terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

O NOME DA COISA

Carolino era atendente num hospital psiquiátrico em Petrópolis. Moreno, atarracado, olhos amendoados, ele me auxiliava na visita médica aos pacientes. Mas não tinha lá muita instrução.
Uma vez lhe pedi o tensiômetro.
Como o aparelho não aparecesse, repeti o pedido. E ele... nada.
Aí, já estranhando a demora (por ser ele sempre muito solícito), enderecei-lhe um olhar inquiridor. A ver porque, em não estando tão atarefado assim, Carolino remanchava... Quando dei de cara com o atendente apalermado, o ar de quem não estava entendendo nada.
Foi preciso, então, que eu lhe explicasse:
- O aparelho de tirar a pressão, seu Carolino.
- Ah, bom.
Não sei como anda hoje o bom Carolino. Mas tomara que tenha evoluído na compreensão dos nomes do instrumental médico, a ponto de não fazer feio quuando lhe pedirem o... esfigmomanômetro.
Que, meio sobre o pedante, vem a ser também o tensiômetro.

No museu do Nirez tive a oportunidade de conhecer um rolo fonográfico. Tratava-se de uma peça cilíndrica, que tinha um registro musical, do tempo em que não existia o disco de cera. Com o advento deste, o rolo saiu de cena. Entre os vários motivos, por ser menos prático do que o disco. O rolo fonográfico, por exemplo, não permitia a feitura de cópias. Assim, cada um deles era gravado isoladamente, com o cantor e a orquestra se esfalfando por uma tiragem que não era lá grande coisa.
Pois bem, ganhando ou adquirindo (não recordo o detalhe) o tal rolo, Nirez precisou remetê-lo. do Rio de Janeiro para Fortaleza onde fica o seu inigualável museu. E, para tanto, procurou os serviços de uma companhia aérea bastante conhecida.
No balcão da companhia, por ser de praxe, uma funcionária pediu a identificação do objeto. E fez anotações.
Tempos depois, em Fortaleza, ao conferir a raridade que em boa hora conseguira para o acervo do Museu Cearense da Comunicação, Nirez se surpreendeu. Com o nome que constava no aviso de remessa desse objeto: rolo pornográfico.

Um matuto contava as suas proezas para uma turma da cidade. E a turma, achando aquilo pitoresco, de gravador ligado ia registrando tudo.
Finda a prosa, alguém resolveu conferir a gravação. Para espanto do tabaréu que, até então, não sabia que troço era aquele. E, por conseguinte, qual a serventia que o troço apresentava.
(Por causa de que antes não lhe haviam explicado, não é?!)
Ora, pois não é que o objeto era capaz de repetir, tintim por tintim, como fora cada um dos seus "causos"!
- Eita bichim enredeiro!
Foi como o matuto desafrontou a coisa.

Esta é de corredor de hospital. Um médico, numa roda de colegas, assegurava a existência de um aparelho capaz de dispensar a canseira dos estudos. Isso lá nos Estados Unidos. Onde o sujeito, durante as horas que estivesse a dormir, poderia receber do prodigioso aparelho toda a sorte de informação. Do assunto que quisesse e escolhesse, ao se conectar no equipamento. E que esforço mnemônico, por conta desse invento, passava a ser coisa do passado, meu irmão.
Bastava o usuário do aparelho, através de hot dogs colocados nos ouvidos, blá, blá, blá...
É claro que se tratava de um "cochilo" do contador de novidades. essa história de hot dogs nos ouvidos... Mas que ficou gozado, ficou. Principalmente porque deu margem a outro acontecimento, se bem que na base da adesão.
Alguém, assim que a roda se desfez, convidar os demais a ir à cantina. Para comer uns headphones.

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