diga-se de passagem.
Os antologiados - nove ao todo - estão reunidos aqui, neste volume de prosa e poesia, cada qual dando a dimensão de seu talento, de sua criatividade, de sua veia poética ou ficcional. É um grupo da pesada e que pesa muito nas letras de nosso Estado. Pela ordem de entrada no florilégio: Dalgimar Meneses, Emanuel Carvalho, Geraldo Bezerra, Hamilton Monteiro, Hugo Barros, Luís Teixeira, Paulo Gurgel, Pedro Henrique S. Leão e Sérgio Macedo.
José Alcides Pinto
In: "Tribuna do Ceará", 24 de maio de 1986.

SOBRE TODAS AS COISAS E ALGO MAIS
I
Esses médicos do Ceará são fogo. Além de bons, em muitos casos ótimos, excelentes profissionais, muitos deles se destacam também em outras atividades, notadamente no campo da Cultura, da Literatura em particular. Existe aqui inclusive uma seção da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores, que há vários anos vem atuando com muita garra na edição de livros, oito ao todo até o momento, prosa e poesia, contando com este interessantíssimo "Sobre Todas as Coisas", saído recentemente. A exemplo de cinco já publicados, este agora reúne um bom número de médicos escritores, explorando (no bom sentido) mais de um gênero literário, com destaques para o conto e a poesia. (...)
VIII
Dizer que Paulo Gurgel é um dos sujeitos mais inteligentes aqui da terrinha, criativo (e engenhoso) como poucos é repetir o óbvio. Quem lê o que sai dele em nossa imprensa sabe disso, daí o número de leitores (futuros eleitores?) que ele tem, atentos sem tirar nem pôr à sua prosa, sempre gostosa e bem humorada, sem esquecer, é claro, o seu estilo escorreito e muito bem servido, em termos de língua... brasileira. Sim, ele escreve como o povo fala, sem arrebites digamos gramaticoides, o que seria realmente uma besteira. A parte dele encerra este "Sobre Todas as Coisas" e encerra otimamente, com a gente podendo falar, por isso mesmo, num final feliz. São crônicas e estórias, numa delas ( "Em Cartaz") fazendo brincadeiras com filmes (?) - tudo muito engraçado, à maneira do autor. Médico, está certo, dos bons de nossa cidade, com uma excelente folha de serviços, mas para mim, que ainda não o procurei para uma consultinha, um escritor de mão cheia, legibilíssimo, mesmo quando se está assistindo a uma novela tipo "Sassaricando".
Antônio Girão Barroso
In: "Revista", coluna do "Tribuna do Ceará", 30 de janeiro de 1987.

O CANTAR E O CONTAR SOBRE TODAS AS COISAS
Neste entardecer de fim de milênio, onde as ameaças à raça humana são inúmeras e insondáveis, a palavra parece ser revisitada e recuperada por alguns grupos atentos à integridade do homem. Neste sentido, o verbo se faz remédio e a Literatura se faz milagre. (...)
"Sobre Todas as Coisas" traz variadas texturas e variadas sensorialidades onde o leitor, feito beija-flor, parte por diferentes texturas e variadas paisagens. Alguns dos construtores desta antologia, já conheço de outras tramas literárias e pude viajar através das reafirmações do estilo de pensar e vestir a palavra de cada um; é o caso de Paulo Gurgel, Hamilton Monteiro e Celina Pinheiro.
Paulo Gurgel recria a palavra dentro de uma imagística cinematográfica e hemorrágica, onde a realidade é sempre mais inédita que a fantasia e o espanto afoga sempre o leitor aturdido e perplexo. Deste modo, Paulo Gurgel é escritor engenhoso e iluminado por soluções, individualíssimas e insuspeitas.
Diogo Fontenelle
In: "Tribuna do Ceará", 21 de novembro de 1987.

MÉDICOS ESCRITORES
I
Com um título geral e significativo (para o texto leia-se significante) chega-nos às mãos a antologia "Sobre Todas as Coisas", da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores - Regional do Ceará, num total de treze participantes - poetas e ficcionistas - já com o nome firme nas letras, todos demonstrando sensibilidade e dom para a literatura e as artes. (...)
II
As últimas páginas de "Sobre Todas as Coisas" são preenchidas por Paulo Gurgel, um homem de letras dos mais completos de sua geração. É um artista nato. Talento vasando por todos os poros. Mergulhado no absurdo existencial, na vanguarda criativa, tira de tudo isso os efeitos mais surpreendentes. É um idealista. Seu estilo é inconfundível. Sabe lidar com o reino das palavras e seus encantos. Dono de um potencial de fabulação imenso, com alguns contos já premiados, é um dos pontos altos desta antologia. Suas estórias (crônicas, poemas, fábulas?) oscilam entre o picaresco e a prosa de costumes (confidencial). Trabalha com os signos e os signos eróticos. É o desenhista e o escultor da palavra. O cotidiano é a menina de seus olhos. A condição humana está por inteiro em seus escritos.
José Alcides Pinto
In: "Tribuna do Ceará", 16 de abril de 1988.

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