Carolino era atendente num hospital psiquiátrico em Petrópolis. Moreno, atarracado, olhos amendoados, ele me auxiliava na visita médica aos pacientes. Mas não tinha lá muita instrução.
Uma vez lhe pedi o tensiômetro.
Como o aparelho não aparecesse, repeti o pedido. E ele... nada.
Aí, já estranhando a demora (por ser ele sempre muito solícito), enderecei-lhe um olhar inquiridor. A ver porque, em não estando tão atarefado assim, Carolino remanchava... Quando dei de cara com o atendente apalermado, o ar de quem não estava entendendo nada.
Foi preciso, então, que eu lhe explicasse:
- O aparelho de tirar a pressão, seu Carolino.
- Ah, bom.
Não sei como anda hoje o bom Carolino. Mas tomara que tenha evoluído na compreensão dos nomes do instrumental médico, a ponto de não fazer feio quuando lhe pedirem o... esfigmomanômetro.
Que, meio sobre o pedante, vem a ser também o tensiômetro.
No museu do Nirez tive a oportunidade de conhecer um rolo fonográfico. Tratava-se de uma peça cilíndrica, que tinha um registro musical, do tempo em que não existia o disco de cera. Com o advento deste, o rolo saiu de cena. Entre os vários motivos, por ser menos prático do que o disco. O rolo fonográfico, por exemplo, não permitia a feitura de cópias. Assim, cada um deles era gravado isoladamente, com o cantor e a orquestra se esfalfando por uma tiragem que não era lá grande coisa.
Pois bem, ganhando ou adquirindo (não recordo o detalhe) o tal rolo, Nirez precisou remetê-lo. do Rio de Janeiro para Fortaleza onde fica o seu inigualável museu. E, para tanto, procurou os serviços de uma companhia aérea bastante conhecida.
No balcão da companhia, por ser de praxe, uma funcionária pediu a identificação do objeto. E fez anotações.
Tempos depois, em Fortaleza, ao conferir a raridade que em boa hora conseguira para o acervo do Museu Cearense da Comunicação, Nirez se surpreendeu. Com o nome que constava no aviso de remessa desse objeto: rolo pornográfico.
Um matuto contava as suas proezas para uma turma da cidade. E a turma, achando aquilo pitoresco, de gravador ligado ia registrando tudo.
Finda a prosa, alguém resolveu conferir a gravação. Para espanto do tabaréu que, até então, não sabia que troço era aquele. E, por conseguinte, qual a serventia que o troço apresentava.
(Por causa de que antes não lhe haviam explicado, não é?!)
Ora, pois não é que o objeto era capaz de repetir, tintim por tintim, como fora cada um dos seus "causos"!
- Eita bichim enredeiro!
Foi como o matuto desafrontou a coisa.
Esta é de corredor de hospital. Um médico, numa roda de colegas, assegurava a existência de um aparelho capaz de dispensar a canseira dos estudos. Isso lá nos Estados Unidos. Onde o sujeito, durante as horas que estivesse a dormir, poderia receber do prodigioso aparelho toda a sorte de informação. Do assunto que quisesse e escolhesse, ao se conectar no equipamento. E que esforço mnemônico, por conta desse invento, passava a ser coisa do passado, meu irmão.
Bastava o usuário do aparelho, através de hot dogs colocados nos ouvidos, blá, blá, blá...
É claro que se tratava de um "cochilo" do contador de novidades. essa história de hot dogs nos ouvidos... Mas que ficou gozado, ficou. Principalmente porque deu margem a outro acontecimento, se bem que na base da adesão.
Alguém, assim que a roda se desfez, convidar os demais a ir à cantina. Para comer uns headphones.
terça-feira, 19 de fevereiro de 2008
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