Estados Unidos, 1954. Rip Altman é um dos homens de ouro da polícia de Chicago. Logo no início da história, ele aparece desmantelando uma rede de prostituição - sem tocar nas camas! Em razão disso, é promovido em periculosidade de trabalho. E recebe a incumbência de vigiar, noite e dia, os passos de Carmine. O mafioso Carmine que, com mãos de ferro e pés de barro, controla toda a famiglia Gambino. Altman nisso é inexcedível. Gruda. Segue Carmine em todos os passos, só o perdendo de vista nos momentos em que o chefão mafioso planta bananeira. Pelas tantas, o homem da lei surpreende Carmine num descampado, encosta-o num canto de parede... É quando o mafioso se confessa arrependido da vida de lenocínio, pistolagem, tráfico de drogas etc. E diz que vai largar tudo para ficar apenas na extorsão. Convencido da regeneração de Carmine, Altman fica seu amigo e até aceita comer com ele uma pizza de cogumelos, decerto alucinógenos. E que tem efeitos inclusive sobre o cérebro do roteirista pois, daí para frente, o filme se mostra pouco compreensível. Fosse projetado ao contrário, talvez as coisas fizessem sentido, se encaixassem...
MORTE NO TONEL
Mercado Comum Europeu, 1985. Drama baseado na vida real de Joachim B., um cidadão português de ascendência materna alemã. Em face da recessão econômica em seu país, Joachim B. emigra, indo fixar residência na Baviera, Alemanha. Após algumas dificuldades, ele arranja emprego numa fábrica de cerveja. De função em função, chega à mais ambicionada delas. A função de primeiro-amassador de lúpulo da fábrica, a qual exige pés escrupulosamente limpos. Em contrapartida, dá-lhe renda suficiente para fazer generosas remessas de dinheiro à esposa que ficou em Portugal. Um mês a remessa não se materializa, e a mulher recebe uma má notícia. Joachim teria morrido afogado num grande tonel de cerveja. Ela viaja às pressas para a Baviera, os diretores da fábrica acodem ao aeroporto da região para recebê-la e... a má notícia é confirmada. Inclusive circunstanciada: Joachim tivera uma morte terrível, porém rápida (apesar de seu vaivém final entre o tonel e o mictório). Em prantos, a viúva toma o primeiro avião de volta para Portugal. Não sem antes apanhar, a modo reparatório, duas malas alheias na esteira do aeroporto.
O EREMITA
Grã-Bretanha, 1978. Apesar do título é o filme que apresenta as cenas com os maiores ajuntamentos humanos da filmografia mundial. São as pessoas que povoam os pesadelos do eremita. E, na pele deste, acha-se Daniel O'Brega, um ator irlandês que dispensa apresentação (pelo menos neste papel). O eremita é um desiludido com o mundo dos homens, mas não com o dos morcegos. Vive numa totalmente escura furna, de onde só sai para comprar gelo redondo. Certa manhã, a sua faxineira o encontra com febre e agonizante. Internado á força no Hospital de Base de Wakefield, eis o diagnóstico que lhe dão: histoplasmose. Uma doença da qual ele fica bom, só por pirraça com os médicos e o padre da extrema-unção. De volta à vidinha boa de antes, dessa vez desiludido com o mundo dos morcegos - transmissores da histoplasmose - o eremita vai morar num poço artesiano que secara. Mas que, no primeiro inverno, reenche de água, afogando-o. É um filme que até hoje não foi exibido no condado de Yorkshire, o local da filmagem. Depredariam o cinema. Por conta do calote que o veterano diretor Paul Hunter, 18, passou nos figurantes por lá recrutados.
NUNCA TE VI
Brasil, 1986. Com Paulo César Aperreio, no melhor papel de sua carreira. Ele é Macondo Ferraz, um bem-sucedido homem de negócios paulista (entre suas atividades, está a de dirigir uma carteira de investimentos com a qual ajuda as pessoas até que elas fiquem falidas). E que, entediado com o trabalho, resolve passar umas férias na Europa e na França, com conexão na Bahia. O mau tempo, porém, obriga o avião em que ele vai a fazer um pouso de emergência no Dedo de Deus, em Teresópolis. E, quando melhoram as condições meteorológicas, uma surpresa desagradável: o avião não pega nem com empurrão. Com o sistema de comunicação avariado, resta a passageiros e tripulantes a espera pelas equipes de busca e salvamento. Elas chegam dias após, e todos são resgatados com vida. Todos, menos Ferraz cuja ausência é diminuída por uma ossada que as equipes descobrem no local. Detalhe crucial: uma trempe, com as cinzas ainda quentes, parecem apontar na direção de um canibalismo por parte dos sobreviventes. Mas, ao fim dos interrogatórios policiais, são todos inocentados. Sob protestos de um detetor de mentiras importado dos Estados Unidos (mentira, importado do Japão). Rodado com o nome provisório de "Nunca te vi, sempre te comi", por sugestão do distribuidor o filme teve o título encurtado. Para não confundir o cinemeiro pornô.
Um comentário:
Cumprimento aos dois irmãos pelo trabalho desenvolvido nos 4 blogs. Parabens. Vocês escrevem muito e muito bem. Eu sabia que cedo ou tarde vocês viriam para a bloogosfera. Venham conhecer meu humilde espaço, por favor (http://conscienciaacademica.blogspot.com/2008/07/podia-ser-um-blogueiro.html).
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