sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

OS GERÚNDIOS ESTÃO FLORINDO

"Piedade para nós que exploramos as fronteiras do irreal."
Apollinaire, por aí...

Mais uma noite de insânia! A dormência no cérebro é Tânta-lo que eu começo a suspeitar daquele xampu: abrasivo demais! E não é só a dormência, minhas pálpebras estão pesadas, pesadeladas... Nossa minha! Serei outra vez importunado pelo monstro do lago Ness ou, pior, pelo que habita o pélago Ness. Espero que não.
Vi em sonho, noite próxima passada, três cavaleiros. O primeiro, Calígula, montado em seu Incitatus, o segundo, Ricardo III, num equídeo que trocara pelo reino, e o terceiro, Napoleão, em seu famoso cavalo branco; traziam um quarto cavalo, selado e arreado, que me ofereceram dizendo:
- Vamos. O apocalipse é logo ali.
Não fui. Amedrontológico. Sou contra a mega-morte e, especialmente, contra a mea-morte. Em luta pessoal, enfrento num cabo-de-guerra as três parcas e, com o fio resgatado, vou tecendo a trama e a urdidura de minha vida. Bravura? Bravatura? Tanto faz, um dia tro
peço e ganho a eternidade. Ou a éter-nulidade, tanto faz.
Por vezes me-inter-rogo: Se Deus é brasileiro tudo é permitido? Inclusive o que não está na pauta, o despautério? Por que falta Solidariedade entre os sindicatos? De tijolo e não tijolo faz-se um bom m_r_? Toda a filosofia do mundo está em Filadélfia e Sófia? Se não, ondes afinais? Coisas assim e assim coisas.
Circunvoluções cerebrais, me deixais tonto. Mais desvãos, mais desvarios - são as ironias da mente. Por isso é que loucura não tem mesmo (o que está em negrito). Ou terá... no dia em que eu for pó, aspiração que transcende a ser empoado. É... aqueles que queimam seus navios morrerão de afogadilho enquanto eu, queimando meus pavios, o farei de trocadilho. Não mais.
Se, ao menos, eu estivesse agora na penumbra de um, digamos, penumbar... Ab-sinto muito, não estou. Não urna not urna em que guardar meus sonhos, meus sonhos mais risículos. E a lua, essa big sister que controla loucos e lobisomens, es-vai-se. Fu, lua fugente, fu. A ti as quatro pedras da mão.
Sorte, já é dia. O sol desponta e, meio sobre o solerte, começa a focinhar varais, canteiros e parapeitos. Subo ao mirad'ouro. Eu já vi este arreball antes, mas fico até o fim desse jogo. O sol, qualquer sol, é inexorável. (Que dirá este um, nascido sem manchas?) E ei-lo, inexorável (como já disse), em seu afã de dourar a pílula de um novo dia.

Lá fora, os gerúndios estão florindo.

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